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quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Laetitia


Nome: Laetitia
Editora: NA
Autor: Jaime Grilo
Ano de lançamento: 2019
Género: Aventura
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 48 / 128 K
Número de jogadores: 1

Jaime Grilo evoluí a olhos vistos e andava já a prometer um grande jogo. E conseguiu agora com Laetitia, que relata as aventuras e desventuras de uma sexy bruxinha, que tem que ajudar a sua tia a criar uma poção mágica, capaz de derrotar a bruxa má. E a primeira novidade deste jogo é que o mesmo é composto por nada menos, nada mais, quatro partes. Sim, leram bem, quatro partes, potenciando ao máximo as capacidades do Arcade Game Designer, num exercício apenas semelhante a Aeon, pelo menos que tenhamos conhecimento (já se sabe que a memória disponível para os jogos criados com o AGD não é grande). Cada uma delas pode ser carregada autonomamente, mas por uma questão de enquadramento da própria história do jogo, aconselhamos a seguirem a ordem correcta.

Assim que carregamos a primeira parte, o loading screen chama-nos logo a atenção. E não é difícil de imaginar quem é o criador. Andy Green, pois claro, responsável por alguns dos mais belos ecrãs feitos para o Spectrum, neste caso inspirando-se num desenho original de Lucy Fidelis (imagem acima), desde logo abrindo o apetite para o que ai vem (sem qualquer maldade ou segundo sentido). Mas além de Jaime ter criado um jogo grandioso, com mais de cem ecrãs, também construiu uma história bastante interessante à volta dele, onde nem sequer faltam nomes das personagens baseados em personagens antigas ou mitológicas.


Como já referimos, a personagem principal é a jovem e sexy Laetitia, que vem em auxilio de Grynnet, uma pequena aldeia que foi enfeitiçada por uma bruxa chamada Grizelda, ficando a aldeia ao seu serviço. Apenas escaparam à maldição, Runella, uma velha feiticeira, e Ordentur, o velho sábio da aldeia, pois ambos viviam na parte mais distante de Grynnet, conseguindo esconder-se. Runella já é velha, mas pode contar com a sua jovem sobrinha Laetitia, a heroína da história. Laetitia não tem a sabedoria da sua tia, mas é destemida e voluntariosa, não hesitando em ajudar.

Sabendo que a sua sobrinha ainda não estava ainda em condições de enfrentar Grizelda, Runella consultou o seu antigo livro de poções e encontrou uma que aumenta substancialmente os poderes de Laetitia, para que ela pudesse então derrotar Grizelda. Assim, nas primeiras três partes, Laetitia terá que apanhar os ingredientes necessários para a poção mágica, sempre contando com a ajuda do velho sábio. Na última parte, Laetitia vai enfrentar Grizelda na sua fortaleza, sendo o desenrolar da acção ligeiramente diferente das partes anteriores.


Desde já damos um conselho a quem se resolver embrenhar nesta aventura: apesar da tia feiticeira e do velho sábio irem dando dicas muito úteis ao longo do jogo, não deverão abdicar de ler as instruções completas para cada uma das partes. Doutra forma vai-vos acontecer o mesmo que a nós na fase de testes do jogo, ficamos emperrados sem saber o que fazer. Façam-no aqui para cada uma das partes, pois além de dar informações sobre os ingredientes a obter e os locais onde se encontram, diz-nos a ordem em que se deve obter os itens ou avançar com determinadas acções, o tipo de inimigos que vão encontrar, etc.. É que ao contrário de alguns dos outros jogos de Jaime, Laetitia não é um jogo imediato, antes uma aventura de arcada, com objectos a serem obtidos antes de se poder avançar para outras partes do cenário, alavancas para serem manipuladas, e mais uma série de elementos comuns a este género de jogos.

