Nome: The Ghosts of Blackwood Manor
Editora: Poly.Play
Autor: Stefan Vogt
Ano de lançamento: 2023
Género: Aventura de texto
Teclas: NA
Joystick: NA
Memória: 128 K
Número de jogadores: 1
Link para descarga: Aqui
Ainda antes de The Ghosts of Blackwood Manor ter sido lançado para o ZX Spectrum, já sabíamos que íamos estar perante algo muito especial, ou não fosse Stevan Vogt a pessoa responsável pelo seu desenvolvimento. Lembramos que do seu portfolio constam maravilhas como The Curse of Rabenstein, Eight Feet Under ou Hibernated 1: This Place is Death. Assim, era com muita ansiedade que o víamos nas redes sociais aos poucos desvendando alguns dos segredos deste jogo.
Quem conhece os seus trabalhos, também já sabe o que esperar em The Ghosts of Blackwood Manor: uma aventura recheada de mistério e gore q.b.. Por vezes a trazer à memória as obras de Stephen King, Edgar Allan Poe ou H. P. Lovecraft, recriando na perfeição os ambientes soturnos destes três grandes novelistas, o que aliás o título já dava a entender.
Também não temos a mínima dúvida que Stefan poderá singrar no mundo da literatura, no dia em que se resolva dedicar a essa actividade e tornar-se um novelista a tempo inteiro. Não só os seus trabalhos apresentam um enquadramento fantástico, sempre com uma história muito elaborada e a condizer, como o cuidado que coloca nos textos ao longo da aventura é exemplar. Se existe autor que consegue fazer com que uma aventura de texto pura, sem imagens, consiga estimular a nossa imaginação ao ponto de nos fazer totalmente entrar no mundo por si criado, esse autor é Stefan. É como o herói de The Neverending Story (Michael Ende), que ao ler a obra se embrenha num mundo fantasioso, tal e qual como se de um sonho se tratasse. E esta analogia não é inocente, pois neste jogo vamos encontrar livros... e sonhos.
Mas falemos um pouco daquilo que nos espera na aventura. Assumimos então o papel do romancista Thomas King (o apelido deverá ser muito mais que mera coincidência), que, com a sua esposa Cora, mudam-se para uma imponente mansão escocesa, poucos dias antes do Natal de 1986. Em busca de inspiração para seu próximo livro, Thomas começa a explorar a história de Blackwood Manor, descobrindo um hediondo segredo que remonta aos dias da "Great Scottish Witch Hunts" (no original), um evento no qual resultou numa série de julgamentos por toda a Escócia, entre Março e Outubro de 1597. Nesse período sombrio, Pelo menos 400 pessoas foram julgadas por bruxaria e várias outras formas de diabolismo, sendo o número exacto de executados desconhecido, mas terá sido pelo menos metade (sem contar com as torturas tão em voga na época).
Ainda desconhecendo todas estas macabras histórias que assombram a região, Thomas prepara-se, tudo o indica, para passar um descansado Natal com a sua esposa. A sua prestável empregada, Rosie, preparou um abastado farnel para que nada lhes falte, ainda mais quando o tempo não é o mais agradável e sair à rua com um nevão não é uma tarefa assim tão fácil. Cora também não se encontra (ainda) em casa, pelo que a primeira parte desta aventura é passada a explorar todos os locais mais recônditos da mansão. Explorar e Procurar são palavras de ordem e é curioso o que alguns aparelhos mais modernos podem fazer.
Curioso também como Stefan traz para a aventura algumas das suas preferências pessoais, quer ao nível da literatura, da tecnologia retro (não falta um Amiga), quer ao nível musical (não é em todos os jogos que se encontram referências a bandas góticas ou post punk, como é o caso de Joy Division, Ghost Dance / Skeletal Family, Killing Joke ou... New Model Army. E aqui entra uma grande coincidência, pois no dia em que The Ghosts of Blackwood Manor foi lançado, estava precisamente a assistir a um concerto de New Model Army, cuja música de abertura do set foi "No Rest", do álbum "No Rest for the Wicked", e que é peça importante do jogo. Há coincidências tão assombrosas como aquelas que acontecem em Blackwood Manor...
Após esta primeira fase de exploração, entramos em novo capítulo da história. Thomas já está ciente que algo de muito estranho se passou neste local, tendo agora que começar a resolver os mistérios e quebra-cabeças, se quer avançar. Não há que ter receio de experimentar tudo, quer seja entrar num local que parece pouco convidativo, ou usar o telefone para chamar alguém improvável, como aliás o autor refere a certa altura, pois não existem as temidas mortes prematuras. Os textos são quase sempre muito informativos, dando pistas seguras para a resolução das charadas, e, como se não fosse pouco, ainda temos connosco um certo compêndio que vai explicando um pouco a história de cada local. Atenção máxima a tudo o que é referido, pois apesar dos textos serem longos, é neles que vamos encontrar a chave dos problemas. Por vezes, algumas acções desencadeiam acontecimentos noutros locais longe de onde nos encontramos, pelo que devemos sempre examinar tudo, mesmo que já o tenhamos feito antes.
Se concluirmos com sucesso esta segunda parte do jogo, entramos no terceiro tomo. E aqui convém gravá-lo, tal como Stefan indica, pois consoante o caminho que tomarmos (caminho = resposta ou escolha a determinadas questões), poderemos chegar a um de três finais: Bom, Mau ou Neutral. De qualquer forma, não desesperem, pois muito provavelmente irão primeiro chegar ao final mau ou neutro (foi este último o nosso caso), mas isso faz parte da experiência que retiram ao longo do jogo. E se chegaram a este ponto, é porque estão completamente embrenhados e a deliciarem-se com a aventura, e certamente que quererão ver todos os finais.
Por outro lado, a certa altura nesta terceira parte, e se querem ver o final Bom, não podem errar um único comando. Um único deslize ou uma palavra errada é o suficiente para ser sonegada a felicidade. Só assim vão conseguir atingir os 410 pontos...
Vamos ser sinceros, há muito tempo que uma aventura de texto pura não nos trazia tanto prazer (e arrepios na espinha) como esta. Se falarmos em Unhallowed, The House on the Other Side of the Storm ou qualquer uma de Davide Bucci, têm uma boa ideia daquilo que poderão experienciar em The Ghosts of Blackwood Manor. O ambiente, envolvência e os textos são fabulosos, e o motor (parser) utilizado por Stefan é muito intuitivo, sendo que o nível de dificuldade não é de tal modo elevado, que nos deixe uma sensação de frustração ou impotência, mesmo quando parecemos estar perdidos. Aos poucos, e com as ajudas que vão sendo dadas, vamos conseguindo avançando, pelo que mesmo quem não é aficcionado do género, poderá vir a mudar a sua opinião acerca das aventuras de texto. Esperemos que sim, pois este é daqueles jogos imprescindíveis na colecção.
Se não o fizeram já, convidamos os nossos leitores a embrenharem-se nesta mansão misteriosa e assombrada. Não se esqueçam é de uma coisa: nem tudo o que parece, é...
Só para o Spectrum +3? Que pena!
ResponderEliminarSim, é versão "disc" e utiliza o CPM
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