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sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Jogos de Formula 1 para o Spectrum

E depois dos jogos de ténis, avançámos para outro desporto, desta feita motorizado. É um género por demais popular, havendo provavelmente mais de uma centena de jogos lançados desde os primórdios do Spectrum, mas apenas uma pequena percentagem directamente relacionada com o Grande Circo da Fórmula Um. E são precisamente esses que aqui vamos analisar, incluindo apenas aqueles que na nossa óptica serão os mais importantes.
  • Chequered Flag (1983)
Provavelmente o primeiro jogo de Fórmula Um a aparecer para o Spectrum. Não foi daqueles que envelheceu bem, mas mesmo assim mantém o carisma e percebe-se porque a juventude do início dos anos 80 passou muitas horas a jogá-lo. É uma luta contra o tempo apenas, pois não existem outros carros / concorrentes, mas inclui 10 pistas e 3 carros diferentes, um com mudanças automáticas, outro com semi-automáticas e o último com mudanças manuais, apenas aconselhável aos profissionais que já dominam a mecânica de Chequered Flag. A seu desfavor uma escolha de teclas que é tudo menos funcional, reduzindo a sua jogabilidade.

  • Brum Brum (1984)
Brum Brum é o antecessor do mais célebre jogo de Fórmula Um (Formula One, CRL), e tal como esse, estamos perante um manager, não um simulador. As opções são muito básicas, limitamo-nos a comprar ou arranjar os vários equipamentos do bólide, e depois escolher a sua performance, havendo três opções à escolha. Longe da profundidade do seu sucessor, no entanto toda esta simplicidade é cativante, em especial quando jogado com outros parceiros. E melhor de tudo, é produto nacional, tendo sido lançado pela Astor Software.

  • Formula One (1984)
Apesar do jogo ter sido lançado pela Spirit Software em 1984, só no ano seguinte é que se tornou conhecido, através do relançamento pela Mastertronic (acrescentou-lhe o nome Simulator). E vendeu que nem pãezinhos quentes, mesmo tendo muito pouco de simulador. Na realidade, acelerar neste bólide é muito difícil (para não dizermos completamente injogável), e nem o facto de ter 10 pistas à disposição, opções como caixa de velocidades manual ou automática, ou a possibilidade de praticar antes de tentar a qualificação o salva. De facto, este falhou a grelha de partida, ficando a milhas de Chequered Flag...

  • Pole Position (1984)
Pole Position foi o primeiro race'n'chase realmente interessante a aparecer para o Spectrum. Claro que alguns jogos que apareceram meia dúzia de anos mais tarde conseguiram superá-lo, mas na altura em que surgiu foi um verdadeiro sucesso. Apesar de não recriar uma corrida de Fórmula Um, pelo menos tal como Chequered Flag o fez, introduziu a concorrência, isto é, não nos limitamos a correr contra o tempo (embora seja este o objectivo final), mas também temos outros carros na pista que temos que ultrapassar, embora a sua posição não interesse. Mas acima de tudo, Pole Position tem ainda nos dias de hoje grande jogabilidade e é divertimento garantido para muitas horas, mesmo tendo apenas uma pista como desafio.  

  • Formula One (1985)
Estranho como um jogo que foi arrasado pela crítica em 1985, ainda hoje permanece como um dos jogos mais populares para o Spectrum, pelo menos em Portugal. Aliás, se pedirmos às pessoas para fazerem um top dos melhores jogos, Formula One estará contemplado nas listas de muito boa gente. E merecidamente, pois pegando no tema de Brum Brum, consegue melhorá-lo em todos os aspectos, introduzindo uma série de novas opções como a escolha de pneus ou a ida às boxes, que muita frustração provocou em quem tentava mudar os pneus no mínimo tempo possível. É o jogo perfeito para entreter toda a família. E apostamos que sabem de caras o que quer dizer o número "251".

