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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Retroworks Mini


Nome: Retroworks Mini
Editora: Retroworks Mini
Autor: Vários
Ano de lançamento: 2018
Género: Compilação
Teclas: NA
Joystick: NA
Memória: 48 / 128 K
Número de jogadores: 1

Não costumamos fazer a análise de colectâneas, e seguramente não iremos fazer de nenhuma das centenas que invadiram o mercado nos anos oitenta e início dos noventa. Mas esta tem contornos muito especiais. Em primeiro lugar porque foi lançada em 2018 e incluí jogos que saíram todos após a época dourada do Spectrum.

Em segundo lugar porque não está no formato da vulgar cassete, mas sim, e tal como o nome indica, numa cartridge (Dandanator! Mini), o que de resto já tinha acontecido  com The Sword of Ianna, também da mesma editora.

Em terceiro lugar porque os doze jogos que dela fazem parte são quase todos de grande qualidade, como é apanágio da Retroworks (The Sword of Ianna foi considerado o jogo do ano de 2017, e, na nossa opinião, é o melhor jogo de sempre para o Spectrum, suplantando mesmo Laser Squad ou Castlevania).

Finalmente, porque somos os felizes (e vaidosos) possuidores desta magnífica caixa, e como tal achámos que deveríamos enaltecer as suas qualidades. A única desvantagem é mesmo o preço (40 € + portes), mas tendo em conta que inclui o Dandanator! Mini, um manual e caixa com acabamentos de luxo e mais de uma dezena de jogos de grande qualidade (já lá vamos), o rácio custo / benefício é magnífico.

Quem quiser pode aqui adquirir a caixa. E quem não conhece os jogos, fica aqui uma breve análise:

  • Gommy, Medieval Defender
Imaginem uma versão muito evoluída de Assalto ao Castelo, com gráficos esplendorosos, montes de add-ons e quarenta níveis de frenética acção, contemplando ainda alguns especiais nos quais têm que derrotar um boss. É tudo isto e muito mais que vão aqui encontrar e Pagantipaco fez um trabalho brilhante.

Assim, na pele de Gommy têm que evitar que os invasores atinjam as ameias do castelo, para isso acertando-lhes com pedras. Mas os inimigos também têm alguns truques, desde flechas a tapetes de fogo que se grudam às paredes, e que são o cabo dos trabalhos para os eliminar.

Absolutamente viciante e bem merece a classificação de 9 que lhe damos.


  •  King's Valley
O segundo jogo da lista é um platformer com muitos quebra-cabeças pelo meio. Passado no Vale dos Faraós, no Antigo Egipto,assumimos a pele de um caçador de tesouros de Manchester, Vicky, que tem que decifrar os enigmas das pirâmides e apanhar todos os tesouros. Só depois aparece a porta de saída que nos leva para a pirâmide seguinte, onde temos que repetir a tarefa. São quinze, as pirâmides, algumas compostas por várias salas.

Alguns dos tesouros estão também enterrados, e temos que utilizar as pás de forma muito ponderada, doutra forma corremos o risco de ficar encurralados ou sem pás para continuar a escavar tesouros, impedindo o nível de ser completado.

Entretanto algumas múmias protegem os tesouros, e embora as possamos eliminar temporariamente arremessando-lhes um boneco, também aqui muita ponderação é exigida, pois apenas podemos utilizar um objecto de cada vez (a arma de arremesso ou a pá, teremos que escolher), além de que se temos um objecto em nosso poder não conseguimos saltar.

Mais um excelente jogo do pacote, obtendo a classificação de 9.


  • Nelo & Quqo and the Last Butifarreison
Na colectânea também há espaço para as aventuras gráficas, surgindo então Nelo & Quqo, dois delinquentes que planeiam roubar um banco e que ficaram presos no meio de inúmeras trapalhadas. E claro, seremos nós que as temos que resolver.

