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quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Puta Mili / Fucking Mili


Nome: Puta Mili / Fucking Mili
Editora: NA
Autor: EJVG
Ano de lançamento: 2020
Género: Plataformas
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1

De "nuestros hermanos" chega um dos jogos mais politicamente incorrectos de todos os tempos. Logo o título o dá a entender: Puta Mili, ou Fucking Mili, na versão inglesa que experimentámos, dispensa traduções. Mas não podemos deixar de ficar com um sorriso nos lábios ao ver ser lançado um jogo que faz espumar de raiva os puritanos. Como aliás já acontecia com a série cómica Historias de la puta mili, no qual este jogo se baseia.  

Durante o século XX, o serviço militar obrigatório em Espanha era conhecido como "mili". Esse serviço, na verdade, escondia, na maioria dos casos, o uso de mão-de-obra barata ou mesmo gratuita, e um ensino militar que se limitava ao uso de armas tão letais quanto a vassoura e o esfregão, mera desculpa para se evitar lidar com comandantes que na maioria das vezes eram incompetentes, entretanto transformados em veteranos psicopatas e que travam uma batalha (pouco) heróica contra o consumo do álcool e das drogas necessárias para manter elevado o moral.

O grande cartoonista Ivà criou então uma banda desenhada, publicada há muitos anos pela revista satírica El Jueves, descrevendo as situações absurdas que muitas vezes ocorriam no quartel durante o "cumprimento do dever para com a terra natal". Anos mais tarde (1993/1994), a banda desenhada deu mesmo origem a um filme, no qual eram retratadas algumas destas situações levadas ao extremo, ao qual não faltava sexo. Feito este pequeno enquadramento, vamos ao jogo...


A acção é passada no quartel e temos que travar uma épica batalha para encontrar os 20 "cigarrinhos que fazem rir" que alguém pouco escrupuloso colocou no quartel, como forma de minar o (pouco) moral existente nas tropas. Só após a missão ser cumprida, poderemos usufruir do privilégio de pernoitar uma noite fora do quartel, presume-se que aliviado dos itens recolhidos..

Durante a missão vamos encontrar diferentes elementos e personagens, nem todos amigáveis e quase todos pouco susceptíveis a serem tocados:
  • Sargento: poderoso, o nosso mentor e guia espiritual
  • Poias: não convém pisar
  • Aspirinas: usadas para tudo que se possa imaginar, mas o mais importante é que recarregam as energias
  • Guardas: diz-se que passam o dia todo a vigiar, não se sabe bem o quê, de qualquer forma, para nos deixarem passar, necessitamos de lhes dar uma revista para se entreterem
  • Revista: para subornar os guardas
  • Veterano: reside no quartel e está sempre rodeado de fumo, provavelmente irá parar à prisão quando terminar o tempo de serviço no quartel
  • Faxineiros: não é aconselhável importuná-los, deixem-nos continuar a limpar o quartel
  • Gaivotas: nem todos os quartéis têm gaivotas, mas todas as gaivotas têm um quartel
  • Baratas: mais uma vez não convém serem pisadas
Estão assim apresentados os principais personagens e objectos, e como se pode ver, a maior parte deles é para serem evitados a todo o custo. Para isso vamos saltando de plataforma em plataforma (estamos perante um típico platformer criado com o motor MK1), tentando alcançar os tão desejados charros e revistas.


O que mais encanta em Fucking Mili são os gráficos tipo cartoon, e que reflectem na perfeição a banda desenhada. E nem o facto de serem monocromáticos lhes retira brilho, além de evitar os problemas de atributos. Alguns dos personagens são hilariantes (por exemplo, "la cucaracha" no ecrã acima), e encaixam-se na perfeição na temática deste jogo. Não fosse isso, e seria apenas o vulgar desafio à La Churrera, normalmente com uma boa jogabilidade, como é aqui o caso, e com um grau de dificuldade mediano.

De facto, o jogo não é difícil, tanto que o terminámos após a terceira ou quarta tentativa, e não sendo particularmente grande, quer dizer que não vamos ter aqui um desafio para muitas e longas horas. Serão apenas uma a duas horas até dominarmos completamente todos os inimigos e ecrãs, mas bastante divertidas e sempre com o incentivo para ver que novas loucuras se vão encontrar mais à frente no quartel. E o ecrã final, que só podemos aceder após recolheremos os 20 charros, é a verdadeira "pdl" (vamos abster-nos de traduzir, para não ofender ainda mais as almas puritanas).

Fucking Mili, não sendo de alguma forma inovador ao nível da mecânica, e ao contrário dos últimos jogos que foram criados com o MK1, apresenta um sentido de humor divinal e que não fosse apenas por isso, já valeria a pena levá-lo até ao fim.

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