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sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

The Hair-Raising Adventures of Mr. Hair


Nome: The Hair-Raising Adventures of Mr. Hair
Editora: NA
Autor: Lee Stevenson
Ano de lançamento: 2019
Género: Plataformas
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 48 / 128 K
Número de jogadores: 1

Não é todos os dias que assumimos o papel de um personagem semelhante a um caracol, ainda por cima cabeludo, segundo o título do jogo. Mas é isto que Lee Stevenson propõe, apresentando um típico jogo de plataformas criado com o Arcade Game Designer, fazendo lembrar alguns dos trabalhos de John Blythe e Andy Johns, mas ainda sem o brilho dos jogos desses autores, embora Lee pareça estar no bom caminho. Aliás, sendo este o primeiro jogo de Lee, parece-nos que poderá vir a atingir um nível de notoriedade grande, ainda por cima quando a sequela já está a ser trabalhada.

Mr. Hair, o nosso personagem, vive a batalha da sua vida na busca pela liberdade. Para isso entra num mundo desconhecido e assolado por seres maléficos, tentando atingir o portal de saída, única forma de derrotar a besta e tomar conta do seu destino. Ao longo de cerca de três dezenas de ecrãs, recheados de plataformas, inimigos e obstáculos, o nosso personagem tem que contornar as dificuldades, seja no ar, terra ou mar. Sim, o portal de saída encontra-se no fundo do mar, pelo que é necessário fazer uso das guelras para se conseguir respirar. Estamos perante um ser híbrido, pelos vistos.


O sinuoso caminho do nosso personagem cabeludo até começa de forma mais ou menos descontraída. Uns tantos morcegos para se evitar, uma ou outra plataforma para saltar, e tudo parece conjugar-se para estarmos perante um exercício descontraído de saltos. Mas cedo perdemos essa ideia, pois as dificuldades surgem abruptamente, na forma de aracnídeos e outras bichezas, e aqui surge uma das maiores pechas do jogo: um elevado grau de dificuldade, que não é disfarçado pelo sistema de colisão benevolente.

Por outro lado, se tocamos nalgum obstáculo ou inimigo fatal, o nosso personagem reaparece, por vezes, num ponto diferente daquele em que nos encontramos, muitas vezes exigindo percorrer novamente vários ecrãs para chegar ao ponto onde nos encontrávamos e isso torna-se frustrante ao final de algum tempo. Exemplificando: no ecrã acima, se o nosso personagem morrer na parte de baixo do ecrã, reaparece depois na parte de cima, exigindo que faça novamente caminhos que já não seria necessário percorrer. Em alguns caso existe ligação entra a parte de baixo e de cima, mas em muitos ecrãs essa ligação não existe, levando a que se tenha que voltar a percorrer vários ecrãs até se chegar ao mesmo ponto.

Este ponto de reaparecimento do personagem depois de sofrer um toque fatal por vezes tem também as suas vantagens, pois pode colocar-nos numa posição mais favorável, mas não deixa de ser um aspecto a rever em futuros jogos.


Os cenários lúgubres, por vezes a fazerem lembrar All Hallows ou Impossabubble, foi uma das coisas que mais nos agradou neste jogo, com excepção daqueles passados debaixo do mar, que poderão ser um pouco confusos, mas que felizmente não são mais que meia dúzia. Muito coloridos e atractivos, convidam-nos sempre a ir um pouco mais além para ver que novas surpresas o programador deixou ao nosso ser cabeludo. São também um pouco labirínticos e não raras vezes parece que ficamos bloqueados. Isto até descobrirmos mais uma porta escondida algures, ou uma parede invisível. E por falar em portas, para que as mesmas sejam abertas é necessário apanhar-se a estrelas, havendo assim um caminho pré-definido a seguir.

Tal como uma boa parte dos jogos do género, o tempo e ponto de salto são fundamentais para se ultrapassar os inimigos. Isto já vem desde os tempos de Manic Miner, e poderemos contar com isso em doses elevadas em Mr. Hair. No entanto, o seu autor conferiu alguma diversidade que se aplaude. Assim, não são só as plataformas que teremos que negociar, existem ecrãs onde o personagem rasteja tal e qual um caracol, exigindo uma estratégia um pouco diferente para se evitar os inimigos. E além disso, são notórias as referências a alguns dos clássico do Spectrum, como Horace and the Spiders, por exemplo.


A melodia é da responsabilidade do Pedro Pimenta, nosso colega, e não é por ser uma pessoa da casa que fazemos este elogio, mas domina cada vez com maior mestria as ferramentas musicais e tem vindo a elevar a fasquia dos seus trabalhos. Nota muito alta neste aspecto...

Não houvesse pequenas arestas a limar e um exigente grau de dificuldade, que afecta a própria jogabilidade, e The Hair-Raising Adventures of Mr. Hair iria ter uma nota mais elevada, quem sabe atingindo o galardão de Mega Jogo. De qualquer forma parece-nos que Lee Stevenson nos próximos trabalhos irá conseguir superar-se, talvez vindo a atingir o nível de Andy Johns ou John Blythe, referências deste género de jogos criados com o AGD. Para já é uma estreia bastante meritória.

O jogo é gratuito, podendo aqui ser descarregado. No entanto, aconselha-se a fazer uma pequena doação, não só compensando o enorme e valoroso trabalho do seu autor, mas também porque os fundos revertem para uma instituição de caridade.

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