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domingo, 23 de fevereiro de 2020

On the Queen's Footsteps


Nome: On the Queen's Footsteps
Editora: NA
Autor: Davide Bucci
Género: Aventura de texto
Ano de lançamento: 2020
Teclas: NA
Joystick:  NA
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1

No ano passado, Davide Bucci brindou-nos com uma das grandes aventura do ano: Two Days to the Race. Grande em termos de dimensão, pois o jogo tinha quatro partes, acessíveis através de um sistema de password, mas também grande em qualidade. E se bem se recordam, a aventura centrava-se em Emilia Vittorini, filha de Augusto Vittorini, fundador da Industria Torinese Automobili (ITA). Emilia herdou o espírito empreendedor do pai e a coragem de Indiana Jones, e participa em verdadeiras expedições à cata de tesouros perdidos.

A nova aventura, a qual ajudámos a testar, contém quatro partes como a primeira, e desenrola-se a partir deste ponto (actividade aventureira de Emilia). Estamos no dia 27 de Agosto de 1904 e a nossa personagem encontra-se em Génova a acompanhar a chegada dos tesouros arqueológicos que encontrou no Egipto e que irão ser remetidos para o Museu Egípcio de Turim. São 25 caixas de madeira contendo o espólio da Rainha Nefertari, que estão então em trânsito, mas enquanto isso, Emilia foi convidada para uma recepção na sumptuosa mansão de Eugenio Collovati, Conde de Raligotto. Embora contrariada, não faltou ao evento, não que o tenha apreciado particularmente. Depois da recepção e de um merecido descanso no seu quarto de hotel, vai então confirmar que tudo se encontra em conformidade e que o tesouro chegará são e salvo ao museu.

Nesta primeira parte Emilia vai-se aperceber-se que afinal a encomenda desapareceu e terá agora que descobrir quem o fez e onde se encontra agora o tesouro. A acção decorre em alguns dos pontos mais emblemáticos de Génova (são cerca de 20 diferentes locais), e é necessário ir-se descobrindo as pistas que permitem pelo menos à aventureira aproximar dos responsáveis pelo roubo. Alguns dos locais apenas são acessíveis após certas acções serem realizadas, e, se tudo correr bem, Emilia irá descobrir uma pessoa-chave em certo local, terminando ai a primeira parte.


Depois de se introduzir a password dada no final da primeira parte, inicia-se a segunda. A acção agora foi transferida para Turim (cerca de 20 locais, novamente). A viagem de comboio entre Génova e Turim durou seis horas e Emilia foi apreciando a paisagem. Assim que chegou, foi visitar o seu pai (e o gato, que se bem se lembram já aparecia no anterior jogo), que lhe dá valiosos concelhos. Aliás, o pai é uma figura central desta segunda parte, pelo que deverá ser visitado sempre que se entenda como necessário. A trama começa aqui a ganhar contornos macabros, incluindo a descoberta de um corpo, fazendo os e quebra-cabeças e diálogos por vezes lembrar obras como Il pendolo di Foucault ou The Woman with the Alabaster Jar.

Na terceira parte a história torna-se ainda mais densa, entrando-se directamente nos segredos e cerimónias secretas das sociedades ocultas. A acção passa-se novamente em Génova e estamos num local familiar da primeira parte. Ou talvez não, pois algumas mudanças ocorreram, como facilmente notamos. Resolvida a primeira charada, entramos directamente nas catacumbas da cidade, fazendo-nos até lembrar as de Lisboa, conforme tivemos oportunidade de o dizer a Davide. Por coincidência, ou não, terminámos esta parte na véspera do Halloween do ano passado, o que tendo em conta a temática, foi bastante apropriado. De qualquer forma, para os mais impressionáveis, vão sofrer uns arrepios na espinha à medida que forem avançando, descobrindo verdadeiras histórias e locais macabros.

Por fim, chega-se à quarta e última parte, bastante mais curta que as anteriores (tal e qual como em Two Days to the Race). Para isso basta colocar a password dada quando terminam a terceira parte, nesse mesmo ficheiro. Entram então directamente nos local onde decorrem as cerimónias da sociedade oculta, e encontram então o precioso bem que terão que devolver ao museu. Mas apesar de mais pequena, esta quarta parte, nem por isso é mais fácil, como irão perceber quando se virem entalados entre uma sala cheia de água, e um nicho que permite ver o altar cerimonial. Mas para isso terão que lá chegar.


O que mais gostámos nesta aventura, além dos desafios difíceis, mas lógicos e solucionáveis após alguma pensamento lateral (e por vezes fora da caixa), é de todo o ambiente associado à aventura. Davide recria na perfeição, em cada um das partes, as cidades e locais onde a acção se desenvolve. Diálogos muito bem construídos, quase como se de um livro se tratasse, convida a levar a aventura até ao fim. Se no anterior jogo, por vezes notavam-se algumas imperfeições derivadas do inglês não ser a língua nativa do programador, em On the Queen's Footsteps os textos encontram-se mais apurados, havendo sempre vários sinónimos que permitem, mesmo a quem não seja fluente na língua inglesa, possa ir avançando sem sobressaltos de maior (aparte os derivados da própria história macabra e que provoca alguns arrepios na espinha, conforme antes referimos).

On the Queen's Footsteps é assim séria candidata a melhor aventura de 2020, ideal para todos os iniciados nas artes das aventuras de texto, mas que também os mais experientes irão gostar. Experimentem-na, descarregando-a aqui, temos a certeza que não se irão arrepender. 

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