Nome: Sophia II
Editora: NA
Autor: Alessandro Grussu
Ano de lançamento: 2019
Género: Acção
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Não
Memória: 128 K / TRD
Número de jogadores: 1
Alessandro Grussu era outro programador que andava já há algum tempo a prometer um Mega Jogo. Quase o conseguiu com Sophia, e mais tarde com Doom Pit. neste caso apenas o seu elevado custo (cerca de 25 euros) evitou ter uma classificação mais elevada, não impedindo, no entanto, que o adquiríssemos. E consegui-o agora com a sequela a Sophia, concorrendo também à competição ZX-DEV-MIA-Remakes (supostamente um remake de Styx), sendo um sério candidato à vitória final, julgamos nós.
Grussu chegou no passado a ter alguns jogos que não gostámos particularmente (a saga Seto Taisho), no entanto, justiça lhe seja feita, o cuidado que sempre dedicava aos seus lançamentos era uma coisa de extraordinário. Por exemplo, os seus jogos incluem um extenso manual de instruções em oito línguas, entre as quais o português, e imagine-se, traduzido pelo próprio Grussu.
A história de Sophia II faz parte do manual e vamos apenas fazer um pequeno resumo, até porque quem estiver interessado nela, poderá consultá-lo. Assim, dois anos após a derrota do malvado feiticeiro Yojar, o pequeno Principado Xixerella, administrado em nome do Imperador pela princesa-feiticeira Sophia, é um dos locais mais prósperas do Império, sendo a tolerância religiosa um dado adquirido. Existe um grupo, a Sociedade da Luz Interior, que pretende fortalecer o bem-estar individual através de práticas de meditação em grupo. Surgem então rumores estranhos acerca do que acontece na torre, construída pelos membros da Sociedade. Diz-se que rituais ocultos são por ali realizados, com seres humanos transformados em monstros, e máquinas letais a guardar o local. Existem também casos de pessoas misteriosamente desaparecidas.
Uma noite uma patrulha descobre uma criatura horrenda e hostil, aparentada com uma aranha vermelha enorme. Conseguem-na capturar e trazem-na para Sophia, que imediatamente sente uma aura maligna vindo da criatura. Lança-lhe então um feitiço que a transforma na sua forma original: um membro da Sociedade que havia desaparecido naquela noite. Este relata que não se lembra de nada, a não ser participar de um ritual colectivo realizado pela Sociedade na torre.
Investigações posteriores realizadas por agentes secretos infiltrados por Sophia dentro da Sociedade revelam a verdade. A Sociedade não é mais que uma frente gigantesca, atrás da qual uma entidade obscura conhecida como o Ceifador se esconde e que explora a força vital das pessoas para vir a tomar conta de todo o Império. Cabe a Sophia, mais uma vez, impedi-lo, penetrando na torre e confrontando o Ceifador. Está assim dado o mote para mais um jogo criado com o Arcade Game Designer, mas que à semelhança de Laetitia, é constituído por níveis distintos entre si.
O primeiro deles é passado na masmorra e é talvez aquele que mais faz lembrar a prequela. Num enorme labirinto, repleto de inimigos, Sophia tem que encontra quatro relíquias roubadas pelo Ceifador, um pergaminho, um cálice, um ankh e uma ampulheta. Só depois de os encontrar a todos, poderá ir ao covil da aranha e derrotar o primeiro dos big bosses (ecrã em cima).
Sophia tem como arma os seus feitiços, que se atingem por três vezes os inimigos, eliminam-nos, por vezes deixando um objecto. Estes nem sempre são benéficos, pois se o cristal da vida, o Yin-Yang e o escudo repõem os níveis de energia e de mana a Sophia, ou concede imunidade momentânea, outros reduzem a energia ou roubam os objectos que Sophia tem em seu poder. Existem ainda portas que apenas são abertas após se obter um determinado objecto (triângulo, quadrado ou círculo), pelo que mapear e delinear muito bem o caminho a percorrer é fundamental.
O segundo dos níveis é passado debaixo de água, e foi talvez aquele que menos gostámos devido à sua repetitividade, uma das fragilidades do AGD, como temos vindo a dizer, e que implica fazer-se o mesmo caminho diversas vezes como forma de prolongar a duração do jogo).
A passagem subaquática liga a masmorra à torre e está infestada de seres marinhos, outrora inofensivos, mas que agora, sob o jugo do Ceifador, se tornaram uma ameaça real. Sophia tem que encontrar quatro amuletos e, um a um (apenas pode carregar um de cada vez), levá-lo até um vulcão e destruí-los. Apenas quando o último dos amuletos for destruído é que a porta para a torre é aberta, não sem antes ter que lutar com um enorme cavalo marinho, descobrindo previamente o seu ponto fraco.
A novidade neste nível é que Sophia, apesar de respirar debaixo de água, vai perdendo alguma energia, não obstante poderá encontrar umas bolhas de ar (ecrã em cima do ponto de saída), que restauram a energia ao máximo. Tal como no nível anterior, terá que encontrar os objectos que permitem desbloquear algumas portas.
E Sophia, depois de derrotar o ser no ecrã acima, entra na torre. Este nível é substancialmente diferente dos restantes (e o melhor, na nossa opinião). Aqui estamos perante um puro platformer, com inúmeros inimigos para evitar (saltando), plataformas para atingir, etc, sendo a precisão e timing de salto fundamentais.
A torre é também a sede da Sociedade, ou seja, o local onde o Ceifador guarda as suas temíveis máquinas de guerra, nomeadamente espinhos sob rodas, andróides com poderosas garras em vez de mãos, robôs saltitantes, etc... E contra eles, Sophia não pode usar os seus feitiços, apenas confiando na sua agilidade e reflexos (ainda por cima não pode voar). Sophia tem então que pular e usar as escadas e plataformas móveis para contornar a torre.
Como se não fosse pouco, o local também é repleto de outro tipo de perigos, como poças ácidas que emanam gases fatais, pisos em chamas, pesos que caem sobre Sophia, lâminas giratórias, pontas afiadas e canhões, não havendo qualquer possibilidade de Sophia conseguir restaurar a energia. Existem ainda portas que terão que ser desactivadas puxando as respectivas alavancas e que se encontram noutros locais da torre, ou seja, na prática Sophia terá que explorar todos os cenários. Se Sophia conseguir chegar ao cimo da torre, dá-se o confronto final com o Ceifador, e podemos dizer que esse não é pêra fácil...
Sophia II foi um jogo que francamente gostámos bastante. Haverá muitos que poderão achar que é mais do mesmo, que as limitações do AGD fazem com que todos os jogos pareçam iguais. Não é essa a nossa opinião, e mesmo sendo inerente alguma repetitividade, programadores como Jaime Grilo ou Alessandro Grussu estão a reinventar o próprio motor (a par dos melhoramentos efectuados por Allan Turvey), criando jogos com uma diversidade tal que convida sempre a fazer mais uma tentativa, sem entrar na monotonia.
Poderão também achar que dar o estatuto de Mega Jogo a Sophia II será exagerado, fazendo a comparação com os mega jogos dos anos 80. Não é comparável, na nossa opinião, pois estes tinham orçamentos brutais e uma equipa vasta a trabalhar neles, além de que eram pagos e bem pagos. Não é aqui o caso, Sophia II é inteiramente gratuito, é extremamente viciante, tem gráficos excelentes, uma melodia fora de série, e é imperdível por todos aqueles que querem passar uns bons momentos.
O jogo e restante material poderá aqui ser descarregado, cortesia de Alessando Grussu,
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