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terça-feira, 16 de maio de 2023

Seraphima


Nome: Seraphima
Editora: ZOSYA Entertainment
Autor: NA
Ano de lançamento: 2023
Género: Aventura
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 128 K
Número de jogadores: 1
Descarga: Aqui

Qual a receita infalível para apresentar um jogo perfeito? Ora vejamos... Peguemos nos elementos de ação e shoot'em'up de Valey of RainsMetal Man, juntemos-lhe o grafismo de Angels e Lava 16K, misturemos um pouco de aventura de Don Quixote 16K, e, já agora, os labirintos de The Dark: Lost Pages, e com o que é que ficamos? Ficamos com Seraphima, um incontestável candidato a vencer a competição Yandex Retro Games Battle v3, da qual fazemos orgulhosamente parte do júri (em Junho saber-se-á os resultados).

Antes que venham dizer: ah, e tal, isto é estar a reciclar o motor de alguns dos (brilhantes) jogos já criados pela equipa da Natasha Zotova. Pois é, tal como todos ou quase todos os programadores o fazem, seja através de motores pré-concebidos, como é o caso do AGD ou do MK1, seja através de motores próprios, como a Zosya e outros grandes programadores fazem. A questão é que, não é por se usar um motor já utilizado com sucesso noutros jogos, que necessariamente se vai conseguir replicar e criar um grande jogo. Não, é necessário muito mais. E é isso que a equipa da Zosya faz, consegue tornar o todo, muito maior que a soma das suas partes.

Mas a equipa da Zosya também faz magia, pois doutra forma, como é que conseguiria colocar tudo aquilo que se vai encontrar neste jogo em apenas 128K? Senão vejamos, temos aqui muitas e muitas horas de jogo a fazer lembrar The Sword of Ianna e Castlevania: Spectral Interlude, jogos com os quais Seraphima até tem bastantes afinidades em termos de mecânica (exceptuando o scroll, claro está).  

Depois, tem animações inigualáveis. Só nos lembramos de ver algo semelhante no ZX Spectrum em meia dúzia de jogos como Savage ou Thanatos, e pouco mais. Querem alguns exemplos? Vejam o dragão ou o monstro de Loch Ness movimentarem-se, por exemplo. Ou experimentem saltar para cima do cavalo e galopem um pouco (se conseguirem descobrir como soltar o equídeo). Podem também maravilhar-se, mirando-se ao espelho e vendo o fabuloso reflexo, algo ainda mais sofisticado do que aquilo que já acontecia em Valley of Rains. E que tal um palácio literalmente a desmoronar-se por cima de nós? Já para não falar na forma como Seraphima maneja a espada. São tantos os exemplos, que poderíamos estar aqui o dia todo.

Graficamente este jogo atinge também a perfeição. Se nos anteriores jogos da Zosya já tínhamos ficado estupefactos com os cenários e o grafismo criado, Seraphime rebenta a escala. Não estaremos muito enganados se dissermos que encontram-se aqui dos mais maravilhosos gráficos criados para o ZX Spectrum. Damos 10 nessa componente porque não podemos dar 11. Mas, de facto o jogo rebenta a escala. 

Mas este jogo poderia ser apenas fogo de vista (atenção que o fogo é peça chave), isto é, gráficos esplendorosos e pouco conteúdo (temos alguns exemplos de jogos bem famosos para o ZX Spectrum com estas características). Muito longe disso, pois também ao nível do conteúdo Seraphima atinge bitola muito elevada. A aventura apresenta quebra-cabeças que, mesmo sendo mais ou menos óbvios, pelo menos no que diz respeito ao uso dos objectos que vamos recolhendo, vão prolongar muito o tempo de jogo. O mapa é enorme e novas áreas vão-se abrindo à medida que vamos activando algumas alavancas, derrotando os big bosses, adquirindo novas capacidades, etc.. Pelo meio vamos encontrar algumas armadilhas que só com muita atenção aos detalhes e ao que o oráculo e outros personagens nos vão dizendo, conseguimos descobrir a solução. Nada que seja impossível ou que se torne frustrante, até porque se por um lado é fácil sobreviver longas horas deambulando pelos cenários, sem que passemos para o outro lado, i.e., morrermos, por outro, estas armadilhas e charadas aumentam o seu grau de dificuldade e o interesse pelo jogo.

E com tudo isto, tão entusiasmados ficámos com o jogo, que quase nos esquecíamos que este também tem uma história a condizer. Assim, desde o início dos tempos, duas castas ocultas coexistem na Terra sem o conhecimento da humanidade. Os Guardiões, que habitam fora dos limites do tempo e protegem a vida no nosso planeta, e os Saqueadores, que perseguem implacavelmente os Guardiões através dos tempos, impiedosamente capturando tudo o que desejam. Presas num conflito eterno, estas castas mantiveram um equilíbrio entre o bem e o mal. E é assim que num dia fatídico, Serahima (ou Serafima, como preferirem), surge como o último Guardião sobrevivente. Se for derrotada, a casta adversária permanecerá presa, mas o futuro da Terra ficará para sempre envolto em incerteza. Seraphima resolve então lutar até ao último suspiro, derrotar os seus inimigos e, finalmente, salvar a Terra.

Torna-se importante conhecer a história, em especial quando chegarmos à cena final, pois é-nos aí colocado um dilema, que iremos resolver consoante aquilo que fomos aprendendo. Quer isso dizer que o próprio jogo tem vários finais. Não diremos qual a solução mais acertada, apenas que vale a pena ver todos os finais. Aliás, o jogo tem um fundo moral bastante forte, que a própria humanidade deveria apreender, ainda mais num período obscuro e de incerteza como aquele que correntemente passamos. 

Assim, será Seraphima o melhor jogo da Zosya até agora? Muito provavelmente sim, embora isso dependa também do género preferido do jogador. Se preferem um shoot'em'up, The dark ou Valley of Rains será provavelmente uma melhor escolha. No entanto, se querem algo que a isso junte o uso das células cinzentas, bom sentido de orientação (ou fazerem o mapa, como nós fizemos) e alguma destreza nos dedos, então, sem dúvida alguma, este estará no topo.

Antes de terminarmos, convém alertar que esta versão ainda não será a final. A equipa de Natasha Zotova está a trabalhar numa nova versão que além de limar dois ou três bugs que detectámos, irá contemplar muitas novidades. Sabemos quais são algumas, embora não revelemos por agora. Poderemos apenas desvendar uma delas. Provavelmente iremos ter versão em Português, à semelhança daquilo que aconteceu com Castlevania.

Uma nota final: a equipa da Zosya merece todo o apoio da comunidade. Como sabem, devido à conjuntura internacional, está impedida de comercializar os seus jogos, principal meio de subsistência da companhia. No entanto, continua a presentear-nos com pérolas como Seraphima. Vamos assim demonstrar todo o nosso apreço pelo seu trabalho, jogando-o, comentando-o, e esperar que a situação melhore e nos possam presentear também com os magníficos lançamentos físicos (ver aqui). 

3 comentários:

  1. Porra !!! ... depois deste esmerado detalhe descritivo do André, até fiquei com vontade de voltar ao ZX spectrum !!! Parabéns. Abração à comunidade Sinclair ! Força museu LOAD ZX !!!

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  2. sim sim , o anónimo sou eu ...

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