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terça-feira, 29 de junho de 2021

Travel Through Time Vol.1: Northern Lights


 Nome: Travel Through Time Vol.1: Northern Lights
Editora: ZOSYA Entertainment
Autor: Kit, Manu
Ano de lançamento: 2021
Género: Race'n'chase
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 128 K
Número de jogadores: 1

Um espanto! É o mínimo que podemos dizer do novo jogo da Zosya Entertainment, que foi desenvolvido ao longo dos dois últimos anos. Se bem se recordam, quando lançámos o Almanaque de 2019, além de apresentarmos ecrãs exclusivos que mostravam o jogo já num estágio bastante avançado do seu desenvolvimento, antecipávamos estar perante um projecto vencedor. Não nos enganámos, Travel Through Time Vol.1: Northern Lights é o jogo mais fabuloso que encontrámos em muitos anos, sério concorrente a melhor de sempre para o ZX Spectrum, rivalizando com Laser Squad, The Sword of Ianna ou Castlevania: Spectral Interlude, mencionando três das obras-primas mais famosas. Numa escala de 1 a 10, leva... 11!!!!

Podem pensar que estamos a exagerar, e vão-nos perdoar os muitos adjectivos que vamos dando ao longo desta review, mas podemos garantir-vos que assim que carregam o jogo, rapidamente irão concordar connosco. Não bastava ser o melhor race'n'chase, batendo aos pontos (por goleada) Wec Le Mans ou Chase H.Q., mas junta-lhe ainda uma apresentação fabulosa, que vai retratando o dia a dia de uma família sueca desde os anos 50, até aos anos 80, não faltando sequer alguns momentos tristes, como aquele em que o tio Björn deixa este mundo. Tudo foi pensado ao pormenor, criando uma verdadeira aventura, que se vai desenrolando à medida que vamos palmilhando quilómetros e passando os 60 níveis do jogo. Um pouco aquilo que acontecia com Drift!, só que aqui, com resultados muito, muito melhores (e em Drift!, as cenas de animação já eram espantosas).

Ao contrário de Drift!, desenvolvido também pela Zosya Entertainment, Travel Through Time Vol.1: Northern Lights apresenta o tradicional sistema de condução. Acelerar, travar, esquerda, direita, e duas mudanças, a viatura comporta-se exatamente como o esperado. Nada de sistemas de condução ultra complexos ou hiper realistas, como em Hard Drivin', que na prática apenas tornavam o desafio injogável. Não, a viatura, ou melhor, as viaturas, pois podemos conduzir seis diferentes, comportam-se à boa maneira do race'n'chase de referência para o Spectrum, Chase H.Q., mas ainda com maior suavidade e rapidez.

Recordam-se de Out Run? Quando os elementos do cenário abundavam, o carro deslocava-se à velocidade de uma tartaruga. Em Travel Through Time Vol.1: Northern Lights nada disso acontece. Mesmo quando os cenários estão bastante preenchidos, e isso acontece com muita frequência, pois chegamos a correr com três ou quatro viaturas à nossa frente ou ao nosso lado, a velocidade não diminui um bocadinho. O jogo corre sempre no mínimo a 25 FPS (Frames per Second). Conseguiu-se assim arranjar um compromisso óptimo entre a riqueza dos cenários e a velocidade de processamento. Como a equipa programadora conseguiu isso, não nos perguntem...

Os próprios cenário influenciam o modo de condução. Assim, conduzir em subida ou descida, tem clara influência no timing em que vemos os obstáculos ou outras viaturas no nosso campo de visão. Ir à berma faz reduzir a velocidade, no entanto pode ser uma boa estratégia, desde que essa não tenha nenhum obstáculo mais compacto. E ir contra as paredes de um túnel também não dá muita saúde (incrível como mesmo dentro do túnel a velocidade da viatura não se reduz).


Outros elementos do cenário poderão ter também influência directa no percurso que estamos a fazer. Vamos apenas dar alguns exemplos: a certa altura, passamos uma passagem de nível, que se fecha momentos antes de a ultrapassarmos. Se não tivermos o cuidado de parar, cumprindo com as regras de trânsito, somos abalroados por um comboio (felizmente que acontece num dos níveis chill-out). Noutro nível acontece um desastre mesmo à nossa frente. teremos que parar e ajudar o ocupante a ir até ao hospital. Mas aquele que nos deixou completamente atónitos, foi quando à nossa frente vemos um avião levantar vôo, num efeito simplesmente espectacular (tanto que até nos despistámos apenas para observar o avião).

Segundo ponto muito forte deste jogo, logo após o sistema de condução perfeito, é a diversidade de desafios. Assim, ao longo dos 60 níveis que compõem o corpo principal de Travel Through Time Vol.1: Northern Lights, os desafios vão variando. Vejamos apenas alguns exemplos: completar um determinado percurso num tempo pré-determinado, alcançar os check-points também no tempo limite, terminar a corrida abaixo de certa posição (ou apenas terminá-la), terminar a corrida sem bater, terminar o percurso evitando os obstáculos, abalroar uma viatura conduzida por um ladrão determinado número de vezes (a fazer lembrar Chase H.Q.), alcançar a velocidade máxima durante certo tempo, etc., etc.. E depois temos ainda momentos chill-out, nos quais apenas temos que chegar ao fim de forma descontraída, servindo assim para apreciar as magníficas paisagens urbanas e rurais que vamos encontrar da Suécia, Finlândia e Noruega.

