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terça-feira, 30 de março de 2021

Brickrick: Graveyard Shift

Nome: Brickrick: Graveyard Shift
Editora: Usebox.net
Autor: Juan J. Martinez
Ano de lançamento: 2021
Género: Plataformas
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 128 K
Número de jogadores: 1

Juan Martinez é já um veterano no mundo dos videojogos, tendo um portfolio de respeito, não só para o Spectrum, mas também para outras plataformas de 8 bits. O seu novo jogo, Brickrick: Graveyard Shift, nas nossa opinião, constitui a sua obra-prima, trazendo-nos um jogo que, apesar de ser de uma simplicidade desarmante, é das coisas mais viciantes que vimos nos últimos tempos. Talvez desde Bonnie and Clyde, jogo com até o qual tem algumas semelhanças, embora a história seja substancialmente diferente.

Assim, Rick, o personagem que assumimos, adora de vez em quando fazer o turno da noite no seu trabalho, talvez porque seja silencioso e assim pode dormir sobre o assunto. Mas não na noite de Halloween, pois um grupo de monstros invadiu o seu local de trabalho e se o seu chefe descobre, não vai gostar. A tarefa de Rick é então apenas uma: eliminar todos os monstros à tijolada. Ouviram bem, à tijolada. Já percebem assim o estranho título do jogo, que contempla 50 frenéticos níveis, cada um deles correspondendo a um ecrã com um cenário diferente (e bastante imaginativos).


Rick tem então a capacidade ilimitada de atirar tijolos. Onde ele os vai buscar, isso não sabemos, no entanto convém dosear o disparo, ou pelo menos atirar tijolos apenas nas alturas mais adequadas. Enquanto um tijolo estiver no ar, tem que esperar que esse assente no chão, ou na tola de um inimigo, e só então poderá atirar um novo. Além disso, os tijolos não eliminam os inimigos, apenas os atordoam durante uns segundos, sendo que apenas nessa altura ficam vulneráveis e se Rick for contra eles, provoca então uma reacção em cadeia (muito bem conseguida, por sinal). Antes de morrerem, saem disparados, indo contra tudo o que apanham pelo caminho, deixando mais uns inimigos atordoados pelo caminho. Dominar essa mecânica é fundamental para se conseguir avançar. 

Cada ecrã tem dois elevadores. O primeiro, de onde sai o nosso herói. O segundo, de onde saem os inimigos. Quando o nível começa, estão quatro inimigos a vaguear pelo cenário. Mas quando eliminamos um, o elevador dá sinal de chegada, a porta abre-se, e salta um novo de lá. A estratégia que melhores resultados deu, pelo menos para nós, foi tentar eliminar o máximo de inimigos iniciais e correr para o elevador, assim que a porta se abria, tijolada para cima deles. Apenas após todos os inimigos forem eliminados, o elevador deixa de enviar indesejáveis para o nosso local de trabalho e podemos então nele entrar, levando-nos ao nível seguinte.


Impressionante é a quantidade diferente de monstros que o programador conseguiu colocar no jogo. Vejamos cada um deles:
  • Cabeça de abóbora: não, não é o popular Michael Stivic, de "All in the Family". É apenas o monstro mais comum, sem habilidades notáveis, embora seja bastante rápido.
  • Esqueleto: vão patrulhando o local enquanto atiram ossos contra Rick. Escusado será dizer que não é conveniente levar com os ossos em cima.
  • Wolfman: além de noite de Halloween, é também Lua cheia. O lobisomem sente o cheiro de Rick e irá atrás dele, se por acaso estiver numa plataforma acima.
  • Vampiro: morcego gigante, sedento de sangue. São esquivos, não é fácil de os conseguir atingir.
  • Frank: construído a partir de partes de cadáveres e trazido de volta à vida pelo Dr. Frank, é muito resistente e depois de ser atingido, não fica atordoado por muito tempo.
  • Mágico: personagem enigmático, vestido com um smoking e uma cartola, pode usar a magia para se teletransportar para as plataformas que estão abaixo dele.
  • Dr Evil: um génio instável, deixando bombas atrás, que explodem pouco tempo depois. É melhor não estar por perto nem lhes tocar.
  • Alien: recém-saído da Área 52, está raivoso e é um monstro formidável, disparando a pistola de raios contra Rick assim que o vê. A melhor táctica é atingi-lo enquanto está de costas (apesar de tudo não é muito inteligente).
  • Reaper: se o tempo acabar, o Reaper aparece e persegue inapelavelmente Rick, até que este morra ou complete o nível. É imortal, portanto há que dar corda aos sapatos.
Pois, ainda não tínhamos falado nisso, cada nível tem 60 segundos para ser terminado, findo esse tempo, o Reaper aparece para nos atormentar, e acreditem, quando isso acontece, as hipóteses de sobrevivência de Rick são quase nulas.


Vamos então às ajudas. Alguns inimigos, depois da hilariante sequência em que são eliminados,  deixam cair um de vários itens. O café aumenta a pontuação, a ampulheta aumenta o tempo disponível para se terminar o nível (muito útil), e a dinamite atordoa todos os inimigos no ecrã. além disso, a cada 10.000 pontos é adicionada uma uma vida, até um limite de nove.

Muito útil é também o sistema de passwords. Assim, após se completar cada nível, é-nos dada uma password que permite continuar o jogo a partir dessa fase, embora a pontuação recomece do zero. Será a única forma de se conseguir terminar o jogo, pois este é difícil como tudo. Mas é também aquilo que impede que Brickrick se torne um exercício frustrante, pois até se conseguir perceber o truque para se terminar cada nível, em especial os mais avançados, que contemplam os monstros mais agressivos, vamos morrer muita vez.

Birickrick é assim uma enorme surpresa, um jogo engenhosamente simples, mas com aquele toque de vamos lá tentar só mais uma vez. Mesmo os gráficos não sendo por ai além, e a música repetitiva, com um toque de Benny Hill, pelo seu despretensiosismo são cativantes, contribuindo para um excelente jogo, que vai colocar toda a gente a assenta tijolo.

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