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terça-feira, 2 de junho de 2020
MagicAble: A Kind of Magic
Nome: MagicAble: A Kind of Magic
Editora: NA
Autor: Packobilly Urbaneja
Género: Plataformas
Ano de lançamento: 2020
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1
Packobilly ainda recentemente nos tinha trazido Ufo, jogo mediano, mas que mostrava que estávamos perante um novo programador que tinha ideias novas e que dominava minimamente o Arcade Game Designer, como aliás fizemos questão de dizer. E o tempo deu-nos razão, o que não esperávamos é que fosse apenas dois meses após o termos dito. Incrível a capacidade dos programadores hoje em dia, bem como das ferramentas que utilizam, que permitem num curto espaço de tempo oferecer-nos propostas de qualidade.
A sua nova proposta, MagicAble: A Kind of Magic, confirma também outra coisa. Quando a ideia é boa e traz elementos inovadores, estão desde logo criadas as condições para que o jogo atinja um patamar elevado e seja um sucesso. Quanto ao sucesso, não sabemos ainda, pois não temos forma de perceber se muita gente já o experimentou, mas quanto ao primeiro, é incontornável. O jogo é muito interessante, se bem que tão ou mais difícil que Abu Simbel Profanation, aproximando-se mesmo de Danterrifik, jogo com o qual apresenta também algumas semelhanças ao nível gráfico. Aliás, embora não tenhamos visto Ariel Endaraues nos créditos, não nos espantaríamos se o autor confessasse que se tinha inspirado nos seus jogos, o que não é vergonha alguma, antes pelo contrário. Mas vamos à história de MagicAble.
No começo não havia nada... Nada, excepto a magia (então mas não era energia apenas que existia no início do Universo?). A paz e o equilíbrio reinavam em Arnaroth. Os 16 Talismãs Negros eram mantidos no Caldeirão da Providência, e assim tudo permanecia no seu lugar. Até agora…
As Forças do mundo dos mortos espalharam os talismãs por todo o Reino de Arnaroth, mergulhando-o no caos total. Foram assim espalhados quatro em cada um dos locais onde a aventura decorre: na Floresta Assombrada (The Haunted Forest), na Masmorra Assustadora (The Scary Dungeon), no Castelo Amaldiçoado (The Cursed Castle), e finalmente na Caverna Condenada (The Doomed Cave - o ecrã refere "Doomned", mas deverá ter sido uma gralha). Acrescente-se ainda um último local, o Ninho Antigo (The Old Nest), o único onde podemos estar seguros que nada de mal nos acontecerá, mesmo que seja apenas de forma temporária.
Assumimos então as dores de um velho e gordo mago, Able, e temos como objectivo recolher todos os talismãs na ordem indicada (I, II, III e IV), e trazê-los de volta ao caldeirão que se encontra no The Old Nest. Até aqui nada de novo, pensam vocês. E não deixam de ter razão, pois onde MagicAble se diferencia dos restantes jogos do género é na mecânica. Assim, o nosso mago apenas se desloca para a esquerda e direita, tendo a capacidade de cair também de grandes alturas sem se magoar, e de conjurar feitiços que quando apanham alguns dos inimigos no seu caminho (e atenção, apenas alguns), incapacita-os durante uns segundos. Além disso há que usar a magia com ponderação, pois em primeira lugar vai saltitando pelo ecrã até encontrar um inimigo, levando a que nem sempre seja fácil acertar-lhes, mas também porque após enviarmos um feitiço, teremos que aguardar longos segundos até esta capacidade ficar novamente activa (a barra inferior mostra quando isso acontece).
Já devem ter reparado que não dissemos que o mago voava ou saltava, e se estamos perante um puro jogo de plataformas, então que espécie de magia é essa? É aqui que reside a maior novidade de MagicAble. No chão encontram-se blocos rosados, os blocos mágicos, que funcionam como trampolins e permitem que Able atinja as plataformas superiores. Isto implica que muitas vezes exista um, e um único caminho, para se chegar aos talismãs, conferindo também um forte elemento estratégico ao jogo, não se limitando a ser apenas mais um vulgar platformer, onde o mais importante é o tempo e precisão de salto. Aqui isso também interessa, e existem muitos pontos onde se torna quase frustrante encontrarmos o tempo e posição de salto perfeito que permita evitar os inimigos. Mas se o caminho não for bem delineado antecipadamente, de pouco importa a habilidade nos dedos.
Cada vez que se completa um dos níveis, abres-se nova saída no The Old Nest. Inicialmente todas estão fechadas, e só à medida que vamos levando os talismãs para o caldeirão (não esquecer nunca a ordem em que têm que ser recolhidos), as portas vão ficando desbloqueadas, e novos cenários se vão abrindo perante os nossos olhos. Cada um mais difícil que o anterior e com características e inimigos muito próprios, mas isso também já seria de esperar.
Quem conhece os jogos espanhóis, está perfeitamente consciente do elevado grau de dificuldade que possuem. E MagicAble faz-lhe jus. Começamos a missão com oito vidas, mas estas são muito poucas. E mesmo não havendo muitos ecrãs (estimamos entre 25 a 30), como de cada vez que recolhemos um talismã temos que fazer o caminho de volta ao caldeirão, para depois voltar ao talismã seguinte, isso implica termos que negociar os mesmos obstáculos vezes sem conta. Claro que a curva de experiência se aplica, e "practice makes perfect", como diz o ditado, mas não deixa de ser assustador perder- se todas as vidas no mesmo obstáculo. Muito dificilmente alguém conseguirá terminar a missão sem recorrer aos vulgares pokes ou utilizar o rollback. Talvez um pouco menos de dificuldade fosse aconselhável.
Por outro lado, o factor repetição (ter que percorrer o mesmo caminho várias vezes), aliado ao grau de dificuldade, poderá inibir a maior parte dos jogadores de tentarem chegar ao fim. O que é uma pena, dizemos nós, pois os cenários são um dos pontos fortes de MagicAble, e poderemos assegurar que vale a pena persistir, nem que seja para ver o que o programador nos reserva no fim...
Assim, o que se nota é uma grande evolução em Packobilly e se conseguir no próximo jogo afinar o factor da dificuldade, temos a certeza que irá ser Mega. Ideias não lhe faltam, como vemos...
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