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terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Red Raid: the Beginning


Nome: Red Raid: the Beginning
Editora: NA
Autor: ZXBitles
Ano de lançamento: 2020
Género: Acção
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Sinclair
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1

E ao décimo primeiro jogo da competição Yandex Retro Games Battle 2020, eis que surge o primeiro programado em Basic compilado. A avaliar pelos comentários de alguns utilizadores, parece-nos que nem todos perceberam isso, pois não se pode esperar que um jogo criado com esta linguagem de programação atinja a mesma performance que outro criado em ASM. Talvez isso o penalize numa competição que avalia o melhor jogo, independentemente da forma como é desenvolvido, mas seguramente que nesta análise iremos levar isso em linha de conta, tal como fizemos no passado com outros jogos programados em Basic.

Mas apesar da linguagem de programação dar a entender que se poderia estar perante um jogo com um conceito muito simples, a verdade é que é mais complexo do que muitos outros desenvolvidos numa linguagem mais avançada. Senão vejamos: no menu inicial temos a possibilidade de redefinir teclas ou escolher o joystick Sinclair. Excelente opção por parte da equipa programadora, poupando-nos à configuração "WASD", capaz de arruinar qualquer jogo, por melhor que seja.

Podemos também ajustar o nível de dificuldade à nossa habilidade (existem três). Recomendamos começar-se no mais fácil, para nos ambientarmos ao jogo. Os inimigos são mais fáceis de serem eliminados e existem ajudas suficientes para que mesmo quem não tem grande destreza ou reflexos, possa terminar a missão. Já agora, deixamos umas dicas, pois podem não se aperceber imediatamente de certas nuances. Quando nos baixamos, não só evitamos as balas inimigas, mas também se o fizermos por cima de algum inimigo que tenhamos abatido, recolhemos algumas ajudas na forma de balas e energia.  

Além disso, o jogo tem duas partes, cada qual num ficheiro independente. No lado A encontramos os 12 primeiros níveis, passados na floresta e que culminam com a nossa captura, no lado B encontram-se 18 níveis passados numa base. Pode-se jogar a segunda parte sem antes terminar a primeira, mas aconselhamos a fazerem as coisas na ordem correcta. Até porque a segunda parte é substancialmente mais difícil que a primeira, contemplando também quebra-cabeças diferentes.

Sim, quebra-cabeças, pois cada um dos 30 níveis apresenta diferentes quebra-cabeças. Na primeira parte estão relacionados principalmente com as condições do terreno. Existem pedras dispersas pelo caminho que deverão ser roladas a toque de pontapé para os locais onde são mais precisas, nomeadamente os lagos, buracos, etc.. E toques de pontapé porque o nosso personagem, se estiver a pequena distância do obstáculo ou do inimigo, pontapeia-o. Se por outro lado estiver um pouco mais longe, dispara um tiro da sua arma. Este é um dos poucos defeitos deste jogo, o que não é de admirar tendo sido criado em Basic. Assim, com uma frequência maior que a desejável, tentamos dar um pontapé e sai um tiro. Tendo em conta que as munições são limitadas, podemos ter aqui um problema...

A segunda parte apresenta problemas diferentes. Assim, não só o piso contém lava, que obviamente não pode ser pisada, como as paredes bloqueiam o acesso a muitos pontos. No entanto, os computadores que se encontram nas salas normalmente dão uma ajuda. Para isso, apenas se tem que resolver um puzzle muito simples e quase desnecessário, embora se reconheça que pretendeu-se dar alguma diversidade ao jogo. Se o resolvermos, normalmente abrem-se novos acessos, mas por vezes também levamos com um inimigo em cima, ou até podemos ser nós a cair em algum ponto mais perigoso. Apenas a experiência irá ditar quais os computadores absolutamente necessários para se cumprir com a missão.

E como se não fosse pouco, a equipa programadora ainda acrescentou o conceito das "façanhas", habitual nos jogos actuais. Assim, poderemos obter alguns galhardetes, consoante consigamos atingir certos objectivos como empurrar os inimigos para a lava, afogá-los, fazer-lhes cair um pedregulho em cima, ou até cairmos nós em cima dele, etc.. São muitas as façanhas, e uma delas é encontrar Daisy. E quem é Daisy? Daisy é o coelho de estimação do nosso personagem, que é um amor de pessoa e só se torna um duro quando lhe pisam os calos, como aconteceu agora. Daisy é o motivo de toda esta carnificina, pois foi raptada, e Redrick, o nosso personagem (está explicado o título do jogo), vai fazer de tudo para a encontrar, nem que isso passe por mandar para os anjinhos dezenas de tipos mal-intencionados.

Assim, o nosso herói, salvador de coelhos de estimação como profissão, tem várias artimanhas ao seu dispor. Pode causar acidentes aos inimigos, mas também os pode despachar a pontapé. E se estiver enfadado, ou esses estiverem distantes, pode simplesmente disparar. Tem é que contar que os inimigos façam o mesmo, ainda por cima tudo é muito rápido e dificilmente se consegue ter capacidade de reacção suficiente para nos desviarmos dos disparos adversários. 

Não será isto tudo demasiado ambicioso para um jogo criado em Basic compilado? Sim e não. Sim, porque realmente se nota a diferença na fluidez dos movimentos, quer em Redrick, quer nos inimigos, e quer queiramos, quer não, acaba por influenciar na jogabilidade. Não, porque o trabalho realizado pela equipa programadora é excelente. Não chega ao nível de um Wudang (mas isso também jogo algum em Basic chegou), que ainda por cima foi programado em Basic puro, mas atinge uma bitola rara de igualar em jogos desenvolvidos nessa linguagem de programação. E curiosamente, foi com a trilogia Max Pickles que Ariel Ruiz aprendeu parte dos conceitos que o levaram a criar a sua obra-prima. Ou muito nos enganamos, ou irá acontecer o mesmo com esta equipa nos jogos seguintes.

Não se podendo ter gráficos fora-de-série, pelas limitações já apontadas, o foco foi colocado na criação de cenários imaginativos, mas acima de tudo na incorporação de quebra-cabeças estimulantes. Já o dissemos, cada nível encerra em si um quebra-cabeças, e é nesta diversidade que Red raid ganha pontos à concorrência. Aguardemos agora pela continuação, tal como o título o dá a entender...

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