Ainda dentro da enorme diversidade, as condições atmosféricas também vão variando. Conduzir sob a neve é diferente de conduzir com tempo ameno, e isso nota-se na condução, como seria de esperar. O carro desliza mais, tal e qual como na vida real. Além disso, também conduzimos a várias horas do dia. Ao amanhecer, o horizonte toma um bonito tom de amarelo, ao lusco-fusco, rosa, e durante a noite, a viatura liga os faróis. Embora não altere a mecânica de condução, os diversos cenários são apenas mais um dos muitos factores, que contribuem para a atractividade do jogo.


Outro dos elementos que alteram a mecânica da condução é a viatura que temos em mãos. Existem oito à disposição, que vão aparecendo à medida que vamos avançando na história (e que vamos terminando os níveis). Nem todas correspondem a automóveis, esses são apenas seis, um para cada década (50's, 60's, 70's e 80's - mais um adicional para a década de 60 e de 70). A principal diferença é a velocidade, e que vai aumentando à medida que vamos tendo nas mãos viaturas mais modernas. No entanto, a certa altura, vamos ter que conduzir uma mota, assim como, imagine-se, um tractor. E se pensam que é fácil conduzir um tractor, então experimentem fazer uma corrida com o tio Björn...

A equipa programadora também se adaptou aos tempos modernos. Hoje em dia, e ao contrário daquilo que se passava nos anos 80 e 90 do século passado, uma boa parte dos jogos que são lançados são menos "penalizadores". Quer isso dizer que quando falhamos um objectivo, como por exemplo não terminarmos um nível, podemos recomeçar desse ponto, em vez de termos que ir para o início. Isso permite-nos ir aos poucos aperfeiçoando os nossos dotes de condução em cada um dos níveis, fazendo com que mesmos os mais aselhas consigam ir avançando. Mas atenção, pois a partir duma fase já bastante avançada, existe um número limite de tentativas falhadas. É bom que nessa altura já estejamos perfeitamente adaptados às viaturas.

Mas os programadores também foram generosos nos tempos definidos para se terminar cada percurso, que permitem, sem grandes problemas, ir-se cumprindo com os objectivos. Os primeiros níveis são até bastante fáceis, mas à medida que vamos avançando, os objectivos tornam-se mais ambiciosos, as estradas começam a ficar mais povoadas e as viaturas têm uma maior velocidade de ponta, dificultando a viragem nas curvas. Felizmente que a sinalização vai indicando as curvas mais acentuadas, assim como possíveis obstáculos ou redução de vias.


E quando se pensa que já se tinha visto tudo, depois de chegarmos ao nível 59, vencermos a corrida e passearmos num nível 60 de pura descontração, com uma sequência final muito bonita, eis que a equipa programadora nos troca as voltas. É que o jogo não termina ai... 

Já tínhamos referido que a aventura se vai desenrolando à medida que vamos avançando nos níveis, não foi? Começamos nos anos 50, com um rústico personagem, amante do desporto motorizado, a tentar tornar-se o maior do seu bairro. Mas entretanto os anos vão passando, ele casa-se, tem uma filha, Eva, e esta vai tornando-se adulta. Vai estudar para a Finlândia, para a faculdade, e pensavam os pais que ela nem sequer conduzia. Até verem no jornal que a garota vence uma prova na Finlândia (quem sai aos seus, não degenera), e abre-se agora um mundo inteiramente novo. Pois, quando se completam os primeiros 60 níveis, é dada uma password. Esta, se digitada no menu inicial, como por magia transforma-o, abrindo a possibilidade de mais 20 níveis, optando por dois tipos de viaturas, correndo principalmente na década de 80. Estes novos níveis são baseados em alguns dos 60 níveis anteriores, apenas com algumas diferenças ao nível dos pormenores.

A bonita Eva

E "last, but not least", também a nível do som a perfeição é atingida. E não é só apenas o magnífico som do nosso automóvel ou dos adversários, que recria de forma exemplar o barulho do motor. À semelhança do que aconteceu com Valley of Rains, a banda Tiurula criou uma autêntica banda sonora para o jogo. Provavelmente, a 24 de Julho, sairá o CD a acompanhar o lançamento físico de Travel Through Time Vol.1: Northern Lights. Mas isto somos nós a especular (ou a desejar, como preferirem).

Assim, se a perfeição existisse, chamar-se-ia Travel Through Time Vol.1: Northern Lights. Não nos recordamos da última vez que fomos dormir a pensar que tínhamos que acordar o mais cedo possível para meter mãos à obra e continuar o jogo. Isto aconteceu agora, demonstrando bem a sua capacidade viciante. E o melhor? O melhor é que este é apenas o volume 1. Estamos já ansiosos pelos próximos capítulos e ver como Eva singrou na vida.

Não podíamos terminar sem deixar um apelo: a forma de termos mais jogos como este é apoiar quem os desenvolve e coloca no mercado, como é o caso de Natasha Zotova. É quase uma obrigação adquirirmos o jogo quando sair a versão física. Só assim poderemos ter mais pérolas como esta...

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