  • Nigel Mansell's Grand Prix (1988)
Em 1988 surge a primeira simulação verdadeiramente real de um monolugar da Fórmula Um, contemplando inclusive os 16 grandes prémios da época desportiva de 1987. Quem estiver à espera de um puro race'n'chase pode tirar o cavalinho da chuva. Nigel Mansell's Grand Prix é muito mais que isso e antes mesmo de tentarmos conseguir tempos para participar num Grande Prémio, teremos que praticar até à exaustão cada circuito, tal e qual como um piloto de Fórmula Um. Mas ainda antes disso, teremos que estudar todos os parâmetros do bólide, incluindo a sempre difícil mudança de velocidades, pois não existe caixa automática. Para experts, apenas, mas verdadeiramente recompensador.

  • Continental Circus (1989)
Apesar do nome o dar a entender (e houve alguma confusão com a palavra "circus" na altura do seu lançamento), não estamos perante um campeonato na verdadeira acepção da palavra, antes obtermos a qualificação para cada um dos oito circuitos, e isso passa por conseguirmos terminar a corrida abaixo da posição pré-definida de início (um pouco como Road Race, tendo também semelhanças com Pole Position). Mas apesar de Continental Circus ser pouco realista, se comparado com a saga Nigel Mansell, a jogabilidade é muito boa, proporcionando grande diversão para quem gosta do género race'n'chase. Aposta ganha nesta parceria Virgin Mastertronic, sendo que estas duas editoras não são propriamente conhecidas pela consistência dos seus lançamentos.

  • Grand Prix (1989)
Grand Prix pega em Brum Brum e Formula One, adiciona-lhe 1.001 opções, aumenta-lhe exponencialmente o grau de dificuldade, e entrega um produto que fica muito aquém da soma das suas partes. Não é no conceito que falha, pois a ideia tinha tudo para funcionar, mas sim a sua concepção, pois aquele que poderia vir a ser o melhor gestor de uma escuderia da Fórmula Um, pouco mais é que um jogo monótono, chato e que só mesmo os mais pacientes poderão gostar e conseguir levar um campeonato até ao fim. Além disso apresenta tempos de espera entre opções dignos de Football Director (da mesma editora).

  • Grand Prix Circuit (1990)
A Accolade pegou em dois dos seus jogos, Cycles e The Duel, qualquer um deles mediano (e estamos a ser simpáticos), e supostamente criou a mais realista simulação de um monolugar da Fórmula Um, no entanto o resultado é simplesmente decepcionante. E até começou bem, pois depois de um menu inicial interessante, com três modos à escolha, praticar, corrida única ou campeonato, e de também escolhermos o carro (entre três à escolha, com características distintas), iniciamos uma série de voltas contra o tempo com o objectivo de conseguir um lugar na grelha. Se o conseguirmos, segue-se a corrida. No entanto Grand Prix Circui sofre de um mal comum a muitos jogos do género: não se consegue estabilizar o carro, andando-se invariavelmente de um lado para o outro. Agora experimentem ultrapassar um carro nestas condições. Este não conseguiu obter lugar na grelha de partida...

  • Super Monaco GP (1991)
A US Gold não é conhecida pela consistência dos seus lançamentos, tendo alguns (muitos) turkeys no seu portfolio. Não é o caso de Super Monaco GP, que ao contrário de Grand Prix Circuit, tem uma jogabilidade excelente, isto é, o carro é perfeitamente manobrável, e incluí ainda três diferentes bólides, um deles com mudanças automáticas (indicado para os principiantes). São apenas quatro pistas, sendo a última o Mónaco, o que retira algum realismo ao jogo, muito mais virado para a arcada, do que para a simulação, mas o que é que isso interessa quando temos aqui divertimento garantido para muitas horas?

