terça-feira, 24 de novembro de 2020

Nevermore


Nome: Nevermore
Editora: NA
Autor: Eduardo José Villalobos Galindo
Ano de lançamento: 2020
Género: Aventura
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Não
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1

Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.
“’Tis some visitor,” I muttered, “tapping at my chamber door
Only this and nothing more.”

Era inevitável, tínhamos que começar com um pequeno trecho de "The Raven" a nossa review a Nevermore, o jogo de Eduardo Galindo baseado na vida e obra de Edgar Allan Poe, um dos mais importantes romancistas e poetas americanos de sempre. Foi um escritor brilhante, sempre com uma áurea de mistério à sua volta, tanto que até os últimos quatro dias da sua vida e consequente morte continuam ainda por esclarecer, num enigma semelhante ao desaparecimento por alguns dias de Agatha Christie. Já agora, e num pequeno aparte, não poderemos também deixar de recomendar para quem goste do tema, a obra "Os Olhos de Allan Poe".

Fazer um jogo que estivesse à altura e prestigiasse Allan Poe não era fácil. Por um lado, o desafio mais óbvio, até porque foi desenvolvido com o Arcade Game Designer, seria o típico jogo de plataformas, com muitos corvos e gralhas à mistura. Não foi essa a abordagem seguida pelo programador e ainda bem, pois deu-nos assim oportunidade de experimentar uma aventura diferente, demonstrando a versatilidade do motor com que foi criado. É também de louvar ver os programadores saírem do figurino habitual dos jogos criados com os motores AGD ou MK1 e entrarem em novos campos. Nem que seja pela originalidade, ficamos sempre a ganhar.

Este foi apenas o segundo jogo deste autor, depois de Puta Mili / Fucking Mili, e isso nota-se em alguns pormenores um pouco menos polidos (ou bugs, se lhe quisermos chamar), como no menu inicial, onde por vezes o texto com a escolha de teclas fica misturado, a dificuldade em passar em algumas portas e obstáculos, um ponto junto à adega onde o nosso personagem fica bloqueado junto aos barris (ecrã em cima), o homem morto que reaparece por diversas vezes mesmo após resolvermos o seu enigma, ou até a mensagem final após se terminar a aventura (versão inglesa, a que nós jogámos até ao fim), na qual o "The End" fica fora do local correcto. Mas isto são pequenos pormenores que em nada beliscam o enorme mérito do seu autor, que desenvolveu um jogo bastante estimulante.

A história de Nevermore começa quatro dias antes da morte de Allan Poe, conforme descobrirão por vós, se virem a campa no cemitério. O nosso personagem foi encontrado em Baltimore a 3 de Outubro de 1849, em estado delirante (para quem não sabe, Poe abusava da bebida), com roupa que não era a sua, e sem conseguir dizer o que se tinha passado. Quatro dias depois, morria no hospital sem nunca ter saído do torpor onde se encontrava. 

Entretanto assumimos a sua pele e encontramo-nos encerrados numa mansão, recheada de enigmas para serem resolvidos, se queremos escapar dela. O primeiro passo é explorar a casa. Os elementos decorativos escondem alguns objectos ou acções que resolvem parte desses enigmas. Por vezes tem que se procurar exaustivamente, carregando na tecla "M" no ponto exacto, só assim se consegue revelar algum segredo. Mas o próprio Allan Poe juvenil vai aparecendo, dando algumas dicas úteis (não se esqueçam que estamos em estado de delirium tremens). A própria descrição das salas revela parte dos segredos (por exemplo, a já referida adega). 

Depois de mapearmos a mansão (ou as salas possíveis inicialmente, pois algumas apenas serão descobertas mais tarde), está na altura de começar a solucionar os enigmas, um por um e de modo sequencial. Apenas se pode usar um objecto de cada vez, incluindo o "coração delator", que revela alguns dos segredos das charadas, pelo que tudo se resume a ir experimentando os objectos nos locais que parecem mais óbvios. Embora seja necessário algum pensamento lateral, os quebra-cabeças são relativamente simples e intuitivos, e pelo facto de não se morrer (Poe já estava moribundo nessa altura, de qualquer forma), com alguma persistência consegue-se chegar ao fim. Teria sido interessante o programador ter incorporado um temporizador que terminasse o jogo ao final do quarto dia, por exemplo, aumentando o nível de dificuldade da aventura, mas como está, permite que os iniciados neste tipo de aventuras possam chegar ao fim sem "batotas".

O movimento do nosso personagem é um pouco lento, pelo que aumentámos a velocidade de processamento para o dobro. Sem dúvida que tornou o jogo ainda mais interessante, pois ficou menos penoso o constante movimento entre pisos e salas. Aconselhamos fortemente esta opção, pois não terá qualquer implicação no desenrolar da acção (não existe temporizador ou armadilhas mortais, quanto muito uma que nos leva de volta ao ecrã inicial).

Quanto aos cenários, é outro dos pontos fortes do jogo. Não que os sprites sejam excepcionais, mas no conjunto, dão o ambiente perfeito para um aventura em tons fantasmagóricos. Apenas faltou uma melodia que assombrasse durante o jogo, já que no menu inicial, podemos encantar-nos com uma versão de Danse Macabre.

Assim, Eduardo Galindo fez um trabalho muito meritório que, não estando isento de pequenos erros, consegue cativar-nos com uma história e um desenrolar da acção motivante. É a aventura perfeita para quem não está habituado a este tipo de jogos...

4 comentários:

  1. No es su primer juego André, es el segundo, Edu es el mismo autor que el juego Puta Mili ( fuck Mili ), un abrazo a todos !!!.

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  2. Gracias la reseña!! Ya corregí los bugs, espero que no haya más, están disponibles en la version 5.

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