Nome: Mr. Do!
Editora: NA
Autor: Adrian Singh, Mark Jones
Ano de lançamento: 2019
Género: Acção
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 48 / 128 K
Número de jogadores: 1
Tempos houve em que os jogos do Spectrum, em vez de gráficos sofisticados, primavam apenas pela simplicidade, mas com uma grande jogabilidade, difícil de encontrar no período pós 86/87. E é nesta base que Adrian Singh e Mark Jones nos apresentam uma conversão directa de um jogo que, segundo dizem, fez sucesso nas máquinas de arcada na primeira metade dos anos 80: Mr Do!. Não temos memória das máquinas de arcada dessa altura, pois não frequentávamos os salões de jogos, mas acreditamos plenamente, tendo em conta a excelente experiência que tivemos com esta versão.
E o cuidado neste lançamento é tal que os programadores até nos deram uma capa (que é um mimo) para criarmos a nossa própria cassete, e que além disso contém as instruções básicas para se poder avançar no jogo.
O objectivo principal é fazer o máximo de pontos possível na colecta de cerejas, para isso escavando o chão que impede a nossa progressão, mas também dos nossos inimigos. O nosso personagem é chamado de, Mr. Do!, um palhaço do circo, constantemente perseguido por monstros vermelhos que se nos alcançam roubam uma vida. Apenas começamos com três, embora tenhamos a possibilidade de ganhar mais durante o jogo, limpando a palavra "EXTRA", e bem vamos precisar delas.
Os inimigos podem ser eliminados de duas formas, e aqui, além da habilidade e reflexos rápidos, entra um elemento da estratégia. A primeira das formas é através de uma bola que o nosso personagem lança e que vai saltitando ao longo dos corredores abertos / escavados, até atingir um inimigo. No entanto, há que usar esta arma com parcimónia, pois enquanto a bala saltita pelos corredores à procura de um inimigo, ficamos indefesos. Por outro lado, entre cada utilização, a arma vai demorando mais tempo até ficar disponível para ser utilizada, e enquanto estamos sem a possibilidade da sua utilização, os inimigos, que possuem um nível de IA (
Artificial Intelligence) elevado, tentam por todos os meios encurralar-nos (a fazer lembrar Pac-Man).
Uma forma mais limpa de limpar os inimigos do cenário é acertar-lhes com uma maçã no cocuruto. Sistema semelhante ao utilizado em Boulder Dash, pois quando limpamos o terreno debaixo da maçã, essa cai, esmagando tudo aquilo que se encontre em baixo, sejam inimigos, seja o nosso personagem (muitas vezes iremos provar do nosso próprio veneno). Além disso, os nossos inimigos também utilizam esta estratégia para nos atingir, por vezes esmagando os próprios monstros que se encontram no caminho, único efeito colateral positivo.
E como se as coisas não fossem já complicadas o suficiente, por vezes os monstros transformam-se numa espécie de
bulldozers, que além de poderem comer a as maçãs e avançar no terreno ainda não escavado, exigindo muita perícia para deles se conseguir escapar, apenas são eliminados com uma bola certeira.
No centro de cada cenário existe um gerador, é é dai que aparecem os monstros. Depois de todos serem gerados, transforma-se num doce (ver instruções) o qual temos a possibilidade de "comer", abrindo novas possibilidades. Mas isso não iremos desvendar, terão que o descobrir por vós.
Mr. Do!, têm óbvias semelhanças com os já referidos Pac-Man e Boulder Dash (este lançado originalmente em 1983). Mas esta versão moderna para o Spectrum remete também para jogos mais recentes que nos encantaram pela sua simplicidade, casos de
Terrapins ou
Maze Death Rally-X. O mais importante não são os gráficos, se bem que sejam bastante aceitáveis, apenas apontando um uso inadequado da cor em alguns cenários (tal como na versão de arcada), provocando o inevitável
colour clash (não que isso seja problema), ou a agradável melodia, no modo 128K apenas, mas sim a imensa jogabilidade e o vício terrível que provoca, tendo aquele toque de "vamos lá tentar mais uma vez" que apenas os melhores jogos possuem.
Não sabemos o número de níveis, se os 30 da versão de arcada (voltando depois ao primeiro nível), se menos devido às própria limitações do Spectrum. Isso só saberemos responder quando dermos a volta ao jogo, mas (felizmente) ainda está longe de acontecer. Mas mesmo que tenha apenas 10, aquele que já alcançámos, exige muitas horas de treino pela frente.
Saúda-se então o regresso de Mark Jones ao panorama do Spectrum, ele que tanta coisinha boa nos deixou nos anos 80 (Arkanoid, Wizball, entre outros), e também com algumas aparições mais recentes, casos de Dingo e Encyclopaedia Galactica. Aguardamos agora ansiosamente pelo seu próximo jogo, não esquecendo o trabalho brilhante de programação de Adrian Singh, garantia de uma dupla de sucesso. Obrigatório, sendo já um dos grandes jogos de 2019!