sábado, 26 de abril de 2025

Keops


Nome: Keops
Editora: Softfile, RS232
Autor: Alexandre Rodrigues
Ano de lançamento: 1987 / 1990
Género: Aventura de texto
Teclas: NA
Joystick: NA
Memória: 48K
Número de jogadores: 1
Link para descarga: Não disponível

Em Abril de 1986, aquando do lançamento do primeiro número da revista Softfile, foi introduzido um concurso de uma forma muito original: através de uma banda desenhada. A temática da competição, que aceitava jogos desenvolvidos para o ZX Spectrum, TC 2048, TC 2068 ou QL, remetia para os tempos egípcios, no entanto tendo um tom futurista. O objetivo era o imperador Keops apoderar-se do Livro dos Mortos, escondido no sepulcro de uma pirâmide de grandes dimensões no delta do rio Nilo. A partir daí, o personagem principal da aventura, que chegava à base da pirâmide através de uma nave espacial, enfrentava inúmeros perigos e armadilhas, conseguindo no final encontrar o livro.

Um ano após o anúncio da abertura do concurso, em Abril de 1987, quando foi lançado o quarto e último número da revista, são finalmente anunciados os resultados. O vencedor do primeiro prémio foi Alexandre Rodrigues, que, além de ter visto o seu jogo lançado comercialmente, foi mais tarde colaborador da revista que sucedeu à Softfile, a RS232. 

Já agora, em segundo lugar, ex-aequo, ficaram os trabalhos de Pedro Coragem Fernandes e de Carlos Barroqueiro, ambos encontrando-se ainda por preservar. Este último programador já era conhecido no panorama português do Spectrum, pois além de pertencer ao grupo de Portimão (Marco & Tito), apresentava regularmente os seus trabalhos na Mini Micro’s. A revista anunciou ainda entrevistas com todos os premiados no número seguinte, o que infelizmente nunca veio a acontecer, pois a Softfile encerrou as suas atividades com esse número. Não se sabe assim quantos jogos