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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Ninja Poison


Nome: Ninja Poison
Editora: Toku Soft
Autor: Oscar Llamas, David Gracia
Ano de lançamento: 2021
Género: Plataformas
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 48 / 128 K
Número de jogadores: 1

Quando chega novo jogo de David Gracia (ou onde participe, como é aqui o caso, já que a ideia e concepção original, na sua maioria pertence a Oscar Llamas - aka Hicks), sabemos imediatamente duas coisas. Em primeiro lugar que iremos estar perante um ambiente macabro e terrorífico. Em segundo lugar, que o grau de dificuldade será extremo, onde só os mais hábeis poderão ter pretensões a passar os primeiros ecrãs, e onde nem mesmo com recurso ao rollback se consegue muitas vezes chegar ao fim, quanto mais utilizando meios honestos. E se relativamente ao primeiro ponto nada temos a apontar, pelo contrário, é sempre um prazer ver os cenários criados por Oscar e David, no segundo caso, infelizmente, constatamos que a jogabilidade sofre com isso e impede muita gente de apreciar devidamente o jogo, desistindo antes de chegar às partes mais interessantes. 

Tudo começa quando Riuken é capturado. Os seus esforços para proteger as terras de Sindara foram em vão. O exército de Lord Oni Antrax semeou o caos, exterminando, um por um, toda a realeza de Sindara. A única esperança residia em Riuken, mas este está preso na Prisão construída pelo próprio lorde.

O nosso protagonista é então Riuken, o filho do Rei Haoken das Terras Altas de Sindara. Além de ter sido capturado, Oni Antrax injetou-lhe um veneno letal que o vai consumindo aos poucos. Entretanto o Rei Haoken foi à procura do filho, infiltrando-se no laboratório do lorde, local donde este fabrica o veneno mortal. Apesar do Rei ter desaparecido, conseguiu deixar pelo caminho alguns frascos de antídoto, o suficiente para ir mantendo vivo Riuken. A única hipótese desta história ter um final feliz é agora encontrar Oni Antrax e matá-lo de uma vez por todas, para que a felicidade possa então retornar a Sindara.


Desta vez o jogo tem duas partes, sendo a segunda acessível apenas após se terminar a primeira. Quando isto acontece, é dada a password que se coloca no menu inicial da segunda, à boa maneira do que acontecia com muitos jogos espanhóis no final dos anos 80 e início dos 90 do século passado.

Assim que saímos dos calabouços, no primeiro ecrã, rapidamente nos apercebemos do primeiro problema a resolver: o veneno. Como referimos atrás, fomos envenenados pelo lorde, e após cerca de meio minuto, se não tomamos o antídoto, a vida esvai-se. O tempo que resta de vida é medido no canto inferior direito, através de uma barra que vai diminuindo demasiado rápido para que nos sintamos confortável. No fundo, um pouco aquilo que acontece com clássicos como o Manic Miner, talvez a principal influência de Ninja Poison, nos quais nos é exigida perfeição no tempo e posição de salto, mas ao contrário de Ninja Posion, é dado tempo suficiente para se estudar inicialmente o cenário e os obstáculos, o movimento dos inimigos, tendo-se portanto tempo para planear o caminho e a estratégia a seguir. Aqui nada disso é possível, assim que entramos num ecrã, temos logo que dar corda aos sapatos e tentar alcançar o antídoto, doutra forma a vida acaba. Percebe-se a intenção dos programadores em obrigar o jogador a estar sempre em movimento, mas a sensação que fica é a de alguma injustiça. 

Se passarmos algum ecrã sem apanhar o antídoto, é quase certo que não haverá tempo para se conseguir chegar ao que se encontra no ecrã seguinte. É assim fundamental tentar recolher todos, mesmo que para isso tenhamos que passar as passas do Algarve para se contornar os perigos. E aqui reside o segundo problema, os inimigos e obstáculos estão estrategicamente colocados de forma a dificultar a vida do nosso personagem e por vezes, exigindo uma sincronização perfeita e que aguarde pelo momento perfeito para poder avançar. Sendo que existe um tempo muito curto para se alcançar o antídoto, por vezes é impossível de se conseguir avançar.


A muito custo conseguimos chegar ao fim da primeira parte, apenas para constatar que um amigo nosso foi assassinado. No entanto conseguiu deixar-nos uma mensagem com alguns números (a password). Ainda pensámos: bem, o mais difícil já passou, talvez a segunda parte seja um pouco mais acessível para o comum dos mortais. Mas não, não poderíamos estar mais enganados. A segunda parte é ainda mais difícil, diabolicamente difícil, tanto que nem conseguimos passar dos primeiros ecrãs. Vamos aguardar por alguém corajoso o suficiente que chegue ao fim para ver o que perdemos.

Apesar de termos várias vidas ao dispor, estas apenas valem para quando se toca num obstáculo ou inimigo Quando isso acontece, recomeça-se o ecrã pela entrada inicial, no entanto, como menos tempo disponível. E se o tempo chega ao fim, não há vidas que nos valha, o jogo termina de forma inglória.

Os cenários e os gráficos têm a qualidade superior a que Oscar Lllamas e David Gracia já nos habituaram. Altamente atmosféricos, criam o ambiente perfeito para um jogo com a temática de Ninja Poison. Assim como as melodias, quer ao longo do jogo, quer no menu inicial e quando se termina o desafio. Curiosamente, a música durante o jogo lembra-nos a de Pixel Quest Zero, mas independentemente disso, é fabulosa.

Assim, Ninja Poison teria todos os ingredientes para se tornar um clássico, mas - e este é um grande mas, tem um grau de dificuldade excessivamente elevado, impedindo que muito jogador se sinta confortável o suficiente para persistir e chegar ao fim. Apenas os mais corajosos e hábeis vão conseguir completar a missão, e é pena, pois pelo meio encontra-se um jogo excelente. 

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