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terça-feira, 20 de outubro de 2020

The Witch


Nome: The Witch
Editora: NA
Autor: Manu
Ano de lançamento: 2020
Género: Plataformas
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: Spectrum Next
Número de jogadores: 1

The Witch foi o último dos jogos a entrar na competição ZX-DEV-MIA-Remakes. O seu autor, Manu, teve alguns contratempos de última hora com a música, e com o acordo dos organizadores da competição não disponibilizou imediatamente o jogo pela comunidade. Não obstante, os juízes receberam uma versão provisória, entrando assim a concurso, mesmo que partindo em desvantagem (teve obviamente consequências na classificação final). Isto aconteceu no início de 2019 e entretanto Manu teve tempo para trabalhar uma nova versão, limando algumas arestas ao nível dos movimentos dos personagens, adicionar a música e o ecrã de carregamento, belíssimo, por sinal.

Tirando estes contratempos iniciais, situação entretanto rectificada nesta nova versão, pode-se dizer que The Witch é um verdadeiro remake, e logo de um dos clássicos do Spectrum, Cauldron de 1985. Confessamos que nunca entendemos muito bem toda a fama associada a este jogo, mas suspeitamos que tenha a ver com a temática associada e pelos gráficos, bastante apelativos para a época. De certeza que não seria pela sua jogabilidade, pois na nossa opinião, o original tinha bastantes lacunas a esse nível: sempre que a bruxa entrava nas cavernas, perdia a capacidade de voar, apenas andando e saltando, mas com uma lentidão exasperante, e que tinha como principal consequência a impossibilidade de se desviar de uma boa parte dos inimigos. Vamos ser sinceros, na nossa opinião The Cauldron era um jogo medíocre (tal como a sequela), com mais fama que proveito, mas louve-se a coragem do programador em pegar num jogo com estas características. 


A história e objectivos são em tudo idênticos ao original. Assumimos então o papel da bruxa que tem que procurar na superfície as quatro chaves que permitem abrir as portas do submundo, representadas por casas. Ai, terá que procurar os ingredientes que depois irá colocar no caldeirão, para poder conceber o feitiço que vai livrar a maldade do Mundo. Lembram-se de Laetitia, de Jaime Grilo, lançado o ano passado? por acaso (ou talvez não), a história é em tudo semelhante...

Mas a tarefa é espinhosa, bastante até. Para começar, o Mundo está mesmo amaldiçoado. Os inimigos são às dezenas, desde morcegos, fantasmas, plantas carnívoras que nos tentam atingir com projécteis, abóboras, lava, fantasmas, enfim, uma variedade imensa de criaturas e outras aberrações que só aparentemente são inofensivas. Até as árvores são mortais, mais uma vez com óbvias semelhanças com Laetitia (obviamente inspirado em Cauldron).

Como se as dificuldades não fossem poucas, a uma das cavernas só se deverá ir depois de ter passado pelas restantes e de se ter o caldeirão na nossa posse (ver um dos ecrãs abaixo, canto superior direito). Doutra forma não se consegue ultrapassar a abóbora que bloqueia o último dos elementos. Não iremos dizer qual a caverna, isso faz parte do trabalho exploratório que terá que ser feito, mas quem já jogou (e terminou) o original, decerto se lembra da sequência (ou em alternativa poderá ler o manual que o autor disponibilizou juntamente com o jogo). Além disso, uma das cavernas tem duas portas, mas só uma é a correcta, a outra levando a um beco sem saída.


Se um dos maiores trunfos de The Witch é estar perante uma adaptação muito próxima do original em termos de mecânica de jogo e de gráficos, não obstante os cenários serem diferentes, em especial nas cavernas, essa é também a sua maior fragilidade. Isto porque mantém-se a tal lentidão de movimentos nas cavernas de que já falámos e que o original padecia. E é uma pena, pois talvez Manu pudesse ter sido nesse aspecto um pouco mais ambicioso e ter dado uma capacidade de movimentos mais rápidos à bruxa, o que melhoraria bastante em termos de jogabilidade, mesmo perdendo-se alguma semelhança com o original. E nem que isso implicasse um maior dispêndio de energia sempre que um inimigo nos tocasse, mas iria sem dúvida beneficiar a aventura. Da forma como está feito, a maior parte das vezes nem sequer nos preocupamos em desviarmo-nos dos inimigos, pois duma forma ou doutra estes vão-nos atingir, limitamo-nos a passar os obstáculos o mais rápido que pudermos (tal e qual como no original). Temos também a sensação que poderá haver inimigos que não se consegue ultrapassar sem lhes tocar, mas aqui pode ser inépcia nossa.

Vamos ser sinceros, experimentámos o jogo até ao fim há mais de um ano, na altura sem som, e não nos sentimos particularmente cativados. Jogar no absoluto silêncio The Witch não era a experiência mais gratificante que poderíamos ter. Agora, com uma melodia a acompanhar a aventura, a história é um pouco diferente. Claro que preferíamos ter também alguns sons sempre que tocamos ou eliminamos um personagem, ou quando saltamos, mas não se pode ter tudo e a música é muito boa, por sinal.


Os gráficos e cenários, e este era um dos atractivos de Cauldron, mantém aqui todo o seu charme. É talvez o ponto que mais nos motiva a avançar nesta aventura. Não tendo o seu trunfo na jogabilidade, muito por força de se querer recriar o original na perfeição, foi na vertente gráfica que Manu apostou as suas fichas para aumentar a atractividade de the Witch. E neste vector o jogo obtém uma pontuação bastante alta, pois o programador deu-lhe alguns toques novos que o diferenciam, para melhor. Aliás, basta ver que o jogo é composto por dois ficheiros (outra das novidades relativamente à versão provisória). Assim, depois de se terminar a aventura com sucesso, deve-se correr o segundo dos ficheiros e acertar no feitiço (não se esqueceram de anotar a receita, pois não?), numa sequência final espectacular criada por Manu e que nem que fosse apenas por isso, valeria a pena persistir e chegar ao fim.

Apesar das lacunas apontadas, The Witch tem interesse. Não chega ao patamar de Laetitia ou Sophia II, este último também tendo entrado na competição da ZX Dev, mas de certeza que quem gosta do original, irá gostar deste remake. Não poderia ser chamado de Cauldron 2, porque esse já existe, mas talvez o autor lhe pudesse chamar de Cauldron 1 1/2, dadas as semelhanças com o original. O melhor elogio que lhe podemos fazer é dizer que The Witch é muito melhor que Cauldron...

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