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sábado, 27 de janeiro de 2024

Play for Peace


Nome: Play for Peace
Editora: Top Games
Autor: Nuno Miguel Almeida
Ano de lançamento: 1989
Género: Acção
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Kempston
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1
Link para descarga: Aqui

Play for Peace foi um jogo que andou perdido durante quase 30 anos, tendo sido recuperado por Planeta Sinclair há cerca de cinco anos (ver aqui). Curiosamente, depois disto nunca mais conseguimos encontrar a cassete com o jogo, pelo que presumimos que a mesma seja bastante rara.

O jogo encerra também algumas curiosidades. Assim, tornou-se conhecido no saudoso programa Ponto por Ponto quando o Paulo Dimas o apresentou aos lares Portugueses.

Depois, o jogo tem um autor com um passado muito relevante na cena do ZX Spectrum. Não só o Nuno Almeida tem mais alguns jogos na sua carteira, por agora todos MIA (Latas Procuram-se, Pokes para Jogar, Speed Ball - México 86 e ainda uma aventura gráfica inacabada passada no Antigo Egipto), mas foi também uma das vozes Portuguesas importantes do panorama dos videojogos nos finais dos anos 80 e início dos 90. Sim, já estão a ver quem é este Nuno Almeida. É um dos responsáveis pela rubrica de videojogos d'A Capital e que ainda recentemente foi entrevistado para o programa Retro_Gamers. E é também irmão do Pedro Amaral, outro dos responsáveis da mesma rubrica nos anos 80. 

O objectivo em Play for Peace é também muito meritório e extremamente actual, dado a conjuntura mundial. Assim, temos como missão desnuclearizar 15 nações, começando por Portugal e terminando no Brasil. Pelo meio vamos dar um saltinho aos EUA, URSS, Inglaterra, França, Japão, Grécia, Egipto, Bélgica, RFA, Itália, Espanha, China e Austrália. Curiosamente, uma boa parte destes países nem sequer têm armas nucleares, mas presumimos que foi apenas uma forma de mostrar os (excelentes) dotes artísticos do Nuno. De facto, graficamente o jogo roça a excelência, sendo a sua maior virtude.

A forma de desnuclearizar os países é que não deixa de ser estranha. Para isso temos que fazer com que uma pequena esfera, que vai rodando pelo ecrã, atinja a letra "N" que se encontra no cenário (por vezes tem três ou quatro letras juntas, facilitando a tarefa, mas nos níveis mais avançados, apenas tem uma letra no ecrã e conseguir atingi-la é pura sorte).

Referimos a sorte (ou azar) e esta é uma das grandes pechas deste jogo. Controlamos quatro bastões em cada um dos lados do ecrã, numa mecânica a fazer lembrar Arkanoid e quejandos. Com as devidas diferenças, pois o jogo foi desenvolvido em BASIC e isso nota-se e de que maneira na bola, que parece deslocar-se aos soluços. No entanto, ao contrário de Arkanoid, no qual conseguíamos "dirigir" a bola, aqui não o conseguimos fazer. Assim, se tivermos o azar de a bola iniciar o jogo da forma errada, isto é, dirigindo-se para as aberturas da parede nos quais o nosso bastão não pode chegar, ou se toca nos "X" que também estão no ecrã, perde-se uma vida. Antes que isso aconteça, só temos uma coisa a fazer: carregar na tecla de disparo e entrar num mini-jogo, no qual temos que conseguir acertar na opção correcta, que é aquela que nos faz ganhar uma vida e reiniciar o nível, esperando ter mais sorte, desta vez, no local onde a bola inicia a sua caminhada. As outras opções que existem são a de um pequeno bónus (irrelevante) ou duas opções no qual se perde uma vida. Temos assim 25% de hipóteses de sermos bem-sucedidos.


O jogo tem ainda um bug que é no mínimo incómodo. Se a bola for para um dos canto, mesmo este estando tapado com a parede ou o nosso bastão, já sabemos que a bola vai sair do terreno e perder-se uma vida. Antes que isso aconteça, é activar logo a tecla de disparo e jogar novamente ao mini-jogo da sorte (ou azar).

Estas pechas que apontámos fazem diminuir em demasiado a jogabilidade de Play for Peace, o que é uma pena, uma vez que o resto é bom ou mesmo excelente. O grafismo dos 15 níveis podem apreciar acima, numa montagem feita por nós, a ideia por trás do jogo e a sua originalidade são mais dois pontos muito altos e mesmo tendo em conta a pouca interacção que conseguimos ter com a máquina, é divertido e convida-nos sempre a ver o nível seguinte e as novas paisagens que o Nuno Almeida terá desenhado.

Este é daqueles casos em que um remake iria favorecer imenso o jogo, colmatando as lacunas apontadas. Bastava tornar o movimento da bola e dos bastões mais fluídos, corrigir o bug, e aplicar alguma física na forma como a bola toca no bastão, e estaríamos com um jogo que era capaz de fazer furor. Veja-se, por exemplo, o que Ignacobo fez com este Arkanoid Back to Basic. Claro que agora é fácil apontar o dedo, mas é bom lembrar que ao contrário das grandes software houses, o Nuno Almeida teve que trabalhar com as poucas ferramentas que tinha à mão na altura. E nem que seja para apreciar os cenários de Play for Peace, vale a pena dar-lhe uma espreitadela e chegar ao fim (não será fácil, no Brasil não há mini-jogo que nos valha).

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