sábado, 14 de setembro de 2024

Dr. Acula


Nome: Dr. Acula
Editora: NA
Autor: Colin Stewart
Ano de lançamento: 2024
Género: Plataformas
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 48K
Número de jogadores: 1
Link para descarga: Aqui

A história de Dr. Acula remonta a meados da década de 80 e ao programador Colin Stewart, que talvez não seja o mais conhecido ou prolífico na cena do ZX Spectrum, mas tem no seu currículo um jogo que qualquer pessoa identifica: Frank N. Stein, lançado pela PSS em 1984. Ou melhor, dois jogos, se contarmos com a sequela lançada em 2011, Frank N. Stein Re-booted.

Mas tudo começou em 2011 quando Colin encontrou no sótão o seu antigo computador, acompanhado de algumas cartridges, que 24 anos antes tinha arrumado a um canto. Uma delas, com o nome de Frank N. Stein, estava inoperacional e possivelmente continha a versão final do jogo lançado pela PSS. Uma segunda cartridge, esta operacional, continha alguns níveis e funcionalidades de Frank N. Stein que, por uma razão ou outra, não fizeram parte da versão final. Assim nasceu Frank N. Stein Re-booted, lançado precisamente 27 anos depois do jogo original. Uma terceira cartridge continha um outro jogo de Colin, The Goblin Caves, do qual se tinha completamente esquecido e que nunca chegou a ser terminado. Mas a quarta cartridge tinha o nome de Dracula e continha a sequela de Frank N. Stein (Dr. Acula), um jogo que também não chegou a ser terminado. Há muito que Colin pretendia completar este último e em boa hora o fez.

Esta sequela tem uma história sinistra a condizer, como se esperaria: 

One night, Acula captured Frank and locked him away in his castle. But Frank hatched a cunning plan to escape by constructing a coffin, knowing that it would be impossible for Dr. Acula to resist clambering into it and, once Prof. Frank had nailed down the lid, he would be trapped for all eternity!

Unfortunately, Dr. Acula managed to escape, destroying the coffin and unleashing his hoard of bats on Prof. Frank. The only hope would be to grab a crucifix and send Dr. Acula back into the shadows, while trying to build another coffin...

Quem se lembra de Frank N. Stein, sabe que o jogo era composto por 50 níveis, com duas fases distintas, que se alternavam à medida que íamos avançando. Numa primeira fase tínhamos que ir recolhendo as diversas partes do esqueleto de Frankenstein, para depois de completo, activarmos a corrente. Estes níveis inspiram-se claramente em Manic Miner, numa altura em que Matthew Smith era considerado a grande estrela do ZX Spectrum. 

Existia depois uma segunda fase na qual tínhamos apenas que conseguir chegar à alavanca de activação, evitando os muitos inimigos que povoavam as plataformas, assim como os barris que Franknstein atirava na nossa direcção, numa mecânica a trazer à memória o jogo de arcade Kong.

Quanto a Dr. Acula, a mecânica é muito semelhante a Frank N. Stein, e continuamos a ter os mesmos 50 níveis, embora se possa escolher no menu inicial o grau de dificuldade, algo que não existia na prequela.  Também temos as duas fases distintas, mas agora, em vez de termos que recolher as oito partes de um esqueleto numa certa ordem, temos que recolher as oito partes do caixão onde o Dr. Acula se irá deitar. Mas não deixa de ser verdade que os gráficos agora estão mais polidos e os cenários são mais imaginativos, ao qual não é alheio a introdução dos elevadores e de alguns teletransportadores, que permitem ao nosso personagem deslocar-se entre pontos mais distantes, ao invés de se cingirem apenas às plataformas que se encontravam imediatamente acima ou abaixo (como acontecia no primeiro episódio da série).

A segunda fase apresenta mais diferenças relativamente ao original, pois além de introduzir os elevadores, contém ainda outro tipo de inimigos e de obstáculos, nomeadamente lagos nos quais nos podemos baixar, ficando escondido dos adversários. Não convém é que seja por muito tempo, pois continua a existir um tempo limite para se terminar cada nível. Nesta segunda fase, também já não somos bombardeados com barris, mas Dr. Acula liberta morcegos, que vão percorrendo as plataformas, dificultando a nossa tarefa.

Se optarmos pelo grau de dificuldade mais fácil, a parte do caixão que temos que recolher, fica iluminada, pelo que perdemos menos tempo a definir o caminho até ao objecto. Além disso, o tempo limite para se terminar cada nível é mais generoso do que no grau de dificuldade mais elevado, que além disso não ilumina a peça que se deve recolher. Tendo em conta que por vezes o tempo é cronometrado ao segundo, não nos podemos dar ao luxo de andar à procura do local da peça seguinte a ser recolhida, sob pena de deixarmos o cronómetro chegar ao fim. Deve-se ainda ter em conta que se deixamos o tempo chegar ao limite, além de perdermos uma vida, tem que se recomeçar o nível, perdendo-se todas as peças que entretanto já tinham sido recolhidas.

O melhor elogio que podemos fazer a este trabalho de Colin Stewart é que nos transporta para 1984, com todas as sensações associadas a essa época dourada do ZX Spectrum. Hoje em dia, a maior parte dos jogos de plataformas são desenvolvidos com recurso a motores como o AGD, ZX Game Maker ou La Churrera. Se por um lado permite que mesmo quem não tenha muitos conhecimentos de programação possa criar os seus jogos, por outro, torna os jogos demasiado estandardizados e parecidos um com os outros. Isso não acontece com Dr. Acula, que nos transmite uma sensação verdadeiramente "old school", algo que é muito raro acontecer hoje em dia. Isso, aliado a uma excelente jogabilidade e uma capacidade de entretenimento muito acima da média, leva-nos a considerar este jogo como um dos candidatos a vencer o GOTY 2024. E tudo isso oferecido de forma gratuita...

Se não ficaram ainda convencidos, convidamos-vos a espreitarem Dr. Acula, mas façam-no por vossa conta e risco. Depois não digam que não foram avisados e que ficaram horas e horas agarrados ao ecrã da televisão…   

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