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terça-feira, 29 de setembro de 2020

Nosy


Nome: Nosy
Editora: NA
Autor: Javier Fopiani
Ano de lançamento: 2020
Género: Acção
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1

aqui havíamos feito a preview de Nosy, o novo jogo de Javier Fopiani, uma aventura fantasmagórica, capaz de provocar um arrepiozinho na espinha. A apresentação é fantástica e muito original, a começar na história que vale a pena rever. Assim, Nosy é um menino muito curioso que vive num orfanato religioso e que tem um dom muito especial: consegue mover-se entre dois mundos, o real e o Inferno (a fazer lembrar Unhallowed). Entretanto, uma morte trágica faz com que um poderoso demónio se aproprie das almas dos meninos que moravam ali. Nosy tem assim que libertar os espíritos, recolhendo pistas que lhe permitem seleccionar os dois objectos necessários para derrotar o demónio. A escolha tem que ser muito criteriosa pois se Nosy tiver o infortúnio de tocar no objecto errado, imediatamente morre. O programador dá também algumas dicas extra. É importante olhar para o lado da lua e o esqueleto dá também pistas importantes sobre os objectos a recolher.

O cuidado na apresentação inicia-se logo com o ecrã de carregamento, uma pequena maravilha criada por Fopiani, a fazer-nos lembrar Quahappy. A própria música, se é que se pode chamar isso a esses ruídos assustadores que nos acompanham ao longo da acção, dão desde logo o mote para o que vamos encontrar. A missão começa na biblioteca do orfanato, onde aparentemente tudo está calmo. Mas apenas aparentemente, pois assim que carregamos na tecla de disparo, passamos para o quinto dos infernos e imediatamente três demónios vêm no nosso encalço.

Convém aqui fazer uma nota prévia da mecânica deste jogo e que mostra bem a originalidade e o cuidado que o programador lhe dedicou. A tecla de disparo tem duas funções, a primeira a de disparar as cruzes que eliminam os demónios e as almas atormentadas. Mas uma segunda função é a de levar Nosy para a outra dimensão (a do Inferno). Mas apenas permanece nessa dimensão durante seis segundos (em frente à palavra "hell" pode-se ver os segundos que faltam para mudar automaticamente para o mundo real). Enquanto está no Inferno, todo o cenário fica vermelho, num efeito estupendo criado pelo programador, ao qual não falta o som da passagem entre mundos. Poderá então tentar eliminar todas as criaturas dessa dimensão que o perseguem, sem se preocupar com aqueles que se encontram na dimensão real. Passado os seis segundo, retorna à dimensão real, surgindo então os inimigos dessa dimensão, no entanto, os que se encontram na dimensão alternativa, apesar de não poderem tocar em Nosy, podem atingi-lo com as cruzes que lançam. Parece confuso, mas rapidamente se apanha o jeito.


Nosy inicia a missão com seis vidas e, de cada vez que é atingido ou tocado por um inimigo, perde uma delas. No entanto, de cada vez que consegue eliminar uma das almas do outro mundo, recupera uma das vidas perdidas. Encontrar este equilíbrio é fundamental para quando se atinge o ecrã final, pois ai vamos ter que lidar com o demónio, que não tem qualquer pejo em roubar-nos rapidamente as vidas que nos restam. Outra curiosidade reside no facto de que cada vez que um inimigo nos toca, somos empurrados alguns "metros". Por um lado facilita-nos a vida, pois permite recuperar algum espaço para conseguirmos atingir o inimigo, por outro rouba segundos preciosos e pode empurrar-nos para algum local indesejável (no último ecrã vamos sentir isso na pele).

Mas além de Nosy ter que eliminar as almas que assombram o orfanato, também tem que resolver os enigmas criados pelo assassinato. Assim, no meio das 30 salas que compõem o orfanato (31, se contarmos com o ecrã final), encontram-se vários objectos. Apenas dois permitem cumprir a missão, todos os restantes têm como resultado a morte imediata de Nosy, independentemente do número de vidas que lhe restem. Algumas pistas são dadas pelo caminho (é fundamental transitar constantemente entre os mundos e tomar atenção às cores), no entanto, pela experiência também rapidamente percebemos aquilo que poderemos e não poderemos apanhar.


Graficamente, Nosy é brilhante. Não só o efeito de passagem entre mundos roça a perfeição, como os cenários criados são assustadores. No bom sentido, claro. Estes criam um ambiente que se adequa à temática do jogo e, se bem que semelhantes ao longo das várias salas, convidam o jogador a ver o que se encontra no ecrã seguinte (ou a fugir a sete pés, conforme o nível de impressionabilidade de cada um). Experimentem a jogar às escuras, sem qualquer som a não ser o do jogo e rapidamente irão perceber aquilo que queremos dizer.

A jogabilidade está interessante, embora o nível de dificuldade não seja alto. Aliás, aqui reside talvez a sua maior lacuna: o jogo termina-se em pouco mais de 15 minutos. Não estamos assim perante uma aventura enorme, como aconteceu em Alien Girl, mas sim uma mini-aventura, criada com muito bom gosto e que, não se prevendo que venha a ser o vencedor do Concurso MK1 con Retromaniac, dado a enorme qualidade das restantes propostas, não desmerece o seu autor e decerto irá encontrar o seu espaço junto da comunidade do Spectrum.

Arrepiem-se e experimentem Nosy, não se vão arrepender. Para isso basta vir aqui descarregá-lo, o jogo é gratuito, mas uma pequena contribuição vai ajudar o programador e contribuir para que crie mais jogos. Se não o fizerem irão transformar-se em almas penadas e assombrar um qualquer orfanato...

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