Os gráficos são estilo cartoon, fazendo lembrar a espaços Sidewalk ou até mesmo Rompetechos. No entanto está longe de ser o jogo mais inspirado do pacote. Por um lado, limitamo-nos a procurar os locais certos para colocar os objectos. Por outro, a parte da acção também não é famosa. Nos vários cenários vão aparecendo polícias a fazer a ronda e alguns animais, e temos que saltar por cima deles, única forma de não perdermos energia, no entanto, muitas vezes passamos para um novo ecrã imediatamente em cima de um dos adversários, com as consequências que imaginam.

Com uma melhor afinação, o jogo poderia almejar outros vôos, assim fica-se pelo 6


  • Teodoro No Sabe Volar
A acção passa-se no reino de Cornejal, onde a folia impera, tendo sido um paraíso autêntico até um exército invasor atacar o castelo e todos os soldados desaparecerem. No meio dessa razia sobrou um pretendente a soldado, Teodoro, além do próprio Rei. Este implorou então a Teodoro, que não sabe voar, que fosse à torre mais alta do castelo atear o fogo que serve de alarme para quando está um ataque em curso, podendo os outros reinos acorrerem em seu auxilio.

Está dado o mote para mais um misto de jogo de plataformas com aventura. Isto porque teremos que encontrar alguns objectos e chaves que permitem atingir outros partes do castelo, ou seja, é imperativo delinear muito bem o caminho a fazer, sob pena de ficarmos encurralados em algum ponto. E no meio desta aparente simplicidade e lentidão (quase que parece programado em Basic), com gráficos muito coloridos e interessantes, reside um grande jogo. E no fim, talvez Teodoro descubra que afinal até sabe voar...

A classificação dada é de 8, muito perto de atingir o galardão de Mega Jogo.


  • Genesis: Dawn of a New Day
E claro que não podia faltar um shoot'em'up na colecção, e o que aqui está incluído é de grande qualidade, diga-se.

Genesis recria um ambiente futurista, fazendo lembrar Chronos, quer pela vertente gráfica, quer pela própria jogabilidade, o que desde logo é bom sinal. Assim, ao longo de sete níveis temos que lutar contra tudo e contra todos. Tudo o que se mexa é inimigo a abater, e alguns elementos do cenário (que também não pode ser tocado) também, pelo que é conveniente serem eliminados o mais rápido possível, até porque geralmente disparam contra a nossa nave.

Existem alguns power-ups bastante úteis, nomeadamente aqueles que triplicam o nosso poder de fogo (o nosso preferido). E bem vamos precisar deles para quando chegarmos ao monstro no final de cada nível, que necessita de uma boa dose de chumbo.

Não chegando ao nível de um R-Type (ninguém chega), é bastante decente, daí levando a classificação de 8.


  • Cray 5
A poluição tornou impossível a vida no nosso Planeta, tendo sido construída uma nave que vai levar cinco mil colonos a viajar no espaço para encontrar um novo planeta habitável (para o destruir de seguida como fizeram com a Terra, presumimos nós). O controlo desta nave está a cargo de Cray-5, um super-computador que ficou responsável por todo o bem-estar da colónia. Fomos nós que o desenhámos, portanto fazemos parte da tripulação. Mas eis que um asteróide  atinge um dos reactores da nave, danificando Cray-5 e vertendo material radioactivo por toda a nave. O computador decide-se então pela autodestruição, sendo que a contagem regressiva para a explosão já foi iniciada. Cabe a nós desconectar o computador e reparar a nave antes que esta expluda.

O jogo tem semelhanças com Equinox, quer ao nível dos cenários, quer ao nível da própria mecânica, onde temos que ir apanhando chaves que permitem o acesso a outras partes da nave, assim como entrar nos tele-transportadores que levam para cada um dos nove níveis. E temos que os ir correndo para trás e para a frente, tal como fazíamos em Equinox, pois em alguns níveis mais avançados está a chave para resolver os anteriores.

