Nome: Che-Man
Editora: The Mojon Twins
Autor: Na_th_an, Anjuel e Davidian
Ano de lançamento: 2019
Género: Plataformas
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1
Já há bastante tempo que os The Mojon Twins não nos agraciavam com um jogo e confessamos que alguns dos últimos até nos tinham deixado com alguns amargos de boca, nomeadamente Fase Bonus. Mas chegou agora um novo, com direito a edição física. Será que é desta que vamos mudar de opinião respeitante à generalidade dos jogos criados com o motor La Churrera? A ver vamos, mas comecemos pela mirabolante história...
Cheman está chateado, pois nesta noite dão um concerto os "Deuses do Metal" e além de querer marcar presença no concerto, quer também conseguir uns autógrafos da banda. No entanto tudo conspira contra ele, fazendo até lembrar a personagem Ernie da BD da Your Sinclair. Então não é que um grupo de biodanza de Badajoz organizou um festival de batucada no bairro, impedindo o acesso à sala de concertos? Temos agora que apanhar os medalhões do Poder e acabar com os batuques.
Como já perceberam controlamos o personagem Cheman nesta missão, tendo apenas dois níveis, embora se presuma que possa vir a ter mais no futuro, isso porque quando os acabamos, em vez de aparecer a habitual mensagem a congratular-nos por termos terminado o jogo, surge um ecrã anunciando o terceiro nível, acompanhado de uma música de fundo, e fica-se por ai. Intencional ou bug, parece-nos que há aqui qualquer coisa que escapou aos programadores.
Os dois níveis são também substancialmente diferentes em termos de cenários, notando-se as diferenças até no grau de dificuldade associado a cada, embora os objectivos sejam semelhantes. Em cada um deles teremos que eliminar as batuqueiras, saltando três vezes por cima delas (nem sempre é fácil temporizar o momento e local de salto), e apanhar todos os medalhões. De cada vez que se recolhe um medalhão, teremos que o levar para um dos totem existentes, muitas vezes repetindo-se o caminho, pois esses não abundam. Sabendo-se que uma das desvantagens dos motores para criação de jogos é a memória que "come" e que deixa livre para o programador, não restam grandes alternativas para se conseguir aumentar a longevidade dos jogos senão arranjar soluções artificiais, sendo a mais recorrente e óbvia o obrigar a repetir os caminhos anteriormente percorridos. Percebe-se que não exista outra solução, mas não deixa de tornar os jogos criados com o La Churrera um pouco entediantes.
Os cenários são repletos de inimigos e outros artefactos, por vezes não se percebendo muito bem aquilo que se deve apanhar ou evitar. Ainda por cima em alguns locais, devidamente assinalados com um pequeno símbolo, erguem-se espigões, com as consequências esperadas. Os ecrãs fazem lembrar um pouco a saga Rade Blunner, que por sua vez já fazia lembrar os anteriores jogos dos The Mojon Twins criados com o La Churrera. Não é de estranhar, pois a ferramenta não é tão versátil como o Arcade game Designer, por exemplo, embora tenha outras vantagens. De qualquer forma, após dois ou três jogos começa-se a perceber melhor o que se tem que fazer e por onde se deve andar, podendo-se até dizer que os gráficos e sprites são bastante atractivos e com profusão de cores. Claro está que o colour clash é inevitável, mas isso até dá algum carisma ao jogo.
De cada vez que se toca num inimigo perde-se uma vida, podendo-se recuperar algumas apanhando objectos como os diamantes, no segundo nível. Mas por vezes os inimigos até são bastante úteis, pois ajudam-nos a alcançar alguns pontos do cenário, para isso sendo necessário pular em cima deles (se lhes tocarmos por cima, não se perde a vida, embora nem sempre seja um movimento fácil ou isento de falhas mortais). Até se torna engraçado andar aos saltos por cima de um dos outros seres e vê-los a descerem ao nosso ritmo, num dos efeitos mais bem conseguidos do jogo.
Apesar de alguns reparos que fizemos, não se pense que estamos aqui perante um mau desafio. Nada disso, simplesmente achamos que existem certos aspectos que requeriam uma melhor definição, como a limpeza de alguns bugs, ou uma maior variedade de acções, em especial no segundo nível, no qual temos que repetir os caminhos e os obstáculos inúmeras vezes.
Aqueles que estão habituados e gostam dos típicos jogos à La Churrera, terão aqui os habituais motivos para encontrarem divertimento garantido por umas boas horas. A história é surreal e hilariante, os cenários são imaginativos, o som o habitual nesse motor, a jogabilidade é interessante, com um nível de dificuldade ajustado e com uma curva de experiência adequada, apresentando um primeiro nível bastante fácil, mas um segundo onde apenas os melhores conseguirão ser bem-sucedidos. Consegue assim atrair rapidamente o jogador ("instant appeal"), embora se duvide que a ele se volte com frequência ("lastability").
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