Nome: Project Vaelius
Editora: Toku Soft
Autor: David Gracia
Ano de lançamento: 2021
Género: Acção
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 48 / 128 K
Número de jogadores: 1
Normalmente os jogos de David Gracia (Toku) têm a tendência para resvalar para um campo um pouco perigoso. Isso porque, apesar de tecnicamente estarem muito perto da excelência, um elevadíssimo grau de dificuldade, ainda mais insano que Abu Simbel Profanation, pode levar o jogador a um sentimento de frustração, em vez de se tornar divertido, em especial nas primeiras tentativas. Avisa-se já os incautos: se és duraço como palha de aço, então este jogo é para ti. Se não o fores, então deixa-te estar quieto, pois vais perder os (poucos) cabelos que ainda te restarem, depois de teres passado pela trilogia de Danterrifik.
Assim, aquele que para nós será o maior defeito dos jogos deste programador (o excessivo grau de dificuldade), para muitos que anseiam por desafios à altura, que Manic Miner é brincadeira de meninos, para estes é uma verdadeira benesse. Se bem nos recordamos, apenas no primeiro episódio da saga de Danterrifik conseguimos chegar ao fim. A história repete-se com Project Vaelius, embora nos parecesse que estávamos muito próximos do seu final (provavelmente estaríamos no último ecrã, embora só tenhamos a certeza quando vir algum corajoso terminar o jogo). Mas uma abelha mecânica irritante, que tem ares de ser a Rainha, e que não nos largava o pé, impediu-nos de ver o que tínhamos ainda pela frente. Mas vamos primeiro à história do novo trabalho de Toku...
Num futuro distante, no ano de 2062, a Draenor Corporation of Scientists reuniu-se para lançar no espaço um gás químico, totalmente desconhecido e secreto, com o nome de Vaelius. O seu objectivo era usá-lo como uma arma de destruição massiva, que detonaria o universo inteiro. O gás foi espalhado ao redor do sistema Sarkor, local onde se encontram os planetas Kaleeshar, Kalibos, Beehive, Vulkarr e Atlantidea. Devido ao gás injectado, o veneno entrou no organismo das espécies que por lá habitavam, tornando-as em ameaças reais ao futuro do universo. A NASA, que pelos vistos ainda existe nessa altura, está em alerta máximo, pois descobriu alguns núcleos juntos a Sarkor, temendo que mais não possam ser que amostras do Vaelius.
Entretanto é chamado o fuzileiro naval espacial John Kromdar (ou seja, nós), tendo sido designado para a missão mais difícil da história da humanidade. Cabe a ele entrar nos sistemas infectados com Vaelius, procurando os núcleos de gás espalhados, bem como as células que lhe dão origem. Além disso, tem ainda que obter amostras de DNA das espécies que habitam esses perigosos planetas. Para isso está equipado com uma arma especial de partículas de neutrino, que perfura os corpos de algumas das espécies que vai defrontar, possuindo uma munição especial que captura o DNA da criatura, quando o tiro atinge área vital.
Toku também nos habituou mal, pois todos os seus jogos têm algo que o faz sobressair da concorrência. Normalmente começa logo com um extenso manual, repleto de fabulosas gravuras, explicando tudo que necessitamos de saber para avançar. Mas desta vez trocou-nos os passos, pois em vez de um manual em PDF, brindou-nos com um vídeo onde desvenda um pouco da história de Project Vaelius. Tudo acompanhado de uma banda sonora que não conseguimos identificar, mas que a espaços nos fez lembrar Rotersand, uma banda de future pop. Talvez o programador nos esclareça de quem se trata.
Aliás, toda a apresentação subjacente a Project Vaelius faz jus aos seus anteriores trabalhos. Gráficos muito cuidados, com cores por vezes provocantes, mas que tornam os seus jogos únicos. Depois, a banda sonora é da autoria de Pedro Pimenta, que tem dado cartas no panorama do ZX Spectrum, e que consegue aqui um dos seus melhores trabalhos, por vezes fazendo lembrar aquilo que atingiu com
Metamorphosis.
Outro ponto que gostámos particularmente neste jogo é a sua enorme variedade. Se bem se recordam na saga Danterrifik (três jogos), em alguns níveis o programador inovava, criando alguma diversidade ao nível da mecânica (assumir o papel de dois personagens em simultâneo, por exemplo). No entanto, não deixavam de ser platformers puros. Em Project Vaelius, esta diversidade alastra-se a todos os níveis (considerando cada planeta como um nível), tendo cada um deles uma forma muito própria de ser terminado. Em alguns, a chave é eliminar rapidamente as outras criaturas. Noutros, conseguir abrir a porta para o ecrã seguinte, torneando o mais rapidamente possível os obstáculos (os cenários estão recheados de armadilhas). Outros ainda, fugir das criaturas, por vezes sendo necessário sacrificar vidas para se conseguir recolher os objectos necessários. E outros, no nosso entender os mais difíceis, aqueles em que aparecem as abelhas mecânicas, imunes à nossa arma, e no qual cada cenário revela-se como um quebra-cabeças, tendo que se descobrir a forma de chegar à porta de saída sem ser apanhado pelo inimigo, para isso fazendo com que esse fique entalado nos obstáculos.
Por outro lado, todos estes "mimos" com que fomos contemplados pelo programador, não deverá ter deixado muito espaço de memória livre. Parece-nos que o jogo terá menos ecrãs que o habitual em jogos criados através do MPAGD. Talvez estejamos enganados, mas o facto é que repetimos tanta vez cada um dos ecrãs, que perdemos a noção do seu número. Independentemente disto, como necessitaremos de muitas tentativas para passar o mais simples dos cenários, o jogo acaba por parecer maior do que é na realidade. Pressupondo, claro, que no ecrã acima, ponto no qual ficámos, representa o último ou um dos últimos ecrãs do jogo.
Deixamos também uma nota importante, e que por vezes no calor da acção, e também pelo enorme colorido dos cenários, nos escapa. Todos os objectos disponíveis para recolha, não estão lá por acaso e devem ser apanhados. Um deles permite-nos voltar a percorrer o mesmo nível, importante para se aumentar o número de amostras de DNA. Não esquecer que há uma quota a cumprir, se queremos cumprir com sucesso a missão.
Assim, Project Vaelius é sem dúvida o melhor jogo de Toku, tendo conseguidp o galardão de Mega Jogo. Não nos tivéssemos sentido frustrados por não conseguir cumprir a missão com sucesso, isso e um exagero ao nível do "pixel perfect" nos níveis em que apenas temos que tornear obstáculos (os que menos apreciámos), e aumentaria ainda mais a pontuação em alguns parâmetros. No entanto, é consensual por parte da comunidade que o programador se conseguiu exceder com este jogo.
Repetimos a deixa: és duraço como palha de aço? Então este jogo é para ti...
Project Vaelius é um jogo muito bem sucedido que o convida a jogá-lo só de ver o ecrã após o carregamento, com uma música de Pedro Pimienta que o complementa na perfeição.
ResponderEliminarSe alguém quiser a edição física do Project Vaelius está agora disponível no Hobbyretro.
Muito obrigado Manuel, fizeste uma edição física maravilhosa, um óptimo trabalho. Estou muito contente com a boa recepção do jogo. Com os melhores cumprimentos.
ResponderEliminarNa minha opinião o melhor jogo de Toku
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