Nome: Metamorphosis
Editora: Phoenixware
Autor: Leonardo Vettori e Kees Van Oss
Ano de lançamento: 2021
Género: Plataformas
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Sinclair, Kempston
Memória: 48 / 128 K
Número de jogadores: 1
Existem lançamentos assim: antes mesmo de se carregar o jogo, já temos a sensação que vai ser uma experiência memorável. Basta ver o material que a equipa programadora oferece com Metamorphosis, para se perceber que foi colocado um cuidado próximo da perfeição no seu lançamento. Inclui pormenores que não lembram ao Diabo, como por exemplo uma apresentação de 85 páginas com o "making-of" do jogo (pode aqui ser descarregada), ou outros que a maioria das pessoas nem se vão aperceber, como é o caso do mapa, que juntando todos os ecrãs, tal e qual como se os tivéssemos a ver numa panorâmica "bird's-eye view", permite desvendar uma aterradora gravura. Deixamos o mapa no ecrã abaixo, pois é digno de ser visto.
Outro pormenor, ou "pormaior", neste caso, e desta vez remetendo para alguém que é muito próximo de Planeta Sinclair (ou não fosse um dos nossos colaboradores), é a música. Não só a que acompanha o menu inicial, mas também a do próprio "in-game", criando uma ambiência assustadoramente sinistra, condizente com o próprio jogo, desde logo dando o mote para a aventura que está perante nós.
Também cedo se percebe que graficamente, e apesar de Metamorphosis não ter uma extensão em termos de ecrãs por ai além (nem o poderia, por razões de memória), os cenários são ricamente preenchidos, com tonalidades de fundo de arrepiar. Por vezes, preto, escondendo alguns pormenores ou caminhos, mas é caso para dizer que nunca um ecrã preto assentou tão bem num jogo, como aqui.
Por fim, a originalidade. Hoje em dia, uma boa parte dos jogos que aparecem são criados em motores que simplificam muito a tarefa aos programadores. Há para todos os gostos, La Churrera, SEUD, AGD (neste caso o MPAGD), etc.. O grande problema é que estes motores acabam por limitar a criatividade de quem com eles trabalha. Normalmente os jogos de plataformas criados com estas "muletas" aproximam-se todos uns dos outros, mais salto aqui, menos salto ali, mais ou menos objectos para transportar, por vezes dando a sensação de que estamos perante mera "fast food". Quando um jogo rompe com o que está instituído e inova, como é aqui o caso, todos saem a ganhar.
Kill. Eat. Evolve.
Ou como quem diz na nossa língua: Mata. Come. Evoluí. Três palavras muito simples que surgem no início das instruções, mas que personificam muito bem esta aventura. "Eles" são maus. Mas nós não somos "bons". Somos apenas um deles. Isto explica assumirmos o papel de um estranho ser, semelhante a um cefalópode, que se alimenta de larvas, que não são mais que os restos mortais de outros cefalópodes. Em níveis mais avançados, isto é, superiores no mapa, surgem outros seres, aparentando a humanos. Ou quase. Não se deixem enganar, isso não é mais que um processo evolutivo que transforma uma larva, num cefalópode, e por sua vez num ser aparentemente humano. Mas o contrário também se aplica.
De qualquer forma, o objectivo principal em Metamorphosis é alcançarmos o nível do "quase" humano. Mas existem três etapas, correspondente a três patamares no mapa (a barra de energia no canto inferior também indica o nível evolutivo em que nos encontramos). Em cada uma delas temos que encontrar três objectos dispersos pelos cenários e levá-los para o círculo central. Quando os três objectos se encontram no círculo central, surge um tele-transportador que permite passar para o patamar seguinte, onde temos que repetir as tarefas, mas agora encontrando inimigos mais agressivos. Curioso é a forma como o mapa está montado, permitindo que mesmo quando nos encontramos no último nível, rapidamente poderemos passar para os níveis inferiores (e vamos ter que o fazer).
Alguns dos objectos necessitam também que primeiro seja encontrada uma chave que permite o acesso à sala de combate, implicando explorarmos todos os recantos. Mas ao contrário de alguns jogos, que exigem que percorramos o mesmo caminho vezes sem conta, levando a algum tédio, isso não acontece em Metamorhosis, talvez porque os cenários são simplesmente magníficos.
As salas de combate é outra das novidades neste jogo. Quando encontramos as chaves, surge algures um novo tele-transportador, permitindo-nos aceder a um ecrã diferente. Quando entramos nesse modo, apenas existe uma saída, e esta apenas aparece depois de matarmos todos os inimigos da sala. Nestes ecrãs, além do elevado número de inimigos com os quais temos que lidar, estes são bastante agressivos, não tendo qualquer pejo em dispararem contra nós. Para os eliminarmos, podemos disparar contra eles, mas as suas carapaças protegem-nos, pelo que será necessário muitos tiros certeiros até que se transformem em larvas. E se tiverem a forma de "quase" humanos, passam primeiro para a forma de cefalópodes, antes de se tornarem larvas. Existe um truque que nos permite uma taxa de sucesso muito grande em combate, mas obviamente que não a iremos desvendar, até porque não temos a certeza que tenha sido prevista propositadamente.
Já falámos da barra de energia. Quando esta chega a zero, o jogo termina. Mas podemos aumentá-la sempre que comemos as larvas. Dependendo do nível (ou estágio) em que nos encontramos, esta pode ser preenchido até onde o ponto o indica. Este ponto cresce sempre que se deixa cair um objeto nos círculos.
A única forma de eliminar os inimigos é disparando contra eles, no entanto, quando estamos enrascados, podemos saltar por cima deles. Quando isso acontece, ficam atordoados durante uns segundos, ficando por isso mais vulneráveis. Curiosamente os próprios cefalópodes ou "quase" humanos podem eliminar os próprios companheiros, para isso bastando inadvertidamente dispararem sobre eles.
Como se pode ver, Metamorphosis é muito mais que um típico jogo de plataformas. Além de tudo aquilo que já dissemos, temos a acrescentar uma enorme jogabilidade, com uma fluidez de movimentos muito boa, apenas se notando de forma intermitente algum "flicker", impedindo-o de atingir a perfeição nesse aspecto.
O nível de dificuldade também está muito bem doseado. Os inimigos vão se tornando mais agressivos à medida que vamos avançando nos níveis / estágios, mas a barra de energia também aumenta o seu potencial. Além disso há muita larva com que nos alimentarmos, pelo que temos sempre a sensação de estar perante um desafio justo. Mas para quem ache que o nível normal é coisa de meninos "quase" humanos, tem sempre o nível de dificuldade "Hell". Existem jogos com grande potencial que depois sofrem de fraca jogabilidade devido a um excessivo grau de dificuldade. Certamente não é aqui o caso.
Assim, Metamorphosis é já um dos grandes jogos de 2021 e certamente irá fazer parte do GOTY 2021. Poderão adquirir uma versão digital aqui (a demo é gratuita), ou se preferirem a versão física, poderão comprá-la aqui. Ainda por cima, parte dos lucros revertem para instituições de beneficência...
Na minha lista de jogos pendentes prioritários.. Tenho que jogar até ao GOTY 2021! :)
ResponderEliminarandre es la version demo ? la digital
ResponderEliminarOlá, não, na página do programador já está a versão digital completa
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