Bom golpe de vista e muita intuição também é fundamental, pois no meio dos cenários, quase de forma despercebida, por vezes encontram-se os ingredientes necessários para levar à tia. E como se não fosse pouco, Jaime ainda deixou algumas maldades, ingredientes falsos que além de não ajudarem, retiram energia a Laetitia, e que obrigam a fazer caminhos quase impossíveis, para depois se chegar à conclusão que foi tempo perdido e riscos desnecessários em que se incorreu.


Laetitia tem também algumas manhas. Em primeiro lugar, tal como todas as bruxas (sejam boas ou más), tem a capacidade de voar montada na sua vassoura (desde que não seja nas cavernas - já lá vamos). Tem ainda a capacidade de dar grandes saltos, pressionando a tecla de saltar e para cima, muito conveniente em alguns locais. Requer, no entanto, alguma habituação até dominarmos o sistema de salto na perfeição.

Por fim, pode disparar feitiços, no entanto estes apenas afectam alguns oponentes. Por exemplo, os morcegos e as plantas carnívoras ficam imobilizadas durante alguns segundos (os suficientes para serem ultrapassadas). Também em alguns momentos são fundamentais para revelar outras partes do cenário (nas estátuas, por exemplo - terceira parte). Mas em muitos casos os feitiços apenas fazem cócegas nos oponentes e a única alternativa é evitá-los (saltando por cima deles, como é o caso dos esqueletos).

O próprio cenário do jogo divide-se em duas partes distintas, com oponentes diferentes e as próprias capacidades da Laetitia a variarem em cada uma delas (a capacidade de voar, por exemplo). Assim, na superfície encontra-se a floresta, a tia e o velho sábio, bem como as diversas cabanas que dão acesso às cavernas. Para se entrar nas cabanas é necessária a chave respectiva, sendo fundamental visitar o velho sábio, que as fornece à medida que vão sendo completadas as tarefas.


Nas cavernas normalmente obtém-se os ingredientes solicitados pela tia, assim como outros objectos necessários para serem levados até ao sábio. Os inimigos, regra geral, são mais complicados, e é aqui que Laetitia tem que demonstrar que é realmente valente. Alguns são bem chatinhos, caso dos esqueletos, e na quarta parte os guardas levam mesmo a Laetitia para a prisão (felizmente consegue escapar facilmente, mas tem que voltar a percorrer o caminho feito anteriormente e a sujeitar-se a mais riscos).

Assim, uma das coisas que mais gostámos em Laetitia foi a sua diversidade, sendo a última parte o expoente disso. Por norma os jogos criados com o AGD são repetitivos, e como a memória não é muita, frequentemente os programadores obrigam o jogador a percorrer os mesmos caminhos vezes sem conta, artimanha que permite aumentar a longevidade e tempo de jogo. Isto também aqui acontece, obviamente, mas dado as diferenças entre as diversas partes, e mesmo em cada parte os cenários são substancialmente diferentes (a fazer lembrar um pouco Sophia), essa fragilidade é atenuada.


Mas se no factor da jogabilidade Jaime tem vindo a fazer uma grande evolução (quem se lembra dos primeiros jogos, ou demasiado fáceis, ou demasiado difíceis), havendo agora um ajustamento perfeito do nível de dificuldade, também a vertente gráfica melhorou bastante. Os cenários continuam a ser bastante imaginativos, como é apanágio do Jaime, mas os sprites são agora mais nítidos e bem desenhados, algo que também já tínhamos notado no seu último jogo, Astronaut Labyrinth. Até a música, responsabilidade de Fox Fluffy's, com várias melodias ao longo do jogo, está ao nível do restante pacote.

Perante tudo isso, é obrigatório vir aqui descarregar Laetitia. É excelente, é produto nacional, e não é todos os dias que temos oportunidade de entrar na pele de uma simpática (e sexy) bruxinha...

2 comentários:

  1. Congratulations! The best of Jaime Grilo.
    Amazing job.
    Great review by Andrea Leao.
    Namaste.

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    1. Thanks Arnau, glad you enjoyed both the game and the review 😊

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