Páginas

Páginas aconselhadas

sábado, 3 de abril de 2021

Hero


Nome: Hero
Editora: NA
Autor: Libânio Guerreiro
Ano de lançamento: 1986
Género: Estratégia
Teclas: NA
Joystick: NA
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1

Depois de termos partilhado com a comunidade SOS Naufrágio, está (quase) na hora de disponibilizarmos Hero, o segundo jogo (por ordem cronológica) desenvolvido por Libânio Guerreiro. E a evolução entre um jogo e outro é enorme, não obstante SOS e Hero partilharem a mesma mecânica e seguramente algumas rotinas. Mas enquanto o primeiro é uma típica aventura de texto, no entanto tendo algumas nuances que o fazem sobressair das restantes, Hero é um puro jogo de estratégia, à boa maneira de The Lords of Midnight, o clássico de 1984 de Mike Singleton, unanimemente considerado como um dos melhores jogos a aparecer para o Spectrum. Curiosamente, o programador confessou-nos que apenas experimentou LoM depois de ter desenvolvido Hero.

Mais uma vez o Libânio esmerou-se na apresentação do jogo. Inclui um ficheiro independente com as instruções, tal como acontecia com SOS Naufrágio, e é bom que sejam lidas, doutra forma podem escapar-nos detalhes importantes, não só ao nível das teclas que são utilizadas (11, sem contar com o "Load" e Save"), mas também sobre as várias formas de terminar a missão. E há várias formas de a completar a missão, algumas mais bélicas, outras mais "políticas" e de "lobby".


Depois de lidas as instruções, e ainda antes de se carregar o jogo, convém dar uma espreitadela ao belíssimo mapa que o Libânio disponibiliza. Mais uma vez nos traz à memória The Lords of Midnight, assim como o universo de Tolkien. Embora Hero tenha mais de 200 ecrãs, incluindo subterrâneos, as principais localizações e pontos de interesse estão espelhados nesse mapa. 

Consegue-se também visualizar quais as terras "amigáveis" e as pertencentes ao inimigo. Aliás, mais que uma espreitadela, é fundamental termos o mapa sempre presente enquanto jogamos, até porque periodicamente vão se desenrolando batalhas e outros acontecimentos importantes, sendo conveniente localizá-los neste enorme mundo. Pode ser a diferença entre conseguirmos escapar a um exército que se aproxima ou ficarmos encurralados na boca do lobo (que também os há neste jogo).


Mas vamos então tentar perceber a nossa missão. Já agora, Hero é o nome da personagem principal, e não é por acaso, pois é preciso ser um verdadeiro herói para se conseguir sobreviver por muito tempo neste mundo, quanto mais completar a missão com sucesso. Hero sucede ao seu pai, o Rei da Terra Verde. Entretanto, Grutol, o líder das trevas, toma conhecimento, não só da morte do pai de Hero, mas também de que os exércitos do Rei, como consequência, ficaram divididos e enfraquecidos. Avança então com um exército gigantesco para a capital Solking. O defunto Rei, já a prever isso, disse a Hero mesmo antes de morrer, que este tinha como missão unir os diferentes reinos e cumprir a Lenda da Coroa.

Segundo a Lenda, existe um determinado objecto, escondido por vários templos perdidos, que tem um poder incrível. Estes templos têm três portas, e cada uma delas abre-se de uma forma específica. Para abrir a primeira, é necessário um mago e o seu bastão, para a segunda, um trovão e o seu martelo, para a terceira, uma chave e o próprio Rei. Um tanto ou quanto enigmático, mas a ideia é mesmo essa. Depois do objecto ser encontrado, há que o colocar no local onde a chave foi recolhida, cumprindo-se a lenda. No entanto, se Hero tiver dotes de comandante, também pode vencer o inimigo pela força das armas. Mas repararam que dissemos que o exército das trevas era gigantesco, não repararam? Talvez não seja boa ideia atacá-lo assim que o avistamos, tal como ingenuamente fizemos nos primeiros desafios.


Depois de se ter interiorizado as instruções e as teclas que vão sendo utilizadas ao longo do jogo (já lá iremos), podemos então iniciar a duríssima missão que temos em mãos. Começamos no papel de Hero, perto da Capital de Solking, e rapidamente percebemos que o ecrã tem uma disposição muito semelhante a SOS Naufrágio. Na parte de cima, uma descrição do local nos encontramos, assim como possíveis objectos ou situações à vista (inimigos, por exemplo), e as diferentes saídas. Ao meio, os belíssimos cenários, desenhados no Art Studio e posteriormente incorporados no jogo, e na parte de baixo as acções que vamos realizando. Brilhante, a forma como Libânio conseguiu transportar a mecânica de uma aventura de texto, para um jogo de estratégia por turnos, como aqui acontece.

