Nome: Dirty Dozer
Editora: NA
Autor: Miguetelo
Ano de lançamento: 2019
Género: Plataformas
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Kempstons, Sinclair
Memória: 48 / 128 K
Número de jogadores: 1
Miguetelo tem o condão de criar sempre jogos extremamente originais, juntando vários géneros, normalmente um misto de plataformas com puzzle. Isto já tinha acontecido com Robots Rumble, lançado há mais de um ano e que por uma unha negra não tinha obtido o galardão de Mega Jogo, ou até Double Bubble, de 2016. E Dirty Dozer não foge muito do figurino habitual dos seus jogos, pelo que quem já apreciava o seu estilo, como é o nosso caso, terá amplos motivos para encarar este novo desafio com grande expectativa. Será que estará à altura? Vamos ver...
Imaginem que pegam em Sokoban, juntem-lhe umas pitadas de platformer, mais umas pitadas de arcade, e voilá, têm Dirty Dozer. Um aparte, apenas: este foi dos jogos que mais dificuldade tivemos em definir o estilo. Considerámos que era um jogo de plataformas, mas se fosse puzzle ou de acção, não escandalizaria ninguém.
Convém também explicar de forma muito sintética em que consiste o Sokoban: é um quebra-cabeças no qual movimentamos cubos ou caixas, para serem colocadas em locais específicos. Pelo meio encontram-se muitos obstáculos, além de que apenas se pode movimentar uma caixa de cada vez, não podendo ficar entalada nas paredes, sendo assim necessário muita ginástica mental para se conseguir resolver a charada. Também isto se passa neste jogo, pois o objectivo final de cada um dos 22 níveis é com uma retro-escavadora (ou bulldozer, como preferirem, dai o título do jogo), colocar uma caixa no local indicado para o efeito.
No entanto, e ao contrário do magnífico SokoBAArn, por exemplo (mais um jogo inspirado no Sokoban), que apresenta quebra-cabeças para serem resolvidos de forma pausada, quase pé ante pé, isso não acontece em Dirty Dozer. Não que exista um tempo limite para se completar cada nível, mas porque surgem então os restantes elementos de arcada. Os primeiros níveis até são bastante pacíficos, mas a partir de certo ponto começam a aparecer os obstáculos móveis. Raios que patrulham os caminhos, e até os célebres tubos que esmaga quem passar por baixo (a fazer lembrar a saga Monty), são o pão nosso de cada dia nos níveis mais avançados. Mas existe pior, pois uns seres semelhantes a gárgulas disparam bolas de fogo que se nos atingem, teremos que recomeçar o nível com menos uma vida.
Além disso temos uma preocupação extra, não só teremos que seleccionar muito bem o caminho a fazer, para que a caixa não fique entalada em algum ponto que depois não possa ser movida, mas esta também não pode ser atingida por nenhum dos inimigos. Acreditem que não é fácil ter que controlar a retro-escavadora e a caixa ao mesmo tempo, sendo por vezes necessário fracções de segundo para se conseguir movimentar a caixa de forma segura, ao mesmo tempo conseguindo desviar a retro-escavadora dos inimigos.
Por outro lado, a retro-escavadora tem capacidade de destruir os blocos de tijolo. E terão que o fazer ainda antes de começar a movimentar a caixa, pois a grande maioria deles apenas têm como finalidade impedi-la de chegar ao local de destino. No entanto, ainda antes de começar a destruir-se tudo o que seja possível, convém delinear o caminho que se vai fazer, não vamos cair para algum ponto que depois não se consiga chegar à caixa. Como podem ver, problemas não vão faltar para quem aceitar este desafio.
Os cenários estão também muito bem engendrados por Miguetelo. Quase sempre o caminho mais curto não é o que deve ser tomado (não digam que esperavam outra coisa?), e em alguns dos níveis existem plataformas móveis e tele-transportadores que nos levam a pontos que doutra forma seriam inalcançáveis. Nota máxima neste aspecto para Miguetelo, que ainda por cima juntou cor com fartura, criando um espectáculo visual estupendo.
Quanto à música, esta é agradável, se bem que um pouco repetitiva, e confessamos que a tivemos que desligar, não por que ela não fosse boa, nada disso, simplesmente porque para um jogo que requer muita concentração, como é o caso de Dirty Dozer, qualquer melodia pode distrair-nos, fazendo desviar do objectivo principal.
Dirty Dozer é assim um dos grandes jogos de 2019, se não em tamanho, embora 22 níveis ainda dê para muita coisa, mas em termos de qualidade. É inovador, fazendo-nos lembrar alguns dos jogos de Denis Grachev (embora tenha sido criado com o AGD), e também de Dave Hughes, e tem o condão de nos agarrar até ao último nível. Pode aqui ser descarregado, e esperem também para breve a edição física contendo níveis extra. Iremos manter-vos informados quanto a isso.
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