segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Jogos de ténis para o Spectrum

Os jogos de ténis cedo fizeram a sua aparição no Spectrum. Já em 1983 existiram algumas tentativas, muito arcaicas, diga-se, para tentar trazer este desporto para essa plataforma, mas foi apenas em 1984 que surgiu o primeiro jogo que simulava todas as vertentes, e logo um que se tornou extremamente popular, inclusive fazendo parte do primeiro campeonato de jogos de computador a aparecer em Portugal, o Zig Zag. Fazemos aqui uma resenha dos principais simuladores de ténis a aparecer no mercado.
  • Match Point (1984)
Em 1984 surgiu Match Point pelas mãos da Psion. Apesar de ter gráficos e som básicos, o que não é de estranhar, já que apareceu nos primórdios do Spectrum, uma imensa jogabilidade e a possibilidade de jogar a dois, pouco comum na época, fez com que se tornasse o simulador mais conhecido e o preferido de muita gente. Contemplava ainda a possibilidade de se escolher o número de sets e o nível de dificuldade, seleccionando-se o modo de quartos-de-final, meias-finais ou finais. Mas avisa-se já que jogar a final é diabolicamente difícil, se bem que muito divertido.

  • Konami's Tennis (1986)
Foram necessários dois anos para voltar a aparecer um jogo de ténis. Desta vez via Imagine Software, Ao nível gráfico houve uma clara evolução, muito embora as cores escolhidas (tapete verde e jogadores brancos) não fosse a mais feliz. Alguma lentidão também prejudicou o jogo, levando a que os desafios se prolongassem ad eternum, bem como a reduzida dimensão do campo. Trouxe, no entanto, uma novidade: a possibilidade do jogo a pares. No final, apesar de trazer uma vertente mais moderna deste desporto, e sendo divertido, não conseguiu suplantar Match Point.

  • Grand Prix Tennis (1988)
E mais dois anos se passaram até aparecer mais um simulador de ténis, desta feita um budget game, pela Mastertronic Added Dimension, que de vez em quando até lançava alguns jogos bastante interessantes. Não é o caso de Grand Prix Tennis, que é simplesmente injogável. Nem o facto de permitir dois jogadores em simultâneo contribui para o tornar mais atractivo. E que dizer do fundo amarelo?  É assim um jogo a evitar a todo o custo.

  • Passing Shot (1989)
A Image Works foi a responsável por Passing Shot, simulador que prometia muito, mas que se ficou pela mediania. E tudo porque alguns erros na concepção fizeram com que a jogabilidade viesse por ai abaixo. Logo para começar, apenas se pode jogar com Sinclair ou Kempston (ou em alternativa as teclas Sinclair, que sempre pouco funcionais). Apesar de se poder jogar a pares, não existe a possibilidade de confronto entre dois jogadores "humanos". Mas acima de tudo, a mecânica de jogo, que passa de uma perspectiva horizontal, quando se serve, para uma perspectiva vista de cima, quando a bola fica jogável. Mas como o terreno de jogo é maior que o ecrã e a "câmara" acompanha a bola, faz com que o nosso jogador deixe de ficar visível no campo, reduzindo em muito as possibilidades de se fazer a devolução das bolas, ainda mais porque esse é muito lento a movimentar-se.

  • Pro Tennis Tour (1990) 
No início de 1990 a Ubi Soft trouxe um dos melhores simuladores para o mercado, Pro Tennis Tour. São imensas as opções, destacando-se a possibilidade de se treinar o serviço ou a devolução, neste caso com uma máquina, e também o modo torneio, onde poderemos ir subindo no ranking  à medida que vamos vencendo as partidas. No entanto é tremendamente difícil, e antes de se conseguir vencer uma partida, teremos que dominar completamente todo o sistema de jogo. Isto porque o jogador controlado pelo computador é demasiado rápido, enviando constantemente a bola para locais onde não temos possibilidade de chegar, e só a experiência vai fazer com que possamos antecipar as jogadas. No entanto, este é daqueles que compensa a perseverança.

  • Simulador Profesional de Tenis (1990)
Também nuestros hermanos se aventuraram pelas simulações de ténis, através da Dinamic. Saído uns poucos meses após Pro Tennis Tour, é natural que tenha mais ou menos as mesmas opções, se bem que a nível gráfico não atinja o mesmo brilhantismo. No entanto, a jogabilidade é melhor, isto porque vencer um concorrente não é um desafio quase impossível. É necessário, logicamente, muito treino até se conseguir começar a vencer os restantes jogadores e subir no ranking, mas a implementação é boa, convidando a levar os jogos até ao fim.

