Páginas

Páginas aconselhadas

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Enigmatik

Nome: Enigmatik
Editora: NA
Autor: Furillo Productions
Ano de lançamento: 2020
Género: Aventura
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Não
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1

E finalmente chegamos ao fim da análise aos jogos que entraram na competição Yandex Retro Games Battle 2020. Por esta altura os resultados já terão sido anunciados há muito, no entanto estamos a escrever as reviews bastante tempo antes da conclusão da votação. Independentemente de quem seja o vencedor, mais uma vez o concurso foi de altíssimo nível, com grandes jogos que nos vão ocupar por muitas semanas.

O que hoje aqui analisamos, será talvez o mais original, e ao mesmo tempo estranho, remetendo-nos para produções como Deus Ex-Machina, nas quais procurávamos o sentido da vida. Não é bem isso, mas anda lá quase, como poderão ver no excelente manual que acompanha este lançamento, ou, se não tiverem paciência para o ler, através da visualização do vídeo com a história de Enigmatik (no manual encontra-se a ligação para o vídeo no You Tube). Referência inicial assim para o fantástico manual que acompanha este lançamento, mas também para a cortesia da equipa programadora, que criou versões em português, inglês, e espanhol e russo do jogo (visível no menu inicial). 


A história de Enigmatik é então magnífica, enquadrando devidamente cada um dos vários mini-jogos que fazem parte do jogo. Assim, somos meros convidados do sistema Enigmatik, sendo apresentados a Nene, uma rede neural de inteligência artificial, cuja tarefa é armazenar o núcleo do sistema. Os seus criadores queriam usar o poder das redes neurais para criar um processo automatizado de desenvolvimento de jogos para o ZX Spectrum, baseando-se no mesmo princípio dos algoritmos desenvolvidos nos sonhos: é fornecido uma entrada (input), passa por alguns níveis de distorção, e é gerado depois o output

Os criadores do sistema, por um lado queriam fazer um jogo baseado em lendas e mitos urbanos e, por outro, criar um programa que pudesse medir o QI dos jogadores. Nene recebeu imagens, testes, sequências numéricas e outros conteúdos relevantes e começou a trabalhar no ouput. Tudo correu conforme o planeado até 1 de agosto de 2020. Ai, tal e qual um buraco negro, surgiu uma singularidade. Nesse dia, o sistema foi iniciado por uma entidade estranha, que se apresentou apenas como "A Questão". É um ser extra dimensional muito poderoso, e seguramente não humano. "A Questão" eliminou um código especial no Enigmatik, selando quatro seres dimensionais (também conhecidos por Demónios) no sistema, criando essa singularidade. E agora Enigmatik está vivo. Para que tudo volte ao normal, é necessário um convidado iniciar o jogo e depois encerrá-lo, permitindo selar os Demónios. Adivinhem que é esse convidado?


Feito o devido enquadramento, essencial para se perceber como funciona a mecânica de Enigmatik, vamos aos mini-jogos, cada um referente a um Demónio. Mas antes, e ainda antes de defrontarmos Pazuzu, o Senhor dos Ventos, temos que resolver uma charada matemática / lógica, para avaliar se temos QI suficiente para continuar e, de seguida, descobrir as teclas dimensionais, num desafio semelhante ao Mastermind. Passada esta fase, vamos então tentar aplacar o primeiro demónio. Pazuzu gosta de brincar com a vida humana e coloca-nos num labirinto, onde iniciamos a caminhada com o nascimento, representando a saída do labirinto, a morte. A avaliar pelo ecrã acima parece fácil, não é? Pois experimentem tendo um tempo limite sempre a contar, um coração a bater desenfreadamente e, acima de tudo, teclas aleatórias que entretanto foram descobertas na fase anterior.

Passado este desafio, enfrentamos Ningishzid, o Deus Serpente. Este é particularmente cruel, pois reúne as almas dos caídos e alimenta-se delas para a eternidade. Não parece uma situação muito agradável ser comido para todo o sempre, mas fomos convidados (ou obrigados?) a aceitar a missão e agora temos que a cumprir. Este fase é um clone de Snake, no qual nos vamos alimentando dos ícones amarelos, evitando tocar nos verdes.

O nível seguinte corresponde ao de Seshat, a Deusa dos Cálculos. Não é particularmente demoníaca, mas vê os humanos como meros números, portanto dispensáveis. Gosta de ordem, equilíbrio e continuidade, e é mesmo isso que temos que alcançar no exercício que se segue. O tabuleiro de 4 X 4 apresenta quatro diferentes símbolos e um outro representando umas luvas de boxes. Manipulamos então os diversos símbolos (as luvas de boxe representam aqueles que podem ser modificados), por forma a que cada linha horizontal e vertical contenha os quatro símbolos fundamentais. Na nossa opinião é o melhor dos mini-jogos.  


Ultrapassada esta fase, encontramos Heyoka, o Palhaço Sagrado e Bobo da Corte, que faz jus ao nome e brinca connosco. A missão é replicar exactamente o que Hekoya faz, através das quatro teclas à nossa disposição. Agora, perceber o que cada uma delas faz, é o busílis da questão. Se conseguirmos terminar com sucesso esta fase, o ciclo reinicia-se. Até onde iremos ser capazes, é A Questão?

A equipa programadora conseguiu assim criar um conjunto de pequenos desafios que, se tratados de forma individual, rapidamente cairiam no esquecimento, mas que fazendo parte de um conjunto alargado, ainda por cima com toda a história envolvente, torna-se num jogo aliciante. É também a prova que ferramentas como o Arcade Game Designer ou o La Churrera (utilizado em Enigmatik), permitem desenvolver jogos cada vez mais versáteis. Aliás, isso já o sabíamos, depois de ver o que esta equipa fez com Federation Z.

Assim, uma estrutura e história bastante complexa, contrapõe-se à simplicidade de cada um dos min-jogos, depois de percebermos o que temos que fazer em cada um deles, obviamente, o que provavelmente não sendo o suficiente para coroar Enigmatik como o vencedor da competição, também não deslustra os seus autores. Quanto à ideia e originalidade, mesmo não sendo avaliada na escala seguinte:10 pontos!

4 comentários:

  1. André, thank you very much for your kind review! Next year we will jump to 128k so this is the last of our games with a self-imposed restriction of 48k. For us trying to achieve attractive games with 48k and extending the functionality of MK1 was the goal this year. Jumping to 128k probably will help us to make more visually complex games, at least we hope so. Happy holidays and we wish Planeta Sinclair and their readers a good and healthy 2021.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Thanks. best of luck and I wish you a great, great 2021 :)

      Eliminar
    2. Oh and by the way, believe it or not, one of the inspirations for the game was obtaining a "Teclas: Redefiníveis" from you. ¡¡¡True story!!!

      Eliminar
    3. wow!!!! eheheh, I´m happy to have contributed for the game :)

      Eliminar