A nave é enorme e a missão bastante difícil, pois os dróides responsáveis pelo sistema de manutenção vêm-nos como um invasor. As paredes são radioactivas, assim como a maior parte dos objectos, e temos que contar com a gravidade, pelo que todo o cuidado é pouco. Mas a jogabilidade é excelente, tornando o jogo viciante.

Cray-5 é então obrigatório, levando a classificação de 9.


  • JINJ 2: Belmonte's Revenge
Jinj 2, tal como o nome indica, é a sequela de Jinj, partindo do ponto em que recuperámos a memória, depois de nos apoderármos do pergaminho que se transformou-se numa partitura. Conseguimos também revelar a mensagem oculta no pergaminho, mas ao mesmo tempo as notas da partitura começaram a voar, caindo algures no meio da floresta. Cabe a nós encontrá-las, voltar a colocá-las no pergaminho, e deitar-lhe fogo, doutra forma um certo professor que invocou as forças do mal, apoderar-se-á do mundo.

A floresta é um verdadeiro labirinto, com passagens secretas que levam para outros pontos do cenários, seres maléficos fatais ao toque, e outras maldades deixadas pelos programadores. Não temos qualquer arma à nossa disposição, a única ajuda que temos é a de uma clave de sol que assinala a proximidade das notas musicais, mas para dizer a verdade de pouco serve, pois as mesmas encontram-se visíveis no cenário.

Assim, explorar é aquilo que temos que fazer desde logo, e embora o jogo esteja bem implementado, com gráficos e cenários engraçados, ao final de algum tempo torna-se monótono, dado que pouco mais temos que fazer que procurar notas musicais e evitar os adversários.

Leva assim nota 6, muito por força dos cenários criados.


  • Los Amores de Brunilda
Brunilda é uma aventura épica que se desenrola em cinco capítulos, trazendo-no à memória Wanderers ou Xelda, jogos que até saíram posteriormente, também com grande brilho. E os pormenores que a Retroworks dedicou a este jogo são algo de extraordinário. Basta dizer que o lançamento original (da Retroworks, não posteriormente o da Monument), entre outros extras, incluía uma pequena arca. A história também é bastante pormenorizada, relatando a história de um frade que vive um estranho sonho e que tem que fazer com que os fantasmas de Brunilda e do amante se juntem.

Esta é daquelas aventuras que vão exigir muitas e muitas horas de exploração. O mapa é imenso, as tarefas a cumprir também, e embora sendo lógicas e as personagens com quem interagimos irem-nos dando pistas, a aldeia é um autêntico labirinto, a exigir desde logo que façamos um mapa. Mas mapa é aquilo que não vamos conseguir fazer nas catacumbas, escuras e rodeadas de perigos para o nosso frade (Xelda tem também uma parte do jogo muito semelhante a esta), e que apenas a muito custo se consegue passar.

Curioso também o sistema de códigos, que permite avançar logo para cada um dos capítulos, sem necessidade de voltarmos a percorrer o caminho já feito. Os códigos variam conforme os objectos e acções que fomos tomando no decurso do jogo, por isso são geralmente diferentes, mas permitindo partir da posição onde efectivamente ficámos.

Brunilda é talvez o melhor jogo do pacote, sendo-lhe atribuído, sem qualquer dúvida, a classificação de 10.


  • The Chard
Normalmente todas as compilações incluem um "peru", e esta não foi excepção. A fava calhou a The Chard, e se alguém estranha a sua inclusão num pacote onde a maioria dos jogos são de boa ou muito boa qualidade (para não dizer excepcional), existe uma razão para isso. É que o jogo surgiu em 1991, mas em 2014 foi totalmente refeito, justificando-se assim estarem os dois incluídos, até para se ver a evolução decorrida nesses vinte e três anos que mediaram os lançamentos.

Também não vale a pena falar muito sobre esta primeira versão, pois é injogável e repleta de bugs, não admirando, portanto, que o seu autor se decidisse por um remake, melhorando-a em todos os aspectos (o que também não era difícil).

Leva a classificação de 1 e estamos a ser simpáticos.


