terça-feira, 9 de junho de 2020

Arisa: 8-bit Android


Nome: Arisa: 8-bit Android
Editora: Neco8bits
Autor: Manoel Carvalho
Ano de lançamento: 2020
Género: Aventura de texto
Teclas: NA
Joystick: NA
memória: 48 K
Número de jogadores: 1

Lembro-me tão bem como se fosse hoje: nos anos 80, um dos meus sonhos era "falar" com o computador. Na altura apenas tinha o equivalente a um Spectrum (o TC 2048), pelo que estava fortemente limitado. Quando em 1986 uma nova editora ligada à CRL anunciou um estranho jogo (se é que isso se lhe podia chamar), iD, ainda mais com um nome de peso na programação e história (Mel Croucher), pensei que o meu sonho ia finalmente realizar-se. Claro que estava enganado, embora iD fosse um exercício muito interessante (longas horas passei até desvendar todos os segredos do programa), estava muito longe de poder oferecer uma conversa "normal" com o computador. E o mesmo se passa com Arisa, programa que até tem algumas semelhanças com iD.

Optámos por deixar este primeiro alerta para que quem for experimentar pela primeira vez Arisa, não crie expectativas demasiado elevadas e que pense que o programa possa fazer mais do que o esperado para um computador com as limitação em termos de memória e processamento do 48K. Assim, estando devidamente avisados, poderão usufruir ao máximo desta brincadeira criada por Manoel Carvalho.

Arisa também não é um jogo, no sentido estrito do termo. Não se vai receber nenhuma mensagem a dizer que completámos com sucesso a missão, ou algo do género. É antes uma experiência, que mais recompensadora será, quanto mais nos embrenharmos nos diálogos que vamos mantendo com a "terapeuta". Já agora, e para quem não sabe, a moça que aparece retratada no ecrã de carregamento é a actriz russa Paulina Andreeva.


Arisa foi então concebido tendo como base o primeiro programa de comunicação natural da história, originalmente criado por Joseph Weizenbaum em 1966 com o nome de Eliza, sendo o seu objectivo o de promover um diálogo entre o utilizador e uma terapeuta virtual. Esta terapeuta comporta-se como tal, ou seja, vai usando e (abusando) das perguntas como forma de manter um diálogo mais ou menos fluído. Dai que ao contrário de iD, que até explosões de raiva tinha, Arisa tem sempre um comportamento mais formal, menos emotivo.

Para já, o que nos parece é que o programa sofre de algumas limitações, pelo que os diálogos nesta fase acabam por ser curtos. Mas o programador está ciente desta limitação, e aos poucos está a criar outras personalidades e a promover um incremento dos algoritmos e que vai dar origem a futuras versões mais extensas (também estão previstas versões noutras linguagens para breve). Para colmatar um pouco esta lacuna, foram incluídos uma série de "easter eggs", que despoletam reacções curiosas por parte de Arisa. Alguns são fáceis de descobrir, bastando para isso conhecer-se um pouco da personalidade do seu criador (Manoel Carvalho), já outros, apenas lá chegámos porque nos foram dadas algumas pistas.

Assim, depois de se esgotar todos os diálogos possíveis com Arisa, e enquanto não chega uma versão melhorada, poderemos dedicar-nos a identificar estes extras. Um deles até nos dá alguns conselhos para a vida, como o que aparece no ecrã abaixo.

Por fim, à semelhança do que fazemos com programas do género, que são muito mais experiências do que propriamente um jogo, também neste caso não o iremos avaliar como tal. Não faria qualquer sentido, mas em jeito de resumo poderemos dizer que embora sendo um programa limitado, para já, está construída a base para novas versões com mais variáveis, e que sem dúvida irão fazer aumentar o seu interesse.

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