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sábado, 8 de janeiro de 2022

Tokimal


Nome: Tokimal
Editora: Pat Morita Team
Autor: Antonio J. Pérez, Jarlaxe
Ano de lançamento: 2021
Género: Plataformas
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 128 K
Número de jogadores: 1

A par de Melkhior's Mansion, embora num registo diferente, Tokimal é talvez o jogo que a comunidade aguarda com grande ansiedade há mais tempo. As expectativas eram muito elevadas e o mínimo que podemos dizer é que cumpriu com o que dele se esperava. Mesmo não sendo uma conversão directa do jogo de arcada, não irá deixar ninguém indiferente e temos a certeza que irá fazer parte de todas as listas com os melhores jogos do ano. Se irá ser o GOTY 2021, não o sabemos (pelo menos para Planeta Sinclair), pois a concorrência este ano (mais uma vez), é fortíssima. Mas que é um jogaço, isso ninguém o pode negar.

Tokimal (ou Toki, o jogo no qual se baseia), é também a par de Mire Mare, um dos jogos mais conhecidos da comunidade do Spectrum, apesar de, tal como o segundo, nunca ter chegado a ser lançado. No entanto, o hype por trás do jogo, que deveria ter saído pela Ocean Software em 1991, foi fortíssimo. As revistas da especialidade mostraram alguns mockups daquilo que poderia vir a ser Toki. No entanto, o Spectrum já estava no fim da sua primeira vida comercial e o jogo acabou por ficar na prateleira, para grande pena da comunidade. Cerca de 30 anos depois temos finalmente a oportunidade de o jogar, mesmo sendo diferente daquilo que estava projectado.

A história também não foi esquecida. Assim, ser primo de um macaco famoso não é fácil. Somos sempre comparados a ele em tudo o que fazemos. Agora, a nossa namorada quer testar-nos e decidiu ser sequestrada pelo macaco mais bandido de todos em Jujuland: Monolete. Claro que não iremos tolerar esta situação, por isso aceitámos o desafio e vamos agora lutar contra todas as criaturas que se atrevem a cruzar o nosso caminho. Vamos então tentar recuperar a namorada, para que ela possa ver o quão bom nós somos e não nos volte a chamar... Tokimal...

Depois de carregado o fcheiro, somos confrontados com dois modos de jogo. O primeiro deles é o modo Arcade, onde teremos que ultrapassar de forma directa cinco níveis, cada qual com o seu big boss no final. No entanto, muito mais interessante é escolher-se o modo Extended, pois além dos cinco níveis que vamos encontrar no modo Arcade, são introduzidos em cada um dos níveis uma nova fase secreta. Estes ecrãs extra encontram-se escondidos no meio dos cenários, requerendo máxima atenção da nossa parte para não os deixarmos escapar. Doutra forma podemos à mesma chegar ao final do jogo, no entanto não nos vai ser permitido adquirir os ídolos, que irão amaciar a nossa namorada, ao ponto de a conseguirmos reconquistar.

Os ídolos não são de borla, pois têm um preço (tudo tem um preço, como bem sabem). Para os conseguirmos adquirir temos que utilizar as moedas que vamos recolhendo, sempre que abatemos um inimigo. Esse deixa então para trás um Bitcoin, que fica disponível durante uns segundos. Entra aqui um primeiro factor estratégico, pois por vezes não é conveniente apanhar-se as moedas. isto porque quando o nosso mealheiro atinge as 50 unidades, estas são automaticamente trocadas por uma vida extra, podendo depois fazer falta para se comprar o ídolo. Quando isso acontece e chegamos ao ídolo sem dinheiro suficiente amealhado, a única solução é voltar a repetir essa fase.

Não se pense também que por o jogo "apenas" ter cinco níveis, que se termina com uma perna às costas. Nada mais enganador... Os níveis, além de longos, com a inclusão das fases secretas e dos big bosses (em baixo o primeiro deles), vai conferir divertimento para muitas e muitas horas. Se a maior parte dos inimigos são eliminados de forma bastante directa, ou então evitados, os big bosses requerem alguns truques especiais para se conseguir matar. Obviamente que não vamos ser spoilers, isso terão que descobrir por vós. Mas podemos adiantar que todos podem ser aniquilados, independentemente do armamento que tenhamos em nosso poder.

Cada nível tem uma temática e inimigos diferentes, aumentando gradualmente de dificuldade à medida que vão sendo ultrapassados. E cada qual tem um nome bastante característico, que desde logo indicia os obstáculos com que nos vamos deparar:

  1. Labyrinth of Rocks
  2. Lake Poseidon
  3. Caves of Fire
  4. Ice Ice Baby
  5. Golden Ruins

Qualquer um deles tem cenários magníficos, mas aquele que gostámos mais é o que nos faz lembrar a célebre (e pavorosa) canção de Vanilla Ice (aaargh): Ice Ice Baby. A certa altura, quando damos com a entrada para a fase secreta, o nosso simpático macaco apoia-se numa prancha de skate para mais rapidamente conseguir chegar ao ídolo. Mas rapidez nem sempre quer dizer facilidade, não é?

Claro que também não poderiam faltar os power-ups, se bem que não sejam em grande número nem apareçam com muita frequência. Além disso, com excepção da vida extra, todos os outros têm um horizonte temporal bastante limitado, pelo que mal nos damos conta que os temos na nossa posse. Talvez o mais útil seja o disparo triplo, que permite aniquilar os inimigos que se encontram em locais mais incómodos.

No meio de tudo isto, quase nos esquecemos que Tokimal foi desenvolvido com recurso ao MK1. Os saltos irreais e a música irritante ficaram de fora. Quer isso dizer que os aspectos que menos gostamos neste motor, não foram contemplados (pelos vistos não somos apenas nós a pensar desta forma). Claro que a versatilidade do MK1 é muito grande, permitindo os diferentes tipos de cenário (alguns são passados dentro de água, por exemplo), e até diferentes mecânicas de acção, consoante o nível ou fase em que nos encontremos (já referimos a prancha de skate).

Quanto aos cenários, e deixamos aqui uma pequena amostra, são simplesmente divinais, constituindo um dos pontos mais fortes deste jogo. Obra do conceituado Jarlaxe, revelam bem o porquê de Tokimal ter demorado quase dois anos a ficar pronto. Somos a todo o momento convidados a ir um pouco mais além, para nos deslumbrarmos com o que vamos encontrar no ecrã seguinte.

Nota-se que a equipa esteve atenta a todos os pormenores, não descurando qualquer aspecto que pudesse levar o mais picuinhas a apontar defeitos. O jogo encontra-se assim muito perto da perfeição e foi um prazer passar aqui umas boas horas, até conseguirmos chegar perto do fim. A ele iremos voltar assim que este período intenso em novos jogos tenha terminado. quem sabe, para derrotar Monolete...

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