  • International 3D Tennis (1990)
A Palace trouxe uma das propostas mais estranhas ao nível dos simuladores de ténis. Falhada, diga-se, embora não deixando de ser inovadora e ter até algumas características que poderiam fazer com que este fosse "O Simulador de Ténis". A possibilidade de ter várias câmaras em diferentes ângulos ou o jogador posicionar-se automaticamente no direcção onde a bola vai cair (semelhante a Ping Pong), são alguns dos seus pontos fortes. No entanto a jogabilidade é totalmente arruinada por uma escolha de teclas desastrosa (onde estavam eles com a cabeça), e a lentidão do jogo, retira-lhe todo o interesse. Além de que a nível gráfico, enfim, gráficos vectoriais não é para este tipo de jogos...

  • Adidas Championship Tie-Break (1990)
Também a Ocean lançou um jogo de ténis, e ao contrário do que normalmente acontecia com esta editora, reconhecida como uma das melhores e aquela que lançava hits atrás de hits, este é um autêntico turkey, que nem a inclusão da Adidas como patrocinador o salvou. Um scroll horrível, semelhante a Adidas Championship Football, adequado a um jogo de futebol, mas não de ténis, retirou-lhe toda a jogabilidade. E nem os gráficos se safam. Um raro mau jogo por parte da Ocean. De positivo apenas as muitas opções, incluindo a escolha do tipo de raquete.

  • Pro Tennis Simulator (1990)
E 1990 não acabou sem que ainda aparecesse mais um simulador de ténis, desta feita da editora que chamava "simulator" a tudo, a Code Masters. E tal como numa boa parte dos jogos dessa editora, esta proposta, apesar dos imensos elogios dos donos da empresa, é apenas injogável... Nomeadamente  na escolha de teclas, potenciadora de tendinites mesmo sem estarmos fisicamente no court de ténis, a ausência de som, e a possibilidade de servirmos sempre "ases", que não contribuem para um desafio minimamente divertido. Adiante...

  • Emilio Sanchez Vicario Grand Slam (1990)
Emilio Sanchez, e a sua irmã, fazem parte da família ligada ao ténis mais conhecida em Espanha, não sendo assim de estranhar que também a Zigurat tenha aproveitado para fazer uma perninha e lançar um jogo baseado no primeiro. E em boa hora o fez, pois apesar de ser um pouco confuso ao nível dos controles (leva algum tempo até se dominar a técnica dos diferentes tipos de golpes), apresenta gráficos bastante razoáveis e som adequado, sendo um exercício muito próximo da realidade, simulando até um campeonato com os nomes mais conhecidos do ténis na época. Uma pena ter aparecido num período já tardio do Spectrum, tendo passado relativamente despercebido, pelo menos fora de Espanha.

  • International Tennis (1992)
O que já não se passa com esta proposta de 1992, pois apesar de vir de uma software house especializada em budget games, a Zeppelin games, conseguiu conceber uma simulação que se aproxima bastante da realidade de uma partida de ténis. São muitas as opções disponíveis, incluindo a possibilidade de se jogar a pares, tendo o computador ou um amigo como parceiro. Mas o melhor de tudo é a sua jogabilidade, contemplando teclas pré-definidas funcionais, e um nível de dificuldade ajustado. Aqui sim, temos um vencedor.

  • Double Tennis 
Para terminar a ronda pelos simuladores de ténis, apresentamos uma proposta que nunca foi lançada oficialmente. O jogo foi anunciado em 1990 pela Proein Soft Line (Espanha) e não se percebe a razão pela qual ficou na gaveta. Esteticamente é agradável, com muitas opções, incluindo o jogo a pares com um parceiro humano ou o com o computador, mas a jogabilidade deixa um pouco a desejar, razão pela qual não será das opções mais apetecíveis. E talvez por isso o jogo tenha ficado encostado, embora exista bastante pior, reconheça-se.


Assim, analisando uma dezena de simuladores de ténis, quase metade é bastante aceitável, sendo que três deles são altamente recomendáveis. Match Point, obviamente, por todas as memórias que nos traz, mas também porque tendo em conta a época em que saiu, apresenta uma concepção brilhante. Quem quiser um desafio mais profissional, quiçá se parecendo mais com um verdadeiro simulador, pode optar por Pro Tennis Tour ou Emilio Sanchez Vicario Grand Slam. por outro lado, quem pretender um jogo mais imediato e com toques de arcada, deve optar por International Tennis. Agora vamos lá bater umas bolas...

2 comentários:

  1. Byevoltor

    Grande
    Fabulosa análise
    Eu sempre joguei Match Point.
    Agora vou aproveitar muito mais, que deixei estacionado, porque o Match Point achou que era insuperável.

    À espera de uma análise de futebol.

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    Respostas
    1. Obrigado... :) Já tenho a de Fórmula Um preparada, também. Futebol? Ui, isso seriam páginas e páginas... ;)

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