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domingo, 3 de agosto de 2025

Fist II: The Legend Continues


Nome: Fist II: The Legend Continues
Editora: Melbourne House
Autor: Damian Watharow, Bill McIntosh, Steven Taylor, Frank Oldham, Gregg Barnett
Ano de lançamento: 1986
Género: Beat'em'up
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Kempston
Memória: 48K
Número de jogadores: 2
Descarga: aqui 

Começo essa crónica com uma confissão de que na altura dos anos 80 aquando vi pela primeira vez “Fist II”, não tive o mesmo impacto do que agora quando entro nele: hoje é como entrar num filme de Artes Marciais, e melhor, com a maturidade e conhecimento que ganhamos com a idade, sobretudo se estivermos bem conhecedores do universo das Artes Marciais, o resultado global supera-nos. Na minha humilde opinião, estamos - provavelmente - perante o melhor jogo de Artes Marciais no ZX Spectrum; isso dependendo do que se entende por Artes Marciais, já que por exemplo Target: Renegade pode ser assim interpretado, apesar de estar historicamente creditado como um "Beat’em up".

Falar de “Fist II: the Legend Continues” não é uma tarefa fácil, dada a complexidade da programação realizada pela equipa da Beam Software – no entanto, opinião desse escriba, é essencialmente quase o único ponto negativo do jogo: a sua complexidade. Isso, porque tecnicamente o jogo apresenta alguns atributos irregulares de animação e sequências; para além do seu mapeado irregular (seguramente de propósito), que pode frustrar algum jogador mais exigente ou com pouca paciência. E ainda mais apresentando uma "falha" grave: a de que podemos "impedir" (embora nem sempre) um combate "empurrando" o inimigo para o canto do ecrã... cabe ao jogador se quer decidir beneficiar dessa "batota" ou não, é algo que quase podemos avaliar como um bug.

Citados os pontos "negativos" – naturalmente subjectivo – avanço para os pontos positivos do jogo: a notável fluidez da caracterização e animação do nosso personagem e a ambientação gráfica da paisagem, com uma direcção artística magnífica (e original) que respeita e detalha muito bem cenários tropicais do oriente dentro do contexto marcial. O cuidado que se prestou à animação gráfica nos muitos golpes do personagem estão a nível do melhor que se fez ao nível de caracterização no ZX, com um design introspectivo e simultaneamente intenso. Apesar da falha de alguns atributos na animação, a palete de cores criada transporta-nos para uma ambientação digna de um filme de aventuras oriental.

Essa obra da Beam Software tem uma particularidade original  embora não única): o lado B da edição original (evidente que na altura comercial do ZX Spectrum, a pirataria não estava preocupada em respeitar o formato) tem um modo de treino / práctica de combate de Kung-Fu, ao estilo do primeiro "Fist", o famoso The Way of the Exploding Fist. Uma opção de valor, para se quisermos avançar com um nível de treino de elevada craveira para essa intimista e densa aventura em busca dos pergaminhos do I-Ching, para derrotar o senhor da guerra que tiranizou e conquistou essas terras.

À semelhança de, por exemplo, o díptico de Chuckie Egg, essa segunda parte de "Fist" é uma aventura, ao contrário do primeiro, que é um "Arcade-Simulador", ao que muitos jogadores podem não aceitar bem essa mudança de género, mas que felizmente tudo correu bem, e essa mudança se realizou de forma excelente. Curiosamente, podemos acabar o jogo sem apanhar todos os pergaminhos, bastando irmos à catacumba onde se encontra o tirano e aniquilá-lo – cabendo ao jogador como prefere fazer. 

Embora Fist II: the Legend Continues possa ser interpretado como aborrecido por alguns – é legítimo assim avaliar – seguramente que pela sua simples originalidade intimista assegura uma experiência marcial que merece ser experimentada pelo menos uma vez em vida, e assim uma imersão na ambientação oriental com uma inesquecível e magistral direcção artística. 

Esta análise foi escrita pelo Paulo Silva (LeniFischer), membro do grupo ZX Spectrum Directo da Arrecadação, tendo-nos sido concedida autorização para a sua publicação em Planeta Sinclair.

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