Nome: Angels
Editora: NA
Autor: ZOSYA Entertainment
Ano de lançamento: 2021
Género: Beat'em'up, Shoot'em'up
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 48 K /128 K
Número de jogadores: 2 em simultâneo
Cada novo lançamento da Zosya, a editora da simpática Natasha Zotova, é aguardado com uma ansiedade apenas equiparada à que tínhamos aquando dos lançamentos da Ultimate Play the Game na primeira metade da década de 80. De facto, em cada novo jogo, a Zosya estabelece novos limites para aquilo que se consegue fazer com o ZX Spectrum. E atenção, estamos a falar da versão menor, a de 48K, pois uma boa parte destes jogos sáo compatíveis com este computador, se bem que se escolhermos a versão 128K, são acrescentadas novas funcionalidades, entre as quais a música AY.
Angels tem notórias semelhanças com o galardoado Valley of Rains, GOTY 2019 para Planeta Sinclair, depois de uma luta muito renhida com Aliens: Neoplasma. Não no estilo, pois Angels é um típico beat'em'up, intercalado com níveis do género shoot'em'up vertical, enquanto que Valley of Rains é um puro jogo de acção. No entanto a base parece ser a mesma e não ficaríamos espantados que utilizassem o mesmo motor. É também bom não esquecer que Angels baseia-se numa antiga demo de Oleg Origin, Wild Angels, que muito nos impressionou quando a testámos há alguns anos.
Apesar de na nossa opinião Angels ser de excelência, vai também ter alguns detractores (Valley of Rains também já o tinha tido), essencialmente por uma razão: quando se fala em beat'em'ups, todos pensam imediatamente em Renegade. No entanto, ao contrário deste, e apesar dos magníficos cenários, Angels é um jogo a 2D, apenas, e isto poderá representar uma fragilidade. A outra fragilidade que detectámos está relacionada com os níveis de tiro'neles que intercalam os de porrada. São demasiado fáceis, com sprites demasiado grandes. Compreende-se que se tenha querido introduzir alguma diversidade, e que de resto até se enquadra muito bem na história deste jogo, contada na magnífica intro que é apresentada assim que o jogo é carregado, algo que de resto já começa a ser habitual nos lançamentos da Zosya, mas nota-se claramente que foi algo colocado apenas para fazer número.
Agora que já falámos daquilo que poderão ser as poucas lacunas deste jogo, vamos então focarmo-nos nos muitos pontes fortes. Em primeiro lugar, mais uma vez é com bastante regozijo que vemos que a personagem principal, neste caso duas, são do sexo feminino. E melhor, podem até dois jogadores (ou jogadoras) entrar na refrega em simultâneo. São poucos os jogos que actualmente têm a opção de multi-jogador, sendo sempre uma mais-valia.
Mas mesmo estando no modo de um jogador, as duas raparigas entram no combate, mas não em simultâneo. Assim, é possível mudarmos entre elas a qualquer momento, e o mais interessante é que cada uma tem os seus truques. Enquanto que por exemplo, a primeira (a da esquerda) efectua grandes piruetas para trás, sendo bastante útil para escapar (momentaneamente) a alguns adversários, a outra dá um salto, seguido de biqueiro nas trombas de qualquer inimigo que esteja à mão. Assim, mudar entre as duas personagens, por vezes em pleno combate, faz parte da estratégia para conseguir despachar os inimigos com o mínimo dano possível.
Inimigos é o que há mais, inclusive alguns que atiram bidons contra nós, outros que vêm armados de metralhadora, e até um urso temos que defrontar, se bem que devido ao seu tamanho e lentidão, não seja o maior dos perigos. Além disso, começamos com bastantes vidas (nove), que poderemos ir gerindo entre as duas raparigas da forma que mais nos seja conveniente. Se uma delas estiver com a energia muito em baixo, deve-se mudar para a outra, esperando depois conseguir despachar um adversário e que este deixe algum objecto útil que permita recuperar parte da energia. Mas tudo isso faz parte da experiência de combate que vamos obtendo ao longo dos confrontos, permitindo-nos escolher mais acertadamente a melhor estratégia para cada inimigo.
Os cenários são também muito diversificados. Começamos num cenário urbano (Nova Iorque), mas à medida que vamos passando de nível, voamos (no sentido literal) para outros poisos, aumentando também o nível de dificuldade. Passamos assim por Itália, Rússia, Japão e, por fim, o Nepal, cada qual com os seus adversários característicos.
Para se desenjoar um pouco de tanto pontapé e murro, as deslocações entre os vários locais são feitas através da pilotagem de uma nave que, através do já referido tiro'neles vertical, vai destruindo tudo o que encontra pela frente, incluindo no final de cada nível, a nave-mãe.
A jogabilidade é fabulosa, e logo após alguns minutos de experiência, interiorizamos todos os golpes possíveis de cada uma das personagens (é necessário contar com algum tempo entre o pressionar a tecla e o golpe ser efectuado). Quanto aos cenários, basta olhar para os ecrãs que deixamos, pois são magníficos, talvez o melhor neste jogo.
Angels atinge assim nível muito alto. Mesmo não sendo o nosso género preferido (na realidade, o autor desta análise nem sequer gosta deste tipo de jogos), conseguimos passar aqui algumas horas bem divertidas e seguramente que cá iremos voltar. Tivessem os níveis do shoot'em'up vertical a mesma qualidade dos restantes, e a nota seria ainda mais elevada. No entanto, o que aqui existe é mais que suficiente para satisfazer plenamente a maioria dos jogadores...
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