  • Championship Run (1991)
A Impulze, uma filial da Zeppelin (especializada em jogos budget), tentou entrar no mercado das grandes editoras, no entanto sem qualquer sucesso. E não é de admirar, pois apesar de terem um preço mais elevado, nos seus jogos não abundava a qualidade, sendo Championship Run um perfeito exemplo do que aqui falamos. O jogo tentou ser uma cópia de Continental Circus, no entanto, assim que entramos no menu inicial, notam-se as diferenças para pior. Uma escolha de teclas pouco funcional e menus pobres, dão logo o mote para aquilo que se segue: fraca jogabilidade, um carro praticamente incontrolável, a ser constantemente abalroado pelos restantes concorrentes, levando a que rapidamente se desista de tentar avançar na corrida, isso pressupondo que nos conseguimos qualificar. Para esquecer, ainda mais quando a oferta do género é grande e na maioria dos casos muito mais rica.
 
  • F-1 (1991)
Em 1991 a Zigurat aventurou-se também pelo Grande Circo. As opções iniciais levavam a entender que poderíamos estar perante um vencedor. Assim, além do modo de treino, é possível fazer-se uma corrida única, ou um campeonato completo. Pode-se escolher por mudanças manuais ou completas, o número de voltas e até os pneus, sendo permitido ir às boxes mudar pneus, motor ou reabastecer. No entanto a jogabilidade é praticamente nula, com três problemas graves: Em primeiro lugar o sermos constantemente abalroados por trás, mesmo em linha recta, a diminuição da velocidade quando estão vários bólides no ecrã, e o pior, o controlo da temperatura do motor que faz com que ao final das primeiras curvas já esteja em sobreaquecimento, sendo que apenas por pura sorte se consegue terminar uma corrida.

  • Grand Prix Challenge (1992)
Depois da desilusão que foi Grand Prix (D&H Games), uma outra editora independente, a Challenge Software pegou no tema e criou mais um gestor de uma escuderia da Fórmula Um. Embora não atinja o carisma de Formula One, conseguiu criar um jogo interessante, sem os longos tempos de espera que se encontravam no programa da D&H Games, pois existem menos opções para gerir, mas ficaram os conteúdos que realmente interessam. Apenas o grau de dificuldade é demasiado elevado, faltando-lhe assim uma opção para controlar esta vertente, no entanto isso apenas motiva a preservar até se conseguir começar a pontuar nas corridas.

  • Nigel Mansell's World Championship (1993)
Nigel Mansell's World Championship foi dos últimos jogos a serem lançados comercialmente para o Spectrum durante o seu período de ouro (1982-1993) e apenas foi possível porque houve uma campanha bem-sucedida promovida pela Your Sinclair para que a Gremlin avançasse com o jogo. É também o mais complexo dos simuladores de Fórmula Um, cavando uma diferença abismal para Nigel Mansell's Grand Prix, aproximando-se mesmo daquilo que já se fazia nos 16 bits. Não é para principiantes, mas é uma experiência bastante estimulante e recompensadora, e não fosse o facto dos gráficos serem um pouco confusos, estaríamos perante o melhor simulador a aparecer para o Spectrum.


Analisando os jogos mais importantes que apareceram com a temática da Fórmula Um, verificamos que a maior parte deles são bastante válidos, havendo ampla escolha para todos os gostos. Para quem pretende um desafio mais imediato, nomeadamente um puro race'n'chase, Pole Position, Continental Circus e Super Monaco GP farão as delícias dos aceleras. Por outro lado, quem quiser um verdadeiro simulador, sem se importar que uma corrida demore duas horas, ambos os jogos baseados no piloto Nigel Mansell serão boa opção, recomendando-se que se comece com o mais antigo. E finalmente, porque também há quem goste do estilo manager, Formula One continua sem concorrente à altura, embora o produto nacional Brum Brum também seja uma excelente escolha.

2 comentários:

  1. Excelente análise André. Parabéns. Passei muitas horinhas no Pole Position. :)

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    1. Também eu, também eu. Na altura era o melhor do género :)

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