Nome: Brum Brum
Editora: Astor Software
Autor: Pedro Bandeira e Cunha
Ano de lançamento: 1984
Género: Gestão desportiva
Teclas: NA
Joystick: NA
Memória: 48 K
Número de jogadores: Até 6 em simultâneo
Descarga: aqui
Brum Brum é um dos jogos portugueses mais conhecidos de sempre. Atrevemo-nos mesmo a dizer que apenas é suplantado por Alien Evolution ou por Paradise Café, mas neste caso por razões óbvias e que nada têm a ver com a qualidade intrínseca do próprio programa.
De realçar que a popularidade da F1 estava no auge na primeira metade dos anos 80. A rivalidade entre pilotos como Prost, Lauda, Piquet, Arnoux, ou os malogrados Didier Pironi (tinha abandonado o Grande Circo em 1982) e Tambay, proporcionavam empolgantes espectáculos, apenas comparável à rivalidade entre Prost e Senna, uns anos mais tarde. O merchandising existente era abundante (caricas, cromos, calendários, etc.), pelo que não era de espantar que jogos que se baseassem nas corridas automobilistas fossem sucesso imediato. Pedro Bandeira e Cunha aproveitou assim a onda favorável e em boa altura levou à Astor Software o seu jogo, que imediatamente o colocou no mercado.
Neste jogo assumimos então o papel do patrão de uma escuderia de Fórmula Um, que ao longo de 10 Grandes Prémios, tem que levar o seu piloto a vencer o campeonato. Na altura do lançamento deste jogo, já tinham aparecido vários jogos a simular o Grande Circo, mas sempre no papel do piloto, ou seja, colocando-nos ao volante do bólide. Mas Pedro Bandeira e Cunha deu-lhe uma nova abordagem, pois o que aqui interessa não é a destreza nos dedos para manter o carro em pista, mas sim dominarmos fatores-chave que influenciam a performance da própria viatura durante a corrida. Puro jogo de estratégia, portanto.
Em primeiro lugar temos que escolher o nosso carro, havendo seis diferentes à escolha (os mais prestigiados em 1984 – Ferrari, Renault, Brabham, McLaren, Williams e Lotus). Escolha feita, preparamo-nos para a primeira corrida da época, selecionando o nível de performance entre 60, 80 ou 100%. O primeiro dá-nos maiores garantias de terminar as corridas, mas também muito menos hipóteses de as ganharmos. Já na terceira hipótese assumimos uma condução de maior risco, com maior probabilidade de vitória, mas também de ter um acidente. Uma boa parte da estratégia passa por este opção, que deve ser conjugada com o nível de eficiência do carro que temos em mãos.
Entra então em cena o segundo fator estratégico. São apresentados os vários componentes do carro e o respetivo estado de conservação, visualizado através de um gráfico de barras. Tendo dinheiro para gastar (só obtemos dinheiro terminando as provas – quanto mais bem posicionado ficamos na corrida, mais dinheiro recebemos), teremos que decidir se compramos ou arranjamos os diversos componentes, que se vão desgastando ao longo das provas. Se tivermos os componentes de carro no máximo de performance, as hipóteses de ficarmos bem classificados aumenta. Por outro lado, se tivermos o carro preso por arames, dificilmente conseguimos terminar as corridas. Não as terminando, não obtemos o tão necessário dinheiro para os arranjos, não nos sendo permitido entrar na corrida seguinte, entrando-se então num ciclo vicioso negativo difícil de sair, residindo aqui um dos poucos aspetos negativos deste jogo. Claro que existe sempre a possibilidade de se pedir dinheiro à banca, mas esta cobra juros elevados e se entrarmos em insolvência, no final somos desclassificados. Por outro lado, podemos tentar a sorte, apostando no carro que julgamos que vai vencer a prova. Se o nosso palpite for certeiro, duplicamos o valor apostado, se o carros em que apostamos ficar em segundo, não ganhamos, mas também não perdemos o valor investido, em todas as outras posições, perde-se a totalidade da aposta.
Depois de termos o carro pronto para a corrida, surge a grelha de partida. Os carros arrancam e depois vemos um a um a terminarem a prova (ou não, o que é mau sinal). É então apresentada a classificação da corrida, a classificação no campeonato e o dinheiro disponível. Todo este processo é bastante rápido, levando a que consigamos acabar um campeonato, mesmo com seis jogadores humanos em simultâneo, em pouco mais de uma hora.
A possibilidade de ter até seis jogadores em simultâneo é mesmo um dos seus grandes pontos fortes, pois é divertimento garantido ter um grupo de amigos ou familiares para fazer uns campeonatos (só comparável aos campeonatos de Formula One e Match Day). Muitos dos pontos fortes de Brum Brum foram posteriormente aproveitados por Formula One, que permanece ainda hoje como o supra sumo deste tipo de jogos, pese embora as injustas críticas destrutivas que teve na altura feitas pelas revistas britânicas, que não avaliaram bem o potencial desse jogo.
Ao nível gráfico, Brum Brum é básico e mais não precisa. Mas som não existe e talvez aqui houvesse espaço para introduzir uns beeps que tornassem o jogo ainda mais atractivo. Em jogos de Formula Um, espera-se sempre ouvir o barulho do roncar dos motores, nem que seja na grelha de partida. Mas isto é apenas um pormenor, num jogo que sendo português e tendo aparecido nos primeiros tempos do Spectrum, continua a ser diversão garantida e a dar cartas (ainda há algum tempo foi falado num programa da SIC Radical).
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