quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Coloco


Nome: Coloco
Editora: Tuxedo Games
Autor: Manu Segura
Ano de lançamento: 2020
Género: Acção
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
memória: 48 K
Número de jogadores: 1

Concurso MK1 con Retromaniac promete muito e bons jogos no próximo mês. Para já a fasquia está altíssima, com Federation Z a abrir as hostilidades com uma aventura espacial de grande nível, e agora com Manu Segura a trazer um jogo de cariz completamente diferente, mas também com uma apresentação fantástica. Não terá a mesma profundidade do primeiro, mas por outro lado todos aqueles que estão mais virados para os jogos de arcada, não irão ficar indiferentes a este lançamento. Por vezes fez-nos lembrar o velhinho Thrust (Firebird, 1986), mas com gráficos infinitamente superiores. E se em relação ao original da Firebird nunca lhe achámos grande piada, apenas um exercício frustrante, o mesmo não se passa com Coloco, que tem uma curva de aprendizagem muito interessante e que assim que apanhamos o jeito à condução da nave, começamos a voar graciosamente.

Também é sabido que uma boa apresentação é meio caminho andado para o jogo cativar as pessoas. E Manu não fez por menos, além de um belíssimo poster que acompanha este lançamento, também elaborou uma história a condizer. Além disso, o personagem principal é uma heroína, o que num mundo tão sexista como hoje em dia temos, é no mínimo refrescante. O seu trabalho é regatar astronautas domingueiros, que com os seus foguetes em segunda mão, congestionam a galáxia, perdendo-se depois em planetas hostis. O trabalho não é propriamente fácil, mas é bem remunerado, e de certa forma divertido, ou "It's Crap! (in a funky skillo sort of a way)", como diria a Your Sinclair.


Bem, mas já aceitámos o trabalho e agora não podemos voltar atrás, pelo que temos que deitar mãos à obra e resgatar os descuidados astronautas. Em cada um dos 30 níveis que compõem este jogo (a única lacuna, poderiam ser muito mais que não nos importaríamos), temos que dirigir a nossa nave até ao ponto onde vamos resgatar o incauto piloto, facilmente identificável, pois o seu foguetão encontra-se ao seu lado. Depois de o alcançarmos, termos que regressar em segurança à nossa nave, para avançarmos então para o nível seguinte, normalmente com um nível acrescido de dificuldade.

Quais são então as dificuldades com que nos vamos deparar? A primeira e mais urgente é o controlo da nave. O efeito da inércia é fortíssimo, apenas temos a possibilidade de a manobrar para a esquerda ou direita e um motor vertical, que, quando pressionado, lentamente permite dirigir a nave. Não existindo propulsores horizontais, não é nada fácil levar a nave para os pontos que queremos, e com a rara excepção de pequenas plataformas onde podemos poisar em segurança, tudo o resto que se encontra no cenário é hostil. Assim, o primeiro passo é adaptarmo-nos ao modo de condução da nave, tendo em conta a física muito realista envolvida. 

Depois de percebermos como as coisas funcionam, podemos então começar a explorar os cenários. Os primeiros níveis são muito simples, apenas um ou dois ecrãs nos quais temos que chegar até ao astronauta perdido, sem grandes perigos, a não ser as paredes das cavernas. Por vezes temos a possibilidade de apanhar vidas extra ou galões de combustível. Sim, a nave tem uma capacidade limitada de combustível, mas generosa, sendo que normalmente, se não nos metermos em grandes desvarios, o combustível inicial é suficiente para se proceder ao resgate em segurança.


A partir de certa altura começam a aparecer os inimigos e aqui a coisa complica bastante. Estes movem-se em padrões regulares (felizmente), pelo que temos que temporizar a nave por forma a conseguir ultrapassar os obstáculos. Além disso, por vezes o caminho encontra-se bloqueado com um cadeado e temos que encontrar uma chave que permite então chegar ao local do resgate. Nestes casos, o tal galão extra de combustível pode ser bastante útil, até porque nem sempre se consegue identificar imediatamente a saída a tomar em primeiro lugar, podendo levar a consumos (e perigos) desnecessários. Há que estar com atenção ao medidor de combustível, mas de preferência poisado em local seguro, doutra forma o mais certo é esborracharmo-nos contra uma parede ou um inimigo. Apenas uma nota à parte: encontrámos pelo menos um nível no qual chegávamos ao local de resgate sem ter que obrigatoriamente passar pela parte bloqueada, ou seja, sem necessidade de apanhar a chave. Se propositado ou não, desconhecemos.

São-nos concedidas 15 vidas iniciais, e mais podemos apanhar pelo caminho. Aparentemente poderíamos pensar que seria o suficiente para completarmos a missão de olhos vendados. Nada mais errado. Não é de estranhar perdermos meia dúzia de vidas apenas num nível, apenas porque quando passamos de ecrã (não funciona com scroll), não nos conseguimos orientar de imediato, e se a nave for a uma velocidade maior do que o aconselhável, muito dificilmente evitamos os obstáculos. Além disso não é fácil, quando entramos num novo ecrã, identificar imediatamente o caminho a fazer, ainda mais quando temos uma nave que nunca pára, seja pela força da gravidade, seja pela inércia envolvida. Assim, poisar em todas as plataformas de segurança, não só é aconselhável, como é obrigatório para se conseguir depois planear o caminho mais seguro a fazer (felizmente não existe tempo para se completar os níveis).


Como se pode ver pelos ecrãs que aqui deixamos, os gráficos e os cenários são esplendorosos, fazendo-nos de alguma forma lembrar Space Monsters Meet the Hardy. Cativam-nos de imediato e são talvez a maior fonte de motivação para se ir ultrapassando os níveis. Além disso, e apesar destes serem apenas 30, estão repartidos em três mundos distintos, aumentando ainda mais a atractividade deste jogo. Por outro lado, o som é o habitual no motor MK1 (que não é do nosso agrado, como por várias vezes já referimos), no entanto, a inclusão de uma interessante melodia inicial, é mais um detalhe que revela bem o cuidado do programador.

Assim, Coloco é uma bela surpresa, um desafio que não sendo para todos os gostos, aqueles que apreciam um bom jogo de arcada e consigam ultrapassar a dificuldade inicial da condução da nave, rapidamente se vão deixar envolver. A única lacuna é mesmo a sua longevidade. Suspeitamos que os 30 níveis vão ser corridos rapidamente, e apetecia ter pelo menos o dobro. É a única razão, e por uma unha negra, que não lhe damos o estatuto de Mega Jogo. Fica para uma futura sequela, pois este é daqueles que efectivamente merece continuação.

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