  • The Charm
E surge então em 2014 The Charm. A história e objectivos são os mesmos da primeira versão. Assumimos o papel de um cavaleiro, que vai em auxilio do seu Rei, pois todos os cidadão, levados por um terror imenso, aliaram-se a um invasor muito poderoso. Temos agora que explorar todo o castelo e redondezas, procurando vários objectos e entregando-os aos respectivos donos. Só assim estes libertam-se do feitiço que os levou a ficar do lado do invasor e aliam-se novamente ao Rei, permitindo libertar o reino da maldição.

The Charm é o típico jogo de plataformas, com muitos obstáculos para evitar, objectos para apanhar, e exigindo perfeição ao nível do tempo e posição de salto. O costume no género, como seria de esperar. E relativamente à versão original conseguiu melhorar em todos os aspectos, não só a vertente gráfica e sonora, mas especialmente ao nível da jogabilidade, ficando agora bastante aceitável.

Havendo muitas propostas do género melhores, algumas até nesta compilação, consegue divertir por um bom par de horas, levando a classificação de 7.


  • Vade Retro
E os jogos de plataformas com laivos de aventura é mesmo a especialidade da Retroworks. Vade Retro é mais um deste pacote, e que apesar de não ser particularmente longo ou difícil (ao contrário do que é habitual nos jogos espanhóis), consegue manter o jogador entretido por bastante tempo.

Muito resumidamente (na página da Retroworks encontram a história completa desta aventura), também aqui assumimos o papel de um cavaleiro, o qual tem que matar Delcram, um ser demoníaco que mantém o mundo nas trevas. Para isso tem que encontrar todos os fragmentos de uma espada e uma poção para lhe provocar um encantamento. E o primeiro passo é mesmo ir à procura desses fragmentos, pois apenas com a espada completa temos possibilidade de eliminar os nossos inimigos e conseguir avançar para outras partes do cenário.

Temos ainda que encontrar quatro selos das diferentes Ordens de Cavalaria e as seis caveiras, restos dos necromantes que permitiram a Delcram voltar a este mundo, que além de restituírem alguma da nossa energia, são fundamentais para se chegar ao fim.

Vade Retro é então mais uma aventura que contribui para fazer esta compilação imperdível, obtendo a classificação de 8.


  • Majikazo (by Lemonize)
O último jogo desta compilação é distinto dos restantes. Em primeiro lugar porque a equipa programadora é diferente. Enquanto que em todos os outros a Retroworks foi directamente responsável pela sua execução, em Majikazo, a equipa responsável foi a Lemonize (também espanhola).

Depois, porque o próprio estilo de jogo é também diferente. Assim, ao longo de vinte e cinco níveis, que representam as diferentes salas de um castelo mágico, controlamos um feiticeiro que tem como objectivo limpá-las de todos os inimigos. Estes aparecem de um bloco especial (um gerador de inimigos, semelhante a Gauntlet).

Temos também que destruir os restantes blocos que representam arcas de tesouro, caixas, cestas, etc.,  não só para encontrar as quatro chaves que permitem sair do nível, assim como a respectiva porta de saída, mas também uma panóplia grande de feitiços e outros objectos úteis. Existe um tempo limite para completar cada quadro, se este chega a zero ou algum inimigo nos apanha, perdemos uma vida.

Embora a originalidade não seja o forte deste jogo, cenários imaginativos e uma forte jogabilidade tornam Majikazo viciante, não sendo assim de estranhar a classificação de 8.


Resumindo, quem comprar a Retroworks Mini (os ROM's também estão disponíveis na sua página), e apesar de representar um investimento avultado, vai ter direito a uma edição de luxo contendo uma caixa lindíssima, manual, cartridge e onze jogos de altíssima qualidade (mais uma curiosidade que apenas serve para fazer número). E nem que fosse apenas por Brunilda, valeria o seu preço.

Quem quiser adquirir a compilação, pode fazê-lo aqui (assim como também comprar The Sword of Ianna). Qualquer coleccionador que se preze deverá tê-la na sua colecção.

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