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terça-feira, 19 de maio de 2020

The Lost Treasures of Tulum


Nome: The Lost Treasures of Tulum
Editora: Retroworks
Autor: Sejuan, WYZ, Utopian e Metalbrain
Ano de lançamento: 2020
Género: Plataformas
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Kempston
Memória: 128 K
Número de jogadores: 1

Um novo jogo da Retroworks é sempre um acontecimento especial. Cada um dos seus trabalhos, além de tecnicamente ser perfeito ou estar muito próximo disso, é alvo de todo os cuidados e detalhe, desde a história, passando pelos extras que acompanham os seus lançamentos digitais ou edições físicas, até às vertentes intrínsecas que fazem parte parte do jogo, isto é, o grafismo, som, jogabilidade, etc.. Não obstante, e apesar de The Lost Treasures of Tulum incluir todos estes predicados, e ser um bom jogo, não achámos que estivesse ao nível de alguns outros desta editora. Mas isto apenas porque as expectativas criadas são sempre enormes. Estamos mal habituados, reconhecemos...

A história remete-nos para o antigo império Asteca. Assim, Coatlicue era reverenciada como a mãe dos Deuses, representada como uma mulher vestida com uma saia de cobra. Os seios estão descaídos,  simbolizando a fertilidade, e com um colar com mãos e corações humanos que representam a vida. Tinha como marido Mixcoatl e morava na colina de Coatepec, estando em penitência, varrendo. E certo dia, enquanto varria, uma bela pluma caiu do céu, tendo-a apanhado e colocado no peito. Quando terminou de varrer, procurou a pena, mas não a encontrou. Naquele momento ficou grávida do Deus Huitzilopochtli (Deus do Sol). Aquela misteriosa gravidez ofendeu os seus quatrocentos filhos (os Deuses das Estrelas Centzon Huitznáhuac) que, instigados por sua irmã Coyolxauhqui (Deusa da Lua), decidiram matar a sua mãe. Mas Huitzilopochtli, filho recém-nascido de Coatlicue, defendeu a sua mãe, matando a sua irmã e seus irmãos, salvando-a.

Até aqui tudo típico das lendas astecas, com muito sangue e crimes pelo meio, mas o nosso protagonista, Juanín Joe Díaz, encontrou um pergaminho antigo no México, numa das tumbas que estava a explorar. Nesse pergaminho, uma história estranha foi narrada dizendo que Coatlicue fugiu dos vales Tollan-Xicocotilan, dando a entender se foi esconder no templo de Tulum, que na época era conhecido como Zamá (na linguagem Maia significa amanhecer), ajudado pelo seu filho Sol e perseguido pelo espírito de sua filha Lua. Juanín ficou tão impressionado com a lenda, que decidiu seguir as indicações do pergaminho para aceder à área de Tulum, onde aparentemente estavam localizados as alas de Coatlicue. No entanto, assim que entrou, ficou preso, e agora, a única forma de escapar é conseguir recolher as jóias deixadas por Coatlicue, com a ajuda do Deus Sol, e evitando os ataques dos Deuses das Estrelas e as maldições da Deusa da Lua.

A história é complexa, mas fundamental para percebermos o jogo, dando dicas sobre como se levar a missão a bom termo, isto é, ajudar Juanín a escapar do templo.


Iniciamos a missão numa gruta secreta do templo de Tulum. A escuridão é quase total, mas temos uma tocha em nosso poder, e esta vai alumiando o caminho. O efeito, mesmo não sendo inovador (Dark Castle já utilizava esta mecânica, por exemplo), é sempre visualmente muito interessante, sendo um chamariz muito forte para se ir avançando. E já que falamos em avançar, temos que o fazer da forma mais cautelosa possível, pois as grutas estão recheadas de armadilhas (espigões), que assim que lhes tocamos, rapidamente nos roubam energia, medida pela barra superior. Quando esta se esgota o jogo termina (apenas temos uma vida). Estes espigões estão colocados, como seria de esperar, nos locais menos convenientes, sempre prontos a aparar as nossas quedas (os astecas eram crédulos e sanguinários, mas não eram estúpidos).

