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segunda-feira, 19 de agosto de 2019
Deer Creek
Nome: Deer Creek
Editora: NA
Autor: Gareth Pitchford
Género: Aventura de texto
Ano de lançamento: 2019
Teclas: NA
Joystick: NA
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1
E que tal brincarmos um pouco com as palavras homófonas (pronunciam-se de forma idêntica, mas escreve-se de forma diferente)? Na nossa língua existem inúmeros casos, como "conselho" e "concelho", ou "cozer" e "coser", e até vemos muito boa gente a aplicá-las erradamente. E é com isto que Gareth Pitchford brinca, ensinando, no seu novo jogo: Deer Creek (o título é um bom exemplo desta figura de estilo).
Alerta-se logo de início para quem não é fluente na língua inglesa que poderá deixar escapar algumas das charadas, muito embora a maioria até seja facilmente perceptível. Aliás, para se resolver a maior parte dos quebra-cabeças do jogo até se recorre a este tipo de palavras, pelo que é aconselhável estarem munidos de um bom dicionário da língua inglesa para conseguirem compreender os textos na sua totalidade. E vale a pena o esforço? Dizemos já de caras que sim...
Outra novidade desta aventura é que foi criada a pensar nos mais pequenos (ou naqueles que agora se estão a iniciar no género). E porquê? Em primeiro lugar porque o jogo vem acompanhado de um tutorial muito simples, na forma de uma "bruxa" com quem interagimos inicialmente, assim como inúmeros conselhos (não "concelhos"), que vão sendo fornecidos ao longo da acção, algo que Escape from Dinossaur Island DX também recentemente fez. Mas também porque os desafios propostos são relativamente simples de serem resolvidos, embora nem por isso deixem de ser estimulantes. Outra das grandes virtudes de Deer Creek é agarrar-nos desde o início, sejamos miúdos ou graúdos, amadores ou profissionais das aventuras de texto...
E quanto à história? Tudo começa quando adormecemos na sala de aula. O professor dissertava sobre palavras homófonas, e resolvemos então descansar um pouco as pálpebras. Quando acordamos não estamos na sala de aulas mas sim num parque de estacionamento, junto ao nosso carro, ao qual falta um pneu, como iremos descobrir se o examinarmos (a palavra de ordem é examinar e procurar tudo). Não temos assim outra saída senão entrar na pequena vila que se encontra à nossa frente, Deer Creek, e aqui começa a aventura. No final, se ai chegarmos, obviamente, iremos encontrar o pneu no local mais improvável e finalmente regressar ao mundo real.
Apesar dessa ser bastante simples e vocacionada para a pequenada (não existem mortes súbitas nem outras maldades do género), tem perto de três dezenas de locais para visitar (para vos poupar trabalho, deixamos um mapa arcaico e manual que fizemos, mas que poderá ser bastante útil), e quase duas dezenas de personagens com quem interagir. Os comandos também não são muitos, os habituais "look", "examine" (ou "x"), "search", "get", "drop" e "give", além dos quatro pontos cardeais, mas também o "talk", fundamental para se perceber o que cada personagem pretende. É assim crucial entrar-se em conversações com todas as pessoas o mais breve possível, pois apenas lhes entregando os objectos pretendidos, poderemos ter algo em troca e que nos vai posteriormente ajudar a resolver os diversos puzzles. Lembrem-se que todas as personagens precisam de alguma coisa, cabendo a nós providenciá-las.
Um outro comando extremamente útil é o "Go to". Com quase trinta locais para se visitar, poderia ser fastidioso andarmos de um lado para outro passo a passo. Assim, este comando permite abreviar uma série de acções, colocando o nosso personagem imediatamente no local pretendido. Pitchford pensou então em todos os detalhes e pormenores que contribuem para a enorme jogabilidade de Deer Creek.
É de facto um prazer enorme entrar nesta vila, que parece ter vida própria e cujos personagens estão muito bem enquadrados na envolvente. Deixamos um exemplo, a páginas tantas encontramos um músico. Esse foi escorraçado do bar onde costumava tocar, pois roubaram-lhe o instrumento, e tem agora que o recuperar para voltar a ser feliz. Assim, é encontrado num primeiro local e depois de satisfeita a sua necessidade, vai parar a um outro local.
E quanto aos textos? Nota máxima como já se seria de esperar, até porque muito desta aventura está precisamente relacionado com esta vertente. A escrita é deliciosa, muito bem humorada e com toques de classe, mais uma vez contribuindo para o enorme prazer que tiramos ao avançar no jogo. Aliás, não necessitamos sequer de ser fluentes na língua inglesa para nos apercebermos que este é um dos pontos fortes deste lançamento.
Perante tudo isto, obviamente que já se aperceberam que gostámos mesmo muito deste jogo. Temos a certeza que também gostarão, pelo que aconselhamos a entrarem imediatamente em Deer Creek e resolver os mistérios profundos que assolam essa vila. Não se irão arrepender...
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