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sábado, 13 de julho de 2024

Bride of Frankenstein


Nome: Bride of Frankenstein
Editora: 39 Steps
Autor: Paul Smith, Steve Howard, Antony M. Scott
Ano de lançamento: 1987
Género: Aventura
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Número de jogadores: 1
Memória:  48 K
Link para descarga: Aqui

Poucos, ou mesmo raros, foram os jogos de arcada-aventura do ZX Spectrum que conseguiram criar uma atmosfera de inquietação e suspense, como se de um filme de terror – mas apenas em expressão e contexto – tratasse. Bride of Frankenstein conseguiu isso, e num patamar de excelência, que não sendo, - embora relativo - , considerado como uma obra-prima na história do software do ZX Spectrum, apresenta uma concepção específica, numa alta qualidade com toques de originalidade: numa atmosfera soberba, tétrica, destila uma composição de elementos bem conseguidos, seja a nível de animação para a sua história, seja a ambientação artística, e mesmo a nível de caracterização da personagem e dos inimigos é notável. 

Programado com precisão de um relógio Suíço, consegue criar uma experiência simultânea de calmaria e rapidez ao jogador na sua missão de guiar a desafortunada noiva do célebre monstro (ou não, conforme a nossa visão) criado por Mary Shelley. Excelentes pormenores gráficos na ambientação dos interiores e exteriores, e a concepção artística na configuração dos screens é de antologia, trocando a “nossa” bússola mental com as trocas de orientação na passagem dos screens, dando o toque de inquietação sinistra, com umas trovoadas a ajudarem a pesar ainda mais o ambiente de desolação. 

A nossa noiva, para além de bem definida num estilo semi-cartoonesco (o corpo e cabelo fortes são um must preciosos) anda depressa, habilidade necessária para fugir dos medonhos (e notáveis) fantasmas e zombies, que note-se, estão incrivelmente bem elaborados. E a forma como eles nos apanham e morremos é de um rigor técnico incrível: ficamos presos, paralisados, e “afundamos” para um submundo! 

A criação do formato de vida através de um coração (que nos remete por exemplo a notáveis como Thanatos ou Total Eclipse) é sempre fantástico, e ainda mais fantástico fica num jogo com uma história e ambientação adequada – e melhor, numa demanda de horror. A nossa noiva, com o seu coração fraco (ou forte, para aguentar essa cruzada de pesadelo!), vai naturalmente acelerar à medida que corre e quando os inimigos se acercam dela, obrigando a nossa amiga recuperar o seu coração com uma bebida (?) que encontra num grandes frascos nas paredes de algumas divisões. 

Com uma excelente estrutura híbrida de arcade com aventura, para conseguirmos ressuscitar o nosso amado, teremos de descobrir entre as inúmeras chaves espalhadas assim como as suas correspondentes portas, tal como os órgãos e vísceras necessárias para dar vida a “Frank”, estando alguns nas criptas funerárias, os lugares mais difíceis de conseguir passar, com a impiedosa e frenética perseguição dos zombies – e já agora, se tivermos a audácia de entrar nas criptas sem a devida lanterna, somos brindados com um dos mais bem conseguidos momentos de inquietação criados no ZX Spectrum... em total escuridão ! 

Do outro lado da análise, temos como pontos negativos o seu ecrã de carregamento: Bride merecia uma melhor apresentação ao invés de uma simplificada ilustração com um toque infantil. E o border em azul não ficou adequado, provavelmente ficaria melhor em vermelho, ou até mesmo em negro. 

É um jogo que pode ser facilmente mal compreendido, dada a complexidade das passagens dos screens; provavelmente terá sido o que fez tornar relativamente pouco conhecido, aliado ao facto de ter sido distribuído por uma editora de poucos créditos. 

Tecnicamente os gráficos e movimentos são excelentes para a concepção do jogo, enquanto que o som, apresenta alguns interessantes (mas mínimos ) efeitos sonoros. Ainda hoje se apresenta como uma aventura original. Com uma dificuldade felizmente equilibrada, Bride of Frankenstein é aquilo que podemos chamar de "great outsider" na história do Spectrum, um belíssimo jogo, que ontem como hoje, entro nele como quem entra numa viagem onírica de phantasmagoria, com prazer e adrenalina. Convido-vos a entrar nessa portentosa autópsia de um pesadelo... e por favor, joguem com som ao máximo e em total escuridão...

Esta análise foi escrita pelo Paulo Silva (LeniFischer), membro do grupo ZX Spectrum Directo da Arrecadação, tendo-nos sido concedida autorização para a sua publicação em Planeta Sinclair.

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