sábado, 9 de março de 2024

Battlefield Germany


Nome: Battlefield Germany
Editora: PSS
Autor: Cybercon Enterprises
Ano de lançamento: 1987 
Género: Estratégia
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Não
Memória: 48 K
Número de jogadores: 2
Link para descarga: Aqui

Battlefield Germany é um jogo que em termos pessoais me traz gratas recordações, pois foi o último que comprei para o ZX Spectrum, por volta de 1988, ainda antes de a ele ter regressado muitos anos mais tarde (e também ao jogo, mas desta vez carregando a cassete oficial, não a pirata, como era habitual existir no nosso país).

O jogo traz à memória um outro da mesma editora, Theatre Europe, retomando o tema da Guerra Fria e de um conflicto nuclear, algo que infelizmente voltou a estar na moda, fruto da irresponsabilidade dos principais líderes do nosso Planeta, que parece que apenas ficam contentes esgotando os recursos da Terra, extinguindo as outras espécies e, em última instância, extinguindo a própria civilização. Mas adiante, isso são contas de outro rosário. Fiquemo-nos pela guerra no ecrã da TV...

Também não nos surpreende que a PSS se tenha inspirado em Theatre Europe. Afinal de contas, esse foi um jogo que vendeu muito, tendo em conta que estávamos perante um wargame, dedicado a um núcleo muito restrito de jogadores, e que foi acarinhado simultaneamente pela crítica e jogadores. Por um lado, concordamos, pois a sua facilidade e intuitividade fazia com que conseguisse atingir novos públicos, por outro, era mais limitado ao nível da estratégia, nomeadamente se comparado com jogos como Johnny Reb II ou Vulcan, por exemplo. A PSS quis então voltar a um modelo mais standard, mas nem por isso menos ambicioso em termos de marketing (a Your Sinclair deu-lhe amplo destaque, por exemplo), aumentando-lhe a complexidade e profundidade (e já agora, excluindo as dispensáveis cenas de arcada de Theatre Europe).

Battlefield Germany recria então um cenário de guerra na Europa, com os exércitos do Pacto de Varsóvia e da Nato em conflicto aberto, isso depois da Unidade Islâmica e Israel terem aberto as hostilidades, com a União Soviética e os EUA a acorrerem em auxílio de cada uma das partes (mais coincidências...). 

As opções iniciais do jogo são bastante frugais. Existe possibilidade de um ou dois jogadores, escolha da Nato ou Pacto de Varsóvia, escolha da força da Nato, o que na prática representa o nível de dificuldade, e ainda a possibilidade de optarmos por um jogo com 6 ou 12 turnos (e não mais que isso). E temos desde logo a primeira e, talvez a maior, fragilidade de Battlefield Germany: não existe opção de redefinição das teclas e a selecção que existe por defeito é atroz, levando a que constantemente nos enganemos ao movimentar as tropas.

Sente-se também a falta de uma opção que, sendo muito simples, aumentaria em muito a jogabilidade. Assim, deveria haver a possibilidade de saltar entre unidades de forma rápida, sem necessidade de ter que levar o cursor até elas. Perde-se mais tempo à procura das unidades que ainda não movimentámos, do que a escolher as opções de cada uma, tornando o jogo monótono e repetitivo, e não apropriado para os iniciados em jogos de guerra, ainda mais quando o tabuleiro da acção funciona por hexágonos e o próprio mapa principal abrange uma área muito pequena e difícil de visualizar no mapa do canto superior direito. Digamos que o sistema não é o mais intuitivo e funcional.  

Onde este jogo ganha aos pontos a muitos outros do género é ao nível da estratégia. Assim, Battlefield Germany, destina-se aos wargamers puros e duros, que não se importam de demorar 30 minutos ou mais em cada turno, até porque mesmo no turno adversário, quando somos atacados, temos acções a tomar, como a possibilidade de escolher a cobertura aérea que pretendemos ter (um dos vectores mais importantes das batalhas).

No jogo com um adversário humano, existe sempre a possibilidade de ataque nuclear, mas nós apenas podemos propor o ataque. Será sempre o Presidente a decidir pelo seu uso, ou não, consoante a situação militar no teatro de guerra. Uma coisa é certa, depois de ser iniciado, rapidamente escala e a possibilidade de vitória de um dos lados, diminui consideravelmente. Afinal de contas, somos humanos...

Mas Battlefield Germany é muito mais abrangente do que aquilo que possamos escrever numa simples review. Existem inúmeras maneiras de ganhar a guerra, para isso existindo os "pontos de vitória". Quem o quiser experimentar, é obrigatório que antes leia o manual que, por sinal, nem é assim tão grande ("apenas" 11 páginas de texto descritivo), mas que serve para se sentir o pulso ao jogo. O resto, só mesmo passando algumas horas a experimentar diferentes estratégias e a tentar encurralar o adversário, de preferência sem entrar na loucura nuclear.

Tivesse Battlefield Germany um interface um pouco mais funcional e a possibilidade de selecção das teclas, e estaríamos perante um Mega Jogo e um dos melhores do género, ombreando com os trabalhos mais prestigiados de Robert Smith (a trilogia Arnhem, Desert Rats e Vulcan, ou ainda Encyclopedia of War: Ancient Battles). Assim, fica-se pelo quase...

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