O jogo encontra-se também dividido em duas fases, uma primeira, durante o dia, na qual podemos ir realizando as acções, quer seja deslocarmos-nos entre os diversos locais, quer seja apanharmos objectos ou até atacar os inimigos. O número de acções é limitado e esgotado esse número, avança a noite. É nesta fase que o computador "processa" os dados e ficamos a saber o resultado de algumas acções, nomeadamente o resultado das batalhas com os exércitos inimigos, mas também com os outros seres que coexistem neste mundo, tais como gigantes e lobos.


Antes de entrarmos em combate, é conveniente conhecermos as nossas limitações, bem como as do inimigo. Para isso são muito úteis duas funcionalidades. A opção "L" - lista, permite dar-nos a conhecer os objectos que temos em nosso poder, bem como o número de guerreiros que comandamos e a nossa força. Quanto maior o nosso exército e a força, maiores as probabilidades de sermos bem sucedidos em combate. Por outro lado, a opção "R" - relatório, permite dar a conhecer o resultado das batalhas em que entramos, fundamental para delinearmos as acções futuras. Ou para chegarmos à conclusão que fomos inapelavelmente derrotados.

A tecla "T" - opções, é também fundamental, pois só assim é possível seleccionar-se aquilo que pretendemos fazer, seja apanhar os objectos que se encontram à disposição (a tecla "A" - ver algo, permite ver o que se encontra no nosso raio de acção), seja entrar em combate. É de todo conveniente apanhar viveres (alimentos, água, etc.), pois esses aumentam a nossa força, tal como as armas, que também vão sendo encontradas ao longo dos cenários. E descansar de vez em quando é necessário, nenhum exército consegue estar continuamente em movimento e em forma se não recuperar periodicamente um pouco das suas forças.

E já agora, as teclas "U" - Noite encerram a fase do dia (para se poder avançar, tem que se "fechar" a fase desta forma), a tecla "M" - Menu, permite escolher o personagem que conduzimos, e a tecla "V" - ver a vista, faz-nos regressar ao ecrã geral.


Como certamente repararam, podemos escolher o personagem que controlamos. Inicialmente apenas Hero, mas após encetarmos contactos com os reinos amigos, é possível ganharmos reforços para a nossa causa. Passamos assim a ter outros chefes e exércitos à nossa disposição, aumentando a nossa força. Sozinho não vamos longe, pelo que encontrar os reinos amigos deverá estar no topo das nossas preocupações (estão assinalados no mapa).

E como também já deu para perceber, Hero é profundo e não é jogo para se completar nas primeiras vezes em que o carregamos. É necessário muita exploração, perceber muito bem como funciona este mundo, explorá-lo em todas as suas vertentes, e só então estaremos em condições de tentar vencer o exército das trevas. Além disso, tem muitas formas de se terminar e temos muitas dúvidas que exista mais algum jogo português com estas características. É inacreditável como um jogo destes passou completamente despercebido, excluindo ter sido capa do MicroSe7e. Seguramente merecia ter sido traduzido para inglês e ter sido lançado por uma das grande editoras britânicas. Mas mais incrível ainda é como nem em Portugal se tornou conhecido. Na nossa opinião, entra directamente para o top dos melhores jogos portugueses para o ZX Spectrum.

Para já fiquem apenas com um gostinho daquilo que perderam estes anos todos. Dentro de uma semana, e com a concordância do seu autor, vamos disponibilizar Hero por todo a comunidade. Esperemos que lhe seja dado agora o reconhecimento que faltou nos anos 80...

4 comentários:

  1. Este é um jogo em várias camadas, tem o "lore" e narrativa como base, tem a exploração típica das aventuras, e tem a estratégia e tática. Confesso que ainda não consegui entrar a fundo nele, requer tempo e foco, e tenho receio de não conseguir parar de jogar :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. este é viciante sim :)

      Eliminar
    2. Contra o vício, Emplastro Nicorette! ;-)
      https://www.soin-et-nature.com/pt/droga-anti-fumaca/3163-nicoretteskin-25mg-patches-16h-dispositivo-transdermico.html

      Eliminar