No fim de semana passado, pude participar em mais uma edição do Lisboa Games Week, desta vez já com uma nova organização e algumas mudanças no evento. Como já referenciámos e explicámos o sucedido no nosso último post acerca do XL Games World (ver aqui), vamos então passar a analisar mais directamente as diferenças que encontrei neste evento.
Para começar, vimos que ao contrário do Moche XL, que pretende estar centrado quase exclusivamente em videojogos, o LGW pretende alcançar um público maior, parecendo estar lentamente a transformar-se num evento comparável à Comic Con. Desta vez, reparei na existência de uma série de novas áreas, como a dedicada ao cosplay, outra onde artistas podem entrar em contacto com o público, exposições e testes de drones e robots, uma área para youtubers onde eram dados workshops de introdução à criação/edição de vídeo para o youtube, etc.
Não vamos adiantar mais as diferenças entre os eventos, até porque as novidades do Lisboa Games Week estão relacionadas com áreas que estão totalmente afastadas do âmbito deste blog e só as referenciámos para dar uma ideia de como os eventos se estão a afastar a nível de direcção e também do público-alvo que pretendem captar.
Quanto à área retro, neste evento foi gerida pelo museu Nostalgica que retornou ao evento após um afastamento de dois anos, pois foi substituído em 2017 pela Retroshop. Apesar de o LGW ter uma área consideravelmente maior ao dispor que o evento concorrente (dois pavilhões da FIL), foi com alguma desilusão que vimos o espaço reduzido utilizado para a zona retro. Desta vez tivemos já algumas máquinas arcade do museu e vários flippers, aliados a uma pequena secção de consolas e microcomputadores.
Algo um pouco diferente que vimos desta vez, foi uma tentativa de tornar o espaço mais museológico, utilizando vitrines com alguns jogos e consolas, que infelizmente não continham quaisquer descrições que nos pudessem ajudar a contextualizar o que estávamos a ver. Na parede do fundo, tínhamos também jogos, consolas portáteis e fixas, juntamente com alguns computadores fixados à parede, esses sim, com uma pequena descrição ao seu lado, todos separados por décadas.
Outra coisa que apontaria é que as consolas e computadores ao dispor do público são modelos mais comuns e vulgares. Se por um lado devemos ir em busca do que poderá ser mais apelativo ao público, também achamos que um museu tem uma missão educativa, devendo mostrar sistemas e jogos menos comuns. Aplaudimos neste caso a iniciativa do espaço Retroshop em ter ao dispor consolas mais raras como a Neo Geo CD ou a Atari Jaguar, entre outras. No espaço Nostalgica, o único sistema menos comum que vimos era uma Wonderswan Color, mas tendo em conta a iluminação do espaço, também não considero que tenha sido uma consola ideal para mostrar no evento.
A afluência do público foi relativamente grande para a zona arcade e um pouco menos para a área das consolas/computadores, havendo sempre alguma bancada livre, coisa que muito raramente vimos no espaço Retroshop, mesmo tendo em conta que a oferta disponível era maior.
Para concluir, achámos que a gestão do espaço ficou um pouco aquém das expectativas. Se fossem tomadas algumas medidas para criar uma área mais acolhedora, com mais sistemas, com uma organização e decoração diferentes, teríamos um ambiente muito mais agradável. No entanto, devemos dizer que gostámos de ver a coleção ser apresentada também numa perspectiva mais museológica, apesar do modo como foi organizada essa área não ter sido o melhor. Em comparação, objetivamente acabamos por optar pelo salão de jogos e espaço Retroshop, pelo ambiente muito mais agradável e acolhedor, diversidade de máquinas ao dispor e até pelo modo como fomos recebidos pelo organizador.
Tentámos então chegar à fala com Mário Tavares, responsável pelo Nostálgica, para trocar algumas palavras. Ao contrário do que aconteceu no Moche XL em que vimos o responsável presente até ao encerramento de cada dia, não conseguimos encontrar o organizador no espaço, estando apenas voluntários a tomar conta do mesmo sempre que o visitámos.
Para o primeiro ano deste evento com uma nova administração, reconhecemos que ainda tem muito a melhorar e como já vimos alguns dos que visitaram ambos os eventos comentar, pareceu-nos que o Moche XL é o verdadeiro herdeiro do antigo Lisboa Games Week. Esperamos que no próximo ano sejam colmatadas as várias falhas e que cada evento se consiga destacar em áreas diferenciadas.
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