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sábado, 21 de janeiro de 2023

Talismã

Nome: Talismã
Editora: Softmail
Autor: José Antunes, Moutinho Pereira
Ano de lançamento: 1987 
Género: Aventura de texto
Teclas: NA
Joystick: NA
Memória: 48 K 
Número de jogadores: 1
Link para descarga: não autorizado pelo autor

A busca por Talismã durou quase três décadas. Sabia-se que esta aventura de texto criada com o GAC existia, até porque estava assinalado na SPA (foi o primeiro jogo português a ser registado), alguns jornais e magazines da época fizeram a sua análise e existia relatos de pessoas que tinham a cassete com o jogo (não se sabia se ainda estava em condições). No entanto não estava devidamente preservado. Até que em Abril de 2018 a sorte mudou, e conseguimos ter acesso a uma cassete contendo duas partes do jogo. Infelizmente Talismã não pode ser partilhado pela comunidade, uma vez que um dos autores permanece incontactável e o outro não se mostrou disponível para autorizar a sua divulgação. De qualquer forma não quisemos deixar de analisar o jogo e dar-vos as nossas impressões sobre o mesmo.

A busca pelo Talismã começa no rio Tejo. Navegamos num pequeno barco a remos e começam ai as nossas dores de cabeça. Como fazer para sair do barco? Temos connosco uma corda, uma cana e um papel selado. Para já sem qualquer utilidade, pois tudo o que tentássemos fazer com estes objetos, teria resultado nulo. Restava então pensar na velha máxima, em que “saber esperar é uma virtude”…

Depois de por fim conseguirmos sair do barco, vamos ter a um cais que apenas nos oferece apenas uma saída, o Palácio. Consegue-se ainda ver um caixote de lixo e convém examiná-lo muito bem. Insistentemente, até, pois por vezes, numa primeira vistoria, escapam-nos algumas coisas importantes.

Já no Palácio, surge mais uma enorme dor de cabeça. Como ultrapassar o porteiro burocrata, que exige um formulário preenchido para se entrar. Será que o papel selado que temos connosco tem alguma utilidade? E examinando bem a parede, nota-se um pequeno buraco, que por sinal até contém um pequeno pedaço de metal. Servirá para alguma coisa ou é apenas um engodo? 

São estes tipos de quebra-cabeças que vamos encontrar ao longo de toda a primeira parte de Talismã, na qual vamos passar por adegas bem recheadas, um aqueduto, lagos, cascatas e até um pombal. Diálogos muito bem conseguidos, por vezes apelando a um pouco de cultura geral, cenários magníficos, a criar uma envolvente perfeita para a temática, é aquilo que nos é oferecido e que desde logo nos agarra ao jogo.


Se tudo correr bem, nesta primeira parte vamos conseguir encontrar a primeira das quatro partes do talismã. É-nos então dada uma palavra-passe para iniciar a segunda parte e desde logo começamos a salivar, a pensar em tudo aquilo que vamos encontrar mais à frente. Assim, se tivéssemos que dar uma nota a esta primeira parte, seria logicamente a máxima.

A segunda parte de Talismã inicia-se na entrada de uma gruta. Isto depois de colocarmos a palavra-passe, doutra forma ficamos retidos numas arcadas, por tempo infinito. Mas assim que vamos explorando a gruta, vemos que de um autêntico labirinto se trata. É portanto conveniente começarmos desde logo a mapear as salas por onde andamos, doutra forma rapidamente iremos sentir-nos perdidos.

Apesar dos gráficos continuarem (quase) ao nível da primeira parte, não podemos deixar de dizer que os diálogos nos pareceram muito mais “vulgares”, mas acima de tudo ficámos desiludidos com os quebra-cabeças apresentados. Aquilo que na primeira parte era motivo para uma profunda reflexão, nesta segunda parte praticamente não existe. As peças encaixam todas à primeira e o desenvolvimento da aventura é muito mais imediato, por vezes parecendo que foi tudo feito à pressa, apenas com o intuito de terminar o jogo.


De qualquer forma, depois de deslindarmos alguns puzzles e ultrapassar uma aranha gigante, temos a oportunidade de alcançar a segunda parte do talismã, sendo-nos então dada a palavra-passe para a terceira parte. O problema é que não existe terceira-parte. Nem quarta. Ou melhor, até poderão existir, no entanto nunca foram lançadas pela Unimicro, conforme estava previsto, permanecendo apenas com o José Antunes, e isto é informação que tivemos em primeira mão. Assim, o sentimento de desilusão é enorme…

Avaliámos Talismã apenas pelas duas partes que foram terminadas, estando a primeira ao nível das melhores aventuras de texto existentes, mas tendo uma segunda parte apenas mediana feito baixar a sua classificação. De qualquer forma, continua a ser um jogo bastante interessante, obrigatório para todos os que gostam do género. 

Pelo facto de apresentar imagens e cenários bastante atraentes, vai fazer com que todos aqueles que acham que a trilogia Tolkien é o melhor que se fez no género, passe a ter um concorrente à altura. Os que estão habituados às aventuras de texto puras e duras, isto é, sem imagens, poderão colocar algumas reservas, em especial na segunda parte, mas que pelo facto de ser em português (coisa menos comum, fará com que também olhem para Talismã com alguma curiosidade. Isto se conseguirem chegar a uma cópia do jogo, obviamente, pois o seu autor não autoriza que o mesmo seja partilhado...

4 comentários:

  1. É uma pena ainda existirem pessoas com um pensamento tão retrógrado para não permitir que um jogo com mais de 30 anos não seja disponibilizado. Ele devia era agradecer o vosso esforço em procurar e tentar disponibilizar um jogo que de outra forma estaria perdido para sempre e ainda para mais tendo o cuidado de contactar os seus autores originais.
    Eu no teu lugar nem tinha perdido tempo em fazer a review e partilhava na mesma. Se calhar ele está a pensar que ainda vai vender uma edição física do jogo e tornar-se milionário com isso lol

    Parace ser um jogo razoável, mas muito longe da qualidade dos melhores do género. Sendo a segunda parte tão fraca como aparenta parece-me que a nota dada é exagerada.

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    1. A nota foi empolada pela primeira parte, que é realmente do melhor que se fez por cá (essa parte vale por um jogo completo e demora dias a acabar, para quem não conhece a solução).

      A segunda sim, apenas mediana... Vê-se que foi colocada à pressa...

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  2. "...e existia relatos de pessoas que tinham a cassete com o jogo..."

    Mas isso chegou a confirmar-se?
    A ser verdade, terão adquirido o jogo legalmente, por via de pirataria ou, quiçá, partilhado pelos próprios autores?

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    1. As partes 1 e 2 saíram através da Softmail, lá para 1990.

      As partes 3 e 4 deveriam ter sido entregues à Unimicro, que iria lançar o jogo completo. Inclusive existe a gravura da futura capa, de Victor Mesquita (está numa RS 232). No entanto, o José Antunes nunca entregou a versão acabada à Unimicro. Isso eu confirmei com o dono da Unimicro e tive a confirmação de colegas do José Antunes que o jogo não estava terminado.

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