Páginas

Páginas aconselhadas

domingo, 3 de março de 2019

ZX Larry


Nome: ZX Larry
Editora: NA
Autor: Rafal Miazga
Ano de lançamento: 2019
Género: Aventura gráfica
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Kempsto, Sinclair, Kempston Mouse
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1

Rafal Miazga não é novo nestas andanças, mas desta vez trouxe um jogo completamente inesperado e com uma série de novidades. Pegou assim em Leisure Suit Harry, a célebre aventura da Sierra de 1987 que os adolescentes teriam que jogar às escondidas dos seus pais. Isto porque o principal objectivo de Larry Laffer, o nosso personagem, é ter sexo com o maior número possível de mulheres. Mas até o conseguir, envolve-se numa série de trapalhadas, com muito calão e piadas que fariam qualquer feminista corar de vergonha.

Assim, a primeira das novidades é que estamos aqui perante uma aventura para maiores de 18 anos, caso raro no Spectrum hoje em dia. Mas também porque estamos perante uma aventura gráfica point-n-click, que permite até o uso de um Kempston Mouse (têm sido relatados alguns problemas com esta funcionalidade, que ainda carece de afinação). Quem usava o Artist ou o Art Studio regularmente lembra-se bem deste acessório, pois facilitava em muito a tarefa. Neste caso, quem usar as teclas ou um joystick vulgar irá deparar-se com um problema, e que para nós é a única falha deste jogo, mas que influi bastante no prazer que dele retiramos. O problema é que o cursor é muito sensível, deslocando-se a uma velocidade demasiado rápida e dificultando a selecção das opções. Existe um truque, carregando no "Caps Shift" enquanto movemos o cursor, a velocidade de movimento deste diminui (demasiado, até), mas é uma opção muito pouco confortável, sobretudo se estivermos a usar o Kempston ou o Sinclair (experimentem e verão).

Já agora deixamos outro truque. Se tivermos uma opção seleccionada e querermos escolher outra, carregando mais uma vez no "Caps Shift" e no "Space", anulamos esta escolha. Informação muito útil, como irão perceber quando por aqui se aventurarem.


Começámos propositadamente pelos defeitos do jogo, pois estes poderão fazer com que algumas pessoas não insistam, perdendo a oportunidade de usufruir de uma aventura carregada de um humor cáustico (e machista). A partir daqui, e depois de nos habituarmos ao modo de controlo, apenas tivemos boas sensações (quase tão boas como as que Larry vai tendo ao longo da aventura).

ZX Larry em termos de história é também muito fiel ao original. Claro que não se consegue encaixar tudo em 48K de memória, mas o principal está lá, incluindo os cenários (com um ou outro corte natural), diálogos, e as várias personagens. Também não existe a possibilidade de se inserir texto, aqui tudo se desenvolve através das seis acções que se encontram no lado esquerdo, "Go", "Look", "Take", "Give", "Talk", "Use". Estas opções interagem com os vários objectos que vamos recolhendo ao longo da aventura, mas também com os próprios elementos dos cenários. Se escolhermos uma das opções e passarmos o cursor sobre o ecrã, sempre que exista uma possibilidade de interacção disponível, essa ficará visível. Sem dúvida que facilita a tarefa (mas não em demasia).


A ordem, portanto, é explorar tudo intensamente (sem segundas intenções, claro). E experimentar todos os objectos, mesmo que fiquemos envergonhados por usar um preservativo todo xpto numa senhora de boas virtudes. Todos acabam por servir pelo menos uma vez, alguns duas vezes até (felizmente não é o caso do preservativo).

Não nos podemos também esquecer que para andar entre os diversos cenários é necessário usar o táxi. E esse faz-se pagar, pelo que se não tivermos dinheiro connosco, arriscamo-nos a levar um ensaio de porrada. Talvez fosse melhor usar a Uber, mas em 1987 não havia dessas modernices, pelo que melhor será ir de vez em quando ao casino jogar nas slots para se arranjar fundos extra. Também não existiam telemóveis, já agora, pelo que as cabines telefónicas de rua são úteis, mesmo que isso implique quebrar o clima (e talvez mais alguma coisa, mas que pelos vistos não é problema para Larry).


Mas apesar de ser um jogo para adultos, não esperem aqui encontrar nudes. A classificação para maiores de 18 anos está directamente relacionada com a linguagem utilizada e com as acções que vamos preconizando ao longo da aventura. E são estas que dão muito da piada e "sal" a este jogo, levando todos a tentarem terminá-lo, fazendo com que Larry consiga finalmente encontrar o romance e amor que falta na sua vida. Já o fizemos, conseguindo mesmo a pontuação máxima de 255 pontos, o que nos deu tanto prazer com a Larry.

Embora carecendo da afinação do sistema de controlo, sinceramente gostámos de ZX Larry. Ainda por cima Rafal parece ter criado um motor que poderá levar a que apareçam mais aventuras do género. A própria comunidade já o está a solicitar. Mas enquanto não surgem novas aventuras de Larry, o que aqui temos dará para umas boas horas de diversão.

Sem comentários:

Enviar um comentário