sábado, 26 de setembro de 2020

Welcome to Hollywood

Nome: Welcome to Hollywood
Editora: NA
Autor: Luís Rolo, Bruno Taborda
Ano de lançamento: Nunca (1988)
Género: Estratégia
Teclas: NA
Joystick: NA
memória: 48 K / 128 K
Número de jogadores: 1

Hoje temos mais uma "bomba": um jogo feito por portugueses (Luís Rolo e Bruno Taborda), que apesar de ter sido terminado e ter uma qualidade muito acima da média, nunca chegou a ser lançado. Algumas editoras ainda foram contactadas (CRL e Code Masters, por exemplo), mas no final o jogo acabou por ficar na prateleira por razões relacionadas com o sistema multiload. Agora, após mais de 30 anos, conseguimos chegar a uma cópia e disponibilizar o jogo pela comunidade, que tem oportunidade de ver aquilo que perdeu na altura.

Já agora, referimos também o processo de recuperação da cassete. Há cerca de dois meses, o Luís Rolo contactou-nos por causa de umas cassetes que tinha em seu poder, e que entretanto foram doadas ao Museu LOAD ZX Spectrum. Entre elas estava um jogo que tinha criado nos anos 80 com o seu colega Bruno Taborda, que se responsabilizou pelos gráficos. Prontificámo-nos a tentar recuperar o jogo e fomos ter com o Luís. Felizmente que as cassetes ainda estavam em boas condições, pelo que facilmente conseguimos passar para formato digital. Mas nas cassetes vinha outra preciosidade: um versão prévia de Keops, de Alexandre Rodrigues, um dos jogos que andávamos à procura há bastante tempo. Também o iremos disponibilizar mais tarde ou mais cedo, nesse momento estamos em processo de recuperação da versão final do jogo.


Mas quanto a Welcome to Hollywood, depois de carregado o jogo (e pode ser em modo 48K ou 128K), somos convidados a aceitar o cargo de produtor de filmes da Sétima Arte. Após colocarmos o nosso nome, escolhemos o tipo de filme que queremos dirigir, entre oito categorias diferentes, desde o Drama, até ao Musical.

A partir dai são-nos dadas diversas opções, num enredo muito semelhante a jogos como The Biz ou Rock Star Ate My Hamster. As várias opções têm custos diferentes, sendo o segredo para o sucesso conseguir obter-se um equilíbrio entre os conteúdos de cada filme e o dinheiro gasto, pois a bolsa não é ilimitada. Assim, podemos escolher um argumento tipo pé-rapado, escrito por um perfeito desconhecido, ou adaptar um best-seller. Claro que este último vai gerar melhores resultados, mas os custos são também muito superiores.

Segue-se a escolha dos intervenientes, entre actrizes e actores principais e secundários, com um custo proporcional à sua fama. Olhando para os nomes, rapidamente se verifica que são quase todos famosos da época em que o jogo foi criado. Não faltam sequer canastrões como o Arnold Schwarzenegger ou o Bruce Willis (felizmente que fomos poupados ao do "You're a disease, I'm the cure").

Também não podiam faltar as escolhas dos cenários e guarda-roupa das estrelas, efeitos especiais, figurantes, duplos e banda sonora, no fundo todos os condimentos que fazem com que um filme seja, ou não, um sucesso de bilheteira.


Após as escolhas feitas, é apresentado um resumo das nossas opções, bem como o respectivo custo. Existe a possibilidade de se rever as escolhas, mas estando tudo ok, avança-se para uma nova fase.

Esta nova fase está relacionada com a rodagem do filme. Assim, semanalmente e durante oito semanas, o tempo que demora a produzir a nossa obra prima, é apresentado o desempenho dos actores. Normalmente começam por ser maus, mas existe sempre a possibilidade de se avançar com um segundo "take", geralmente melhorando um pouco a prestação (nem sempre, cuidado). Será esta prestação que no fim vai definir o resultado final e se seremos candidatos a um óscar ou se, por outro lado, estamos condenados a terminar a carreira prematuramente.

Após a rodagem do filme, entra a fase da edição e pós-produção, novamente com escolhas para serem feitas e que vão influenciar o resultado final. Não falta também a publicidade e promoção, elementos sempre fundamentais para se obterem receitas de bilheteira que evitem que fiquemos na bancarrota.


Para culminar, é mostrada uma pequena review do nosso filme retirado das páginas do jornal diário. Quanto mais qualidade este tiver, melhor as reviews, obviamente, no entanto é necessário não descurar os gastos. Se optarmos por tudo do bom e do melhor, por muito que o filme seja uma obra prima de Sétima Arte, não haverá dinheiro para se repetir a brincadeira.

Mas o jogo não termina com a estreia. O mais aguardado na Sétima Arte é sempre a cerimónia da entrega dos Óscares e claro que não podia aqui faltar. Essa começa com a nomeação dos candidatos a cada uma das categorias, entre os quais a actriz e actor principais e secundários, melhor filme e melhor realizador, sendo depois apresentado, com toda a pompa e circunstância, isto é, com uma melodia especial, o vencedor.

Para finalizar, ficamos a saber se o nosso filme gerou receitas suficientes para cobrir os custos, permitindo nova temporada, ou se tivemos mais olhos que barriga e depois não correspondemos às expectativas do público, levando à falência a empresa e acabando prematuramente a nossa carreira de realizador de cinema.


Um dos aspectos mais fortes do jogo é a qualidade gráfica. Os ecrãs são brilhantes e em grande número. Uma boa parte da memória terá sido gasta seguramente nesta vertente, limitando um pouco as opções e as escolhas que podemos fazer. É um pouco como o referido Rock Star Ate My Hamster, jogo amado por muitos, odiado por uns poucos (as reviews da época não foram particularmente benevolentes), mas o facto é que continua a ser um clássico e que ninguém se esquece das caricaturas feitas, nem dos nomes dos personagens, bem como de um sentido de humor bastante refinado.

Este jogo tem também uma enorme vantagem: o tempo gasto até se encerrar a temporada. Normalmente os jogos de estratégia afastam muita gente, em primeiro lugar pela complexidade inerente, mas também pelo tempo que geralmente é necessário para apreender os seus conceitos e mecânica e chegar-se ao fim. Nada disso acontece aqui, rapidamente se entra no enredo do filme e em pouco mais de 15 minutos encerra-se uma temporada.

Welcome to Hollywood é assim uma enorme surpresa, um dos mais bem guardados segredos da cena do Spectrum em Portugal, ao nível de um Talismã ou de um Elifoot. Parece incrível como um jogo com esta qualidade passou despercebido em todo o lado. Não encontrámos uma única referência em jornais da época, pelo que mais importância tem esta descoberta. Mas além disso, o jogo é bom, muito acima do que se fazia na altura no nosso país, envolvendo-nos de tal modo que dificilmente paramos.

Pode-se assim dizer que este é um filme a não perder, bastando para isso vir aqui descarregá-lo.  Quem sabe não venha a ter uma edição física futura com alguns extras...

4 comentários:

  1. Cuando termina de cargar, pide rebobinar al comienzo de la cara B. ¿Es un error o estoy haciendo algo mal?. Y muchisimas gracias por la labor que hacéis para el querido Spectrum. Saludos

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    1. Hoje estou fora, amanhã já vejo :)

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    2. No te preocupes, creo que he encontrado la solución. En el emulador que utilizo tengo siempre activada la opción de carga en tiempo real. Sólo tengo que activar la carga instantánea y entonces sí funciona. Un gran juego y gracias :)

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