Mas as armadilhas não são os únicos obstáculos com que temos que nos preocupar. A patrulhar as salas, uns segundos depois de entrarmos, aparecem os inimigos. Estes terão que ser evitados a todo o custo, pois a única forma de os eliminar é estranha. Não a forma em si, à lei de chicote, mas porque antes deste poder ser usado, teremos que deitar fora a tocha. Sem a tocha deixamos de ver os novos caminhos (os que já percorremos continuam alumiados), pelo que teremos que voltar a apanhá-la no facho amarelo que representa a tocha eterna, normalmente junto ao ponto onde iniciámos o nível. Uma outra situação estranha, mas que neste caso até joga a nosso favor, está relacionada também com esta questão. Assim, quando os inimigos entram numa zona escura, isto é, não alumiada, simplesmente desaparecem. Além disso não são particularmente inteligentes, pois amiúdes vezes caem nas armadilhas.


Embora sendo estranho termos que lançar fora a tocha para se utilizar o chicote, esta acção acaba por ter uma utilidade. Assim, quando a atiramos, a tocha percorre horizontalmente o ecrã, alumiando por momentos o caminho e revelando as jóias que necessitamos para passar o nível, pressupondo que essas se encontram no trajecto percorrido pela tocha.

Para se conseguir passar de nível é necessário recolher todas as jóias. Apenas nessa altura se abre a porta que permite avançar para a sala seguinte. Por vezes encontram-se algumas arcas, ocultas na escuridão, que depois de abertas, poderão conter alguns objectos, nem todos úteis. Estes são:
  • Jóias: são necessárias quatro para passar de nível e também aumentam a energia. Não se encontram nos baús. 
  • Chave: permite passar de nível sem a necessidade de apanhar as jóias. 
  • Lua: representa Coyolxauhqui, um Deus menor, filha de Coatlicue. Envolve-nos na escuridão.
  • Sol: Huitzilopochtli, outro Deus menor, que ajuda iluminando a gruta.
  • Coração - permite recuperar a energia.
Periodicamente encontramos uma gruta sem inimigos. Mas não se pense que a tarefa se torna mais fácil, pois nesses níveis não existe a tocha eterna e por isso o nível não vai ficando iluminado. Teremos que o percorrer pé ante pé, com o máximo cuidado, pois um passo em falso e caímos numa armadilha. Aliás, muitas das vezes teremos mesmo que usar a nossa intuição para prever onde se encontram os espigões ou as videiras que permitem trepar, alcançando as plataformas superiores, ou simplesmente para não cairmos no desconhecido.


Os gráficos e cenários estão ao nível habitual da Retroworks, embora tanto colorido provoque algum attribute clash, não que este nos preocupe minimamente. Tal como a melodia bastante atmosférica, criando o ambiente perfeito para um jogo com as características deste. E a jogabilidade é também muito boa, com um nível de dificuldade ajustado, dificil, mas não que impeça mesmo os mais aselhas de avançarem. Capacidade de memorização é exigida, pois estando os níveis escondidos, isto é, não alumiados, sabermos onde se escondem as armadilhas é meio caminho andado para o completarmos. A curva da experiência é assim bastante intensa, e é daqueles desafios que além de ter o toque de "vamos lá tentar mais uma vez", permite também ir um pouco mais longe de cada vez que se joga.

Então porque é que achámos que The Lost Treasures of Tulum não estava ao nível de excelência de outros jogos da Retroworks. É certo que não se pode ter um The Sword of Ianna todos os meses, mas este parece-nos curtinho. São apenas 24 níveis, que se consegue terminar ao final de meia hora. Além disso aconteceu algo muito estranho, pois quando completámos o nível 19, apareceu uma imagem da Deusa e o jogo foi abaixo. No entanto, já vimos o jogo a ser terminado e tem 24 níveis. Algo inexplicável aconteceu, portanto.

Resumindo, The Lost Treasures of Tulum é um jogo divertido, com um "instant appeal" enorme, capacidade de nos prender, mas que mesmo assim fica aquém de outros lançamentos dos mesmos autores. É mau? De forma alguma, simplesmente não é excelente, o que não deixa de ser ingrato como conclusão para um produto que vai ser do agrado de todos.

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