quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Tiki Taca


Nome: Tiki Taca
Editora: NA
Autor: Climacus e Igor Errazking
Ano de lançamento: 2019
Género: Labirinto
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Kempston
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1

Climacus e Erozzkin são clientes habituais da competição ZX Dev. Na anterior edição, a ZX-Dev Conversions, Climacus participou com o muito meritório RetroForce, enquanto que Errazking, responsável neste brilhante remake de Atic Atac pela vertente gráfica, participou com Doctor Who: Surrender Time, jogo que no nosso entender apresentava algumas lacunas, mas que por outro lado realçava aquilo em que este artista é exímio, os gráficos. E ao juntarem-se os dois conseguimos usufruir do que cada um deles faz de melhor (atente-se também no loading screen e nas semelhanças com o original).

Um outro ponto que gostaríamos de realçar é que em Tiki Taca, e que de resto também aconteceu recentemente com Booty, estamos perante um verdadeiro remake, não indo buscar apenas o nome como acontece com alguns dos candidatos. Quem conhece o original de 1983, que catapultou a Ultimate para a fama, irá ver imediatamente as semelhanças, desde o mapa da mansão, os inimigos, os objectos, até ao pormenor dos três personagens existentes e das passagens secretas inerentes a cada um deles. Mas contém uma pequena diferença (ou será grande?). É que ao contrário dos que se passava no original, cuja perspectiva era vista de cima, em Tiki Taca a perspectiva é isométrica, sendo transposta para este remake de forma absolutamente divinal. Curioso, ou talvez não, que tenha também sido a Ultimate a lançar os jogos isométricos (Knight Lore, em 1984), abrindo uma nova era no Spectrum.


O objectivo em Tiki Taca (curioso o nome, trazendo à memória o célebre esquema táctico celebrado por outra equipa espanhola, o Barcelona), é o mesmo que no original de 1983, pois somos deixados numa mansão, cuja porta principal encontra-se fechada e para a abrirmos necessitamos de encontrar as três partes da chave mestra, mas estas encontram-se espalhadas por um labirinto de quase cento e cinquenta salas.

Aqui reside logo o primeiro problema: algumas das salas encontram-se fechadas à chave por uma porta colorida e para poderem ser abertas necessitam de uma chave específica, da mesma cor da porta. Depois de encontramos a chave e passarmos pela porta, esta permanecerá aberta, o que é muito importante, dado que apenas podemos carregar três objectos de cada vez, e nesta inventariação estão incluídas não só as chaves coloridas e as diversas partes que compõem a chave mestra da mansão, mas também os diversos itens que permitem a alguns dos monstros permanecerem ao largo.

Pois... não apenas temos que lidar com os mil e um pequenos monstros que teimam em aparecer constantemente a sugar-nos toda a gordura (diga-se energia) até ao tutano, ficando o nosso personagem um frango depenado, mas também existem os monstros maiores (imunes aos nossos feitiços), tal e qual o original de 1983, e que necessitam de objectos específicos para serem afastados, permitindo depois recolher-se outros objectos ou aceder-se a novas salas. Falamos de uma múmia que é sensível à lâmina, o Frankenstein que não gosta lá muito de chaves inglesas, o Corcunda (de Notre Dame, presume-se) que é ganancioso por dinheiro e alguns outros itens, a mamã que procura o biberão e o Drácula que foge como o Diabo da cruz. Por falar em Diabo, quanto a esse somos nós que temos que fugir a sete pés, não vale a pena procurar algo para o afugentar.


Como se percebe desde logo, é fundamental alguma estratégia para se conseguir chegar a bom porto. Quem se limitar a andar a correr as salas sem um objectivo pré-definido, à espera que a sorte o favoreça, rapidamente irá perder-se na labiríntica mansão, até porque apenas temos três vidas e vamos perdendo energia, não só sempre que um inimigo nos toca, mas também à medida que o tempo vai passando. Depois, essa, além de labiríntica é enorme, e algumas portas e alçapões permitem entrar nos diversos níveis, cada qual com cenários específicos (sótão, primeiro andar, piso térreo, cave e as malfadadas catacumbas). Fazer um mapa é meio caminho andado para o sucesso (ou isso, ou uma memória prodigiosa), até porque apesar da posição de alguns objectos irem variando de cada vez que se começa um jogo, a estratégia é basicamente a mesma, sendo obrigatório percorrer-se algumas salas e abrir algumas portas específicas para se obter as três partes da chave mestra.

Como remake Tiki Taca está perfeito, mas aquilo que mais nos impressionou neste jogo é a fluidez da acção. Quem está habituado a jogos isométricos, lembra-se bem da lentidão exasperante sempre que vários personagens entravam no cenário. Isso mesmo acontecia com alguns jogos da Ultimate, antes desta aprimorar o motor Filmation (que permitia criar os seus jogos isométricos). Aqui nada disto acontece, é um regalo para a vista ver cinco ou mais monstros na sala e o nosso personagem continuar a movimentar-se à mesma velocidade (ou quase). De facto, Climacus, que já tinha feito um trabalho técnico espantoso com RetroForce, voltou a mostrar que é um dos mais talentosos programadores da sua geração e que nuestros hermanos continuam no topo.


Graficamente também está muito próximo da perfeição. Os fundos são naturalmente pretos e é maioritariamente monocromático, mas isso é fundamental para se conseguir ter a tal fluidez de acção (além de evitar o colour clash). O som está também muito próximo do original, contribuindo também para que Tiki Taca nos cative imediatamente. Aliás, não sendo o jogo extraordinariamente difícil (e ainda bem), depois de se terminar a primeira vez, continua a haver outros objectivos a atingir, como completar a missão com os restantes personagens à nossa disposição, percorrer 100% das salas, ou mesmo finalizar o jogo no mais curto espaço de tempo (no original havia quem conseguisse em pouco mais de dois minutos).

Assim, ou muito nos enganamos ou estamos perante um sério concorrente a vencer a competição ZX-DEV-MIA-Remakes, e mesmo que isso não aconteça, podem ter a certeza que está aqui seguramente um dos melhores jogos de 2019 (e ainda estamos apenas em Fevereiro). 

Nota adicional: os nossos leitores poderão estar a estranhar tantos Mega Jogos que ultimamente por aqui aparecem. É sempre uma análise subjectiva, e por isso falível, mas a realidade é que em 2019 apareceram muitos jogos que estão ao nível do que de melhor se fez na primeira época dourada do Spectrum (alguém tem dúvidas que estamos perante nova época dourada?).

2 comentários:

  1. Grazie per l'analisi. Dì solo una cosa: nel mio gioco la mamma ha paura della bottiglia del latte. Nell'originale lavorano più oggetti.
    Grazie ancora e sono contento che il gioco ti sia piaciuto.
    E mi dispiace per il traduttore di Google.
    Climacus

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muchas gracias Climacus. Ya lo rectificé. Por cierto, no hay ningún problema en escreveres en español (o italiano), lo percibimos todo :)

      Eliminar