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terça-feira, 3 de novembro de 2020

Spektrum: El Día de los Muertos


Nome: Spektrum: El Día de los Muertos
Editora: NA
Autor: Manu Sevilla
Ano de lançamento: 2020
Género: Acção
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Não
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1

Na noite de Halooween, Manu Sevilla, que segundo sabemos é médico, lançou um dos mais estranhos e perturbadores jogos de que há memória. O ecrã de carregamento dava-o logo a entender, não é preciso sequer palavras para descrever a recriação propositadamente inacabada da obra maior de Munch (ou pelo menos mais conhecida). Tivesse sido lançado noutra altura, e acharíamos tudo de muito mau gosto, mas sendo lançado na data em que foi, de certa forma compreende-se o tom macabro e sinistro. 

Tudo é também tremendamente enigmático neste lançamento, a começar pelo manual que o acompanha. Nele é relatado a forma como o jogo foi desenvolvido, a partir de uma cassete que se encontrou com pedaços de código em alemão, sem sequer saber o seu autor. A história até parece bastante verosímil, mas desconfiamos que estamos perante pura ficção. No entanto nunca se sabe, não é? Apenas Manu o pode revelar.

Quanto ao jogo, é assustador e perturbador em todos os sentidos, a fazer lembrar alguns filmes (The Ring, por exemplo). A começar pelo objectivo, que passa por retardar o máximo possível o derramamento de 100 gotas de sangue. Estas caem de cima (lógico), e por baixo temos um cálice, que podemos mover para a esquerda e para a direita, tentando apanhar o máximo possível de gotas. Quantas mais apanharmos, mais aumenta a pontuação. Mas além do cálice, também podemos mover as próprias gotas. Esta parte é muito estranha, pois ao movê-las, estamos a mover todo o cenário e a própria dinâmica do jogo, causando alguma confusão ao início, embora facilmente se apanhe o jeito à coisa.

Para piorar a situação (que já era suficientemente má), uma música hipnótica vai-se desenrolando, causando uma enorme tensão no jogador. E como se tudo não bastasse, mensagens subliminares surgem frequentemente no ecrã, encorajando-nos a cometer actos tresloucados. Confessamos que esta última parte, fosse qual fosse a intenção do programador, já nos parece manifestamente exagerada, mesmo tendo em conta todo o enquadramento do jogo e tratando-se de uma noite especial. Estamos perante puro humor negro, mas será esta a altura mais indicada para este tipo de coisas?

Terminámos o jogo com uma enorme sensação de alívio, incluindo ao nível dos ouvidos, apenas esperando voltar a repetir a façanha na próxima noite de bruxas. Este é daqueles jogos que tem tanto de inovador, como de estranho e perturbador, e reconhecemos que não é para todos. Para os outros, aqueles que não se deixam impressionar facilmente, têm aqui um desafio à altura, de preferência para jogar de noite, às escuras, e com o som no máximo...

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