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terça-feira, 25 de agosto de 2020

AtomiCat


Nome: AtomiCat
Editora: Poe Games
Autor: Ariel Endaraues
Ano de lançamento: 2020
Género: Plataformas
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1

Ariel Endaraues também não poderia deixar em claro o Concurso MK1 con Retromaniac e apesar de estar mais vocacionado para trabalhar com o motor Arcade Game Designer, fez uma perninha (ou melhor, quatro perninhas, pois o personagem é um gato), e aprendeu a trabalhar com o MK1. Claro que sendo o seu primeiro jogo com esta ferramenta, e mesmo tendo em conta que contou com a ajuda adicional de GreenWeb Sevilla (outro dos concorrentes a esta competição dos Mojon Twins), não se poderia pedir a mesma profundidade de Vampire Vengeance, por exemplo. O jogo é relativamente pequeno (à volta de 30 ecrãs), e termina-se rapidamente, no entanto tem o polimento habitual de Ariel, homenageando ainda alguns autores / jogos bem conhecidos (Saboteur, por exemplo).

O título AtomiCat já o dava a entender: assumimos a pele e garras de um felídeo (só por isso o jogo ganha logo motivos de interesse extra para nós). Andávamos a passear a nossa dona (Maggie) pela rua, quando de súbito a cidade foi contaminada pela radiação. Sim, se alguém pensa que somos nós que passeamos os nossos animais de estimação, bem pode tirar o cavalinho da chuva. São eles que nos comandam, sendo a trela, nos casos em que é utilizada, mero instrumento para levar os donos a pensar que estão a controlar a situação. Mas adiante... A radiação espalhou-se pela cidade, e Maggie e o seu fiel felino, Alphonse, conseguiram estar entre os poucos sobreviventes. Como se não bastasse, os mutantes invadiram as ruas, tornando-as ainda mais inseguras. Agora, enquanto Maggie se encontra escondida no seu bunker, Alphonse tem que ir à superfície e encontrar o transmissor localizado do outro lado da cidade, única forma de obter ajuda.


Mas tal como nos seus anteriores jogos, e apesar de AtomiCat ser um platformer sem grandes inovações (não é de forma alguma "groundbreaking"), Ariel dá-lhe um cunho muito pessoal, com pequenos pormenores que o permitem diferenciar-se dos 1.001 jogos semelhantes. Já referimos que a cidade estava contaminada, e isso logo se percebe assim que subimos à superfície e notamos os fundos avermelhados. São um aviso de que neles temos que permanecer o menos tempo possível, pois indicam radiação e a energia do gato atómico vai diminuindo enquanto neles permanecemos. Existem pontos descontaminados, e esses servem para literalmente se poder respirar um pouco e planear o caminho a trilhar de seguida. Curioso que esses pontos seguros têm um padrão de fundo normalmente amarelo, devidamente ventilados (pormenor delicioso o da ventoinha), a remeter para aqueles criados por Clive Townsend.

Nem sempre o caminho é óbvio e esta vertente exploratória é parte integrante do prazer que vamos tirar deste jogo. Assim, é natural que nas primeiras tentativas o nosso gato pereça porque se meteu por atalhos pouco recomendáveis, porque ficou bloqueado entre dois candeeiros, ou simplesmente porque não viu a chave que permite abrir a porta para o mundo subterrâneo. Existindo apenas 30 ecrãs, rapidamente vamos memorizando o caminho mais indicado a percorrer, e aquilo que parecia uma tarefa impossível ao início, isto é, chegar aos pontos seguros com alguma energia para então se poder apanhar os kits felídeos que permitem recuperá-la integralmente, começa a tornar-se tarefa mundana.

Podemos eliminar os mutantes à boa maneira do MK1, isto é, saltando sobre eles, mas também se poderá torneá-los. Nas zonas contaminadas, dada a urgência de se fazer ao caminho, por vezes a estratégia mais indicada é mesmo encontrar o ponto exacto para saltar sob os inimigos. Se lhe tocarmos, não perdemos imediatamente a vida, mas perde-se mais um pouco de energia, e muitas vezes pode fazer a diferença entre conseguir-se, ou não, chegar a ponto seguro.


Quando descemos ao mundo subterrâneo a estratégia (e o nível de dificuldade) mudam consideravelmente. Em primeiro lugar o ar já não está contaminado, pelo que podemos fazer-nos ao caminho de forma muito mais descansada, sem a urgência de estarmos sempre em movimento. No entanto, existem agora muito mais obstáculos, na forma de plataformas móveis. Qualquer descuido e vamos parar ao esgoto, e estando as águas contaminadas, assim que lhes tocamos, a energia começa a descer vertiginosamente. Por outro lado, os inimigos são bem mais chatinhos, os seus padrões são um pouco mais imprevisíveis, o que conjugado com as plataformas móveis, leva a contactos frequentes com estes, exaurindo um pouco mais a energia disponível.

Um outro pormenor que nos cativou imediatamente foi o sprite do gato, O modo como se movimenta, mexendo as suas patas para a frente e para trás, dando a sensação de que cavalga, é um verdadeiro mimo. Só por isso já vale a pena vir experimentar esta nova aventura de Ariel. Fica também a nota que a altura do salto depende do tempo que se permanece a carregar na tecla de salto. Mas acima de tudo os cenários estão bem construídos e se bem que o som seja o habitual nos jogos criados com o motor La Churrera, foi incluida uma melodia (atómica) inicial, criada por Trevin Hughes, e que se enquadra muito bem na temática do jogo.

Assim, a única razão porque ATomiCat não leva uma nota mais elevada, é porque se trata de uma mini-aventura, que rapidamente se termina. Tudo o que se encontra em AtomiCat, está muito bem desenvolvido, sem qualquer falha que se possa apontar. Ainda mais, sendo o primeiro jogo criado por Ariel com o MK1, já estamos a salivar por uma continuação, de preferência um pouco maior e mais difícil.

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