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terça-feira, 14 de dezembro de 2021

The Iron Wolves

Nome: The Iron Wolves
Editora: Cronosoft
Autor: Andy Remic
Ano de lançamento: 2021
Género: Aventura de texto
Teclas: NA
Joystick: NA
Memória: 128 K
Número de jogadores: 1

Para esta análise vamos fazer aquilo que odiamos: vamos avaliar o jogo, sem que tenhamos conseguido chegar ao fim (embora tenhamos ficado perto). Isso apesar de durante muitas horas termos andado a correr todos os locais por onde conseguimos acesso. Alguns encontravam-se bloqueados, e com mais ou menos custo, conseguimos passar, no entanto quando chegámos a um certo ponto da floresta, um bandido bloqueia-nos o caminho e não conseguimos eliminá-lo (na realidade não conseguimos armar o arco que dispara a flecha). Já experimentámos aventuras de texto suficientes para percebermos que o problema não reside apenas em nós. O jogo é pouco intuitivo e amigável, aconselhado apenas para aqueles que já andam a virar frangos há muitos anos e que sejam fluentes na língua inglesa.  

Mas comecemos pela história, inspirada num dos livros editados por Andy Remic (este autor, além de lançar jogos para o Spectrum desde 1989, também publica livros relacionados com temas fantásticos e gore). Assim, há 30 anos, os Iron Wolves contiveram hordas de Orcs em Pass of Splintered Bones e lideraram uma carga brutal que levou à morte do feiticeiro Morkagoth. No entanto, a ameaça não terminou e agora um novo perigo espreita o reino. Orlana, the Changer, escapou de Chaos Halls e está a construir um formidável exército, transformando cavalos, leões e ursos em terríveis caçadores sangrentos, a convocar Orcs aos magotes, e a rumar a Norte para conquistar a poderosa região de Vagandrak onde, dizem, o rei enlouqueceu. O general Dalgoran tenta então reunir os heróis de outrora, para aquilo que ele acredita ser a batalha final. Mas descobre também que os Iron Wolves não são mais os lendários heróis e que podem ser mais perigosos do que as hordas invasoras...

É então neste ambiente fantástico e aterrador que nos movemos ao longo desta enorme aventura. E tudo começa quando acordamos num bar pouco recomendável, onde, a avaliar pelo nome, é objecto de muitas picardias e rixas. Talvez pela bonita empregada, que não se cansa de matar a sede da ralé que frequenta a taberna. No entanto, o facto é que todos se encontram armados e bem armados, o ambiente é pesadíssimo, e qualquer palavra menos adequada pode ser a fonte de ignição para uma batalha campal. 

Rapidamente nos piramos da taberna e começamos a explorar as redondezas. Tem os locais típicos de uma decadente cidadela medieval, com as suas praças principais repletas de odores estranhos e desagradáveis, comerciantes sempre prontos a fazerem uma troca, onde geralmente ficam a ganhar, aliviando-nos das nossa moedas de prata, e até uma estranha e aterradora torre avermelhada, cuja descrição desde logo dá a entender os perigos que encerra. Aliás, deixamos desde já a dica: deve-se começar precisamente por esta torre (ver ecrã acima), explorando tudo, não esquecendo que, e esta é outra das grandes lacunas deste jogo, nem todas as saídas se encontram descritas. É fundamental observar-se muito bem as imagens e até fazermos de adivinho. Mas não devia ser assim...

Os gráficos, obra e graça de Clive "Saboteur" Townsend, são o melhor desta aventura. Se tudo o resto estivesse ao nível das magníficas ilustrações, algo que já tínhamos visto em Ninja Carnage, então estaríamos perante uma aventura de excelência. Mas isso infelizmente não acontece...


O principal problema está então relacionado com a pouca intuitividade da aventura, ou pelo menos foi isso que sentimos ao longo das muitas horas que por aqui passámos. Por um lado, os textos em calão acabam por saturar ao final de algum tempo (é uma aventura para maiores de 18 anos). Depois, parece existir pouca ligação entre os vários cenários, quase como se quisesse descrever um livro inteiro em apenas duas ou três dezenas de locais. E nem sempre as opções nos parecem as mais correctas. Só para dar um exemplo: Para se examinar um objecto, não só temos que primeiro o ter em nossa posse, mas se digitarmos "X", nada acontece - é necessário digitar "Exam". É apenas um pormenor, mas que define mais outra das lacunas encontradas nesta aventura.

O resultado é que os aventureiros inexperientes, rapidamente vão ficar perdidos e, apesar das magníficas ilustrações (sem dúvida o melhor desta aventura), acabam por desistir. Deveria ter havido um maior cuidado ao nível das descrições, mas, acima de tudo, contemplar todas as acções possíveis de serem realizadas pelo jogador. Repetimos: não é suposto sermos adivinhos... Além disso, existe mais de uma dezena de objectos que podem ser recolhidos, mas no final, metade deles não tem qualquer utilidade, ou permitem acções meramente redundantes, como as trocas efectuadas nos mercadores da cidadela. 


O sentimento com que ficamos é então de que se perdeu aqui uma boa oportunidade de juntar à arte e talento de Clive Townsend, a capacidade de escrita de Andy Remic. Faltou esta ligação que poderia tornar The Iron Wolves uma ventura de referência. Assim, vale fundamentalmente a pena pelos cenários criados. Tivesse havido um maior cuidado ao nível dos textos e, especialmente, da sua ligação com os cenários e acções possíveis, permitindo criar referida intuitividade, seguramente teríamos avaliado The Iron Wolves em mais boa conta. 

Uma nota final para a disponibilidade do jogo: para já apenas existe edição física. Para se poder ter acesso à cassete, e apesar dos preços da Cronosoft serem bastante em conta, o envio e desalfandegamento para Portugal tornam-na quase proibitiva (infelizmente os CTT e o serviço de alfândega andam a meter-nos a mão ao bolso). Esta situação também se reflecte na nota final, embora aqui seja uma situação ao qual os autores são completamente alheios. 

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