Faz este mês 30 anos, que foi lançado no mercado, o jogo Rick Dangerous. Como forma de homenagear essa data partilho a minha experiência com o mesmo, no passado, e o impacto que teve na minha vida como jogador.
Se há um jogo que merece destaque, até à presente data, como sendo o da minha vida, esse título cabe sem dúvida ao Rick Dangerous, para o ZX Spectrum.
Não que seja o melhor, o mais viciante e perfeito jogo que já joguei, porque esse título é sempre subjectivo, mas foi sem dúvida o que mais prazer me deu jogar e mais recordações me traz à memória. Sendo também o primeiro que desejei terminar e não descansei enquanto não atingi essa meta. O que não deixou de ser estranho, já que foi preciso um jogo de 1989 para despertar essa sensação, quando o primeiro que joguei remonta a 1979/80. Até hoje não consigo explicar este facto.
Para quem não sabe, Rick Dangerous foi concebido, no final dos anos 80, pela Core Design, pelas mãos da mesma equipa que foi responsável pela criação de Tomb Raider, uns anos mais tarde.
Rick Dangerous saiu em praticamente para todos os computadores populares da altura, de 8 e 16 bits, mas com a particularidade de ter sido aplicado uma redução no tamanho dos níveis de jogo, nas versões de 8 Bits. O que pode ser compreensível nos computadores com 48/64K de memória, mas o jogo poderia ter sido convertido na sua plenitude nos modelos com 128K de Ram, obviamente com as limitações gráficas e sonoras inerentes a cada sistema.
O jogo é composto por 4 níveis, tendo sido claramente influenciado pelo filme: Os Salteadores da Arca Perdida. Basta jogar os primeiros segundos de Rick Dangerous, para perceberem o que quero dizer. Não adianta dizer muito do jogo, uma vez que não há nada que possa escrever, que não possa ser encontrado neste fabuloso site.
Posteriormente, à data do lançamento oficial, saiu uma versão não oficial e comercial do jogo, em 1992, para o MSX, desenvolvido pela Paragon Productions. Se bem que este Rick Dangerous foi uma adaptação livre do original, com diferenças bastante significativas, mas que mantém a sensação de jogo do original. Clique aqui para saber mais.
Não vale a pena detalhar mais sobre o jogo, uma vez que já saiu a crítica no Planeta Sinclair, mas como curiosidade, deixo aqui algumas memórias que tenho em jogá-lo:
Nunca fui fã do uso de joysticks no Spectrum, sempre preferi o uso do teclado, mas por vezes descobrir a combinação correcta das teclas de jogo era uma tortura. Não havia jogos originais à venda, em Portugal, e as cópias adquiridas eram, maioritariamente, sem instruções básicas. A combinação de teclas neste jogo é: Z para esquerda, X para a direita, K para baixo, O para cima e o Enter é o disparo (tentem jogar hoje em dia este jogo emulado num PC, com esta combinação de teclas, é de fazer uma tendinite). O problema é que o disparo só funciona em combinação com o uso de uma das teclas do movimento. Assim Enter+Cima dispara a arma; Enter+Baixo usa a dinamite; Enter+Esquerda ou Direita usa o bastão. Descobrir isto na altura não era muito intuitivo para mais com o Enter como fogo, não recordo de mais nenhum jogo, anterior a este, com esta combinação de teclas. O que aconteceu foi que durante uns dias pensei que o jogo só usava teclas de movimento e avancei até ao máximo que era possível sem recorrer ao uso de violência.
Ficar encalhado 9 meses num ecrã de jogo no terceiro nível, e um dia passá-lo, em 10 segundos, sem qualquer solução, simplesmente porque não me tinha passado pela cabeça tentar usar o bastão, para desactivar uma maldita armadilha, até aquele dia.
Após ter passado esse ecrã a televisão do meu quarto avariou na manhã seguinte, e à tarde não pude jogá-lo na televisão da sala, porque a minha mãe queria ver pela centésima vez o filme a Música no Coração, que ia dar na RTP 1.
A frustração que senti ao descobrir que no Commodore Amiga, os níveis do jogo eram bem maiores que no Spectrum, após ter apostado com um amigo meu que conseguia terminar o jogo, face à acusação dele que o jogo era difícil e que não conseguiria passar o primeiro nível. O resultado foi que também não passei desse nível, à primeira.
As tardes bem passadas a jogá-lo com o meu amigo Nuno, e os gritos e pulos que demos quando completámos, o jogo, pela primeira vez.
Estes foram alguns factores que levaram a cimentar Rick Dangerous como sendo o jogo da minha vida, e custa tanto pensar que já passaram 30 anos quando ainda recordo, estas sensações, como sendo ontem. Um grande obrigado aos seus criadores, por parte da nossa equipa, por terem criado esta pérola.
Parabéns, Mário. Partilho muito do que escreves excepto no que toca a descobrir os controlos, que descobri logo. Também terminei o jogo quer no Spectrum quer no PC_DOS (este tem algumas diferenças em alguns níveis, o que o torna particularmente exasperante). Foi uma febre na altura e ainda hoje quem o jogou se lembra desse lendário título. Combinação de bom ambiente (a beber de Indiana Jones) e boa mecânica, so pecava pelo diabolismo da mente dos criadores em algumas das armadilhas. Boa leitura e boas memórias. Um abraço.
ResponderEliminarEfectivamente a versão que arranjei não tinha indicação das teclas cima e baixo como complementares ao disparo. Descobri, inicialmente, a bastonada para passar o morcego, pensei que seria a nossa arma, mas ao avançar um pouco mais, havia uma parte que só usando o dinamite é que daria para passar, foi aí que andei às voltas até que, acidentalmente, despoletei um dinamite. Uns anos mais tarde arranjei outra versão não oficial, mas essa já tinha a indicação das teclas.
EliminarUm jogo intemporal que e não sabia ter tido tantos adeptos a julgar pelo número de views do artigo.
Obrigado, pelo comentário
Deixo aqui um link para uma página criada pelo programador do Rick Dangerous, em que ele menciona muitas peculiaridades sobre o desenvolvimento do jogo, como ter sido ele a gravar o grito que ele fazia quando perdia, entre outras coisas, já que fazemos este ano os 30 anos deste magnífico jogo:
ResponderEliminarhttps://www.simonphipps.com/games/rickdangerous/
Obrigado Gonçalo ;)
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