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domingo, 24 de maio de 2020
Russian Railway Magnate
Nome: Russian Railway Magnate
Editora: NA
Autor: Andrew771
Ano de lançamento: 2020
Género: Estratégia
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Não
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1
Desde que o ZX Spectrum ganhou nova vida (período pós 2013), que os jogos saem com uma frequência apenas comparável à dos anos 80. No entanto, a maior parte são jogos de arcada ou aventura, ficando alguns géneros de fora desta abundância, casos dos simuladores desportivos, mas também dos jogos de estratégia pura. Um dos raros que apareceu foi Euphoria 2D, lançado em 2012 por Andrew771, grandioso (e longo) jogo de guerra, por turnos, que nos colocava na pele de um conquistador, trazendo desde logo à memória Sid Meier.
Foi também o motor de Euphoria 2D que serviu de base ao novo jogo de Andrew, Russian Railway Magnate. As semelhanças ao nível gráfico são óbvias, assim como ao nível da própria mecânica de funcionamento. Mas ficam-se por aí, pois enquanto que no primeiro estávamos perante a guerra militar ("war strategy"), aqui estamos perante a guerra económica e monopolista.
A ideia do jogo é ficarmos donos e senhores do sistema ferroviário Russo, para isso competindo com outras duas ilustres personagens bem conhecidas nas estepes. Existem oito à escolha, desde o século XIX, até à era moderna, sendo um pormenor interessante podermos no menu inicial conhecer um pouco da história de cada uma delas. Para cumprirmos com o objectivo proposto, teremos que ligar o maior número possível de cidades do Império Russo à sua rede ferroviária e impedir que os concorrentes o façam, eventualmente levando-os à bancarrota e alcançar o monopólio, fim último deste jogo.
Depois de seleccionada a personagem com que queremos iniciar a missão, é-nos apresentado um mapa da Rússia. Todos os concorrentes iniciam o seu império a partir de Moscovo, como seria de esperar. À direita, em cima, temos um mapa do país, identificando alguma das principais cidades, às quais deveremos tentar conectar a linha férrea. Do lado esquerdo, e representando cerca de 75% do ecrã, o mapa em detalhe e no qual iremos exercer as acções possíveis.
Construir e manter uma rede não sai barato. Cada cidade gera uma receita, dependendo da quantidade de carga expedida, além da tarifa estabelecida para o transporte. Se uma cidade está ligada a vários magnatas (os concorrentes), toda a renda da cidade vai para aquele que tiver a tarifa mais baixa (é o caso de Moscovo, ponto inicial de todos. Se as tarifas forem as mesmas, a receita será dividida igualmente pelos três.
As tarifas, que vão de 1 a 30, são mesmo o elemento mais importante deste jogo, e à qual deveremos estar sempre com atenção. Conseguimos ver as tarifas cobradas pelos concorrentes colocando o cursor na própria cidade e carregando na tecla "C", ou, mais eficaz, pressionar "M" que fornece informação muito abrangente sobre a concorrência. Com a tecla "T" poderemos definir o valor de tarifa que queremos cobrar, e devemos estar constantemente a mudá-la, de acordo com o que a concorrência faz, única forma de se conseguir ganhar dinheiro dos serviços, e, mais importante, evitar que os outros ganhem. A ideia é levá-los à falência, lembrem-se sempre disso.
A forma como vamos expandir a ferrovia também é outro dos pontos fulcrais. Assim, se conseguirmos cortar os caminhos aos nossos concorrentes (as cidades podem ser ligadas por vários competidores, mas as linhas férreas não se podem cruzar), evitamos que esses possam expandir-se, cortando-lhes as receitas. E depois de já termos amealhado algum, poderemos então passar à fase do ataque, isto é, fazer ligações às cidades dos outros e entrar numa guerra de preços, delapidando os recursos adversários. No fundo praticar "dumping", sistema proibido no nosso mercado (tal como os monopólios, salvo raras excepções), mas altamente eficaz.
Ao contrário de muitos jogos de estratégia que, quer por um elevado grau de dificuldade, quer por um sistema pouco intuitivo de controlo da acção, impediam que os iniciados deles usufruissem, Russian Railway Magnate não irá impedir ninguém de entrar. Mesmo os arcade gamers mais hardcore rapidamente apanham o fio à meada. Mas toda esta simplicidade, sendo um ponto forte, é também a sua principal lacuna, pois normalmente quem gosta deste género, exige desafios complexos e difíceis. No fundo, apenas temos duas variáveis para monitorizar, o preço das tarifas, e o local para onde vamos expandir a linha férrea. E o foco até está demasiado assente na primeira das variáveis. Esta falta de diversidade, se bem que possa atrair inicialmente mais jogadores, os que não estão tão habituados a este género, por outro irá limitar fortemente a longevidade.
Por outro lado, um dos aspectos que mais gostámos foi a apresentação das personagens, que inclui uma fotografia digitalizada de cada magnata. É sempre diferente competirmos com alguém a quem podemos ver a cara, e neste aspecto, nota máxima para Andrew.
Outro aspecto interessante e que demonstra o cuidado do programador: existe a versão russa, mas também a versão inglesa, aumentando o leque de potenciais jogadores. E até o código fonte é colocado à nossa disposição, possibilitando os mais talentosos de criarem diferentes mapas ou até, quem sabe, aumentar o número de variáveis a controlar. Sem dúvida que aumentaria bastante a esperança de vida de Russian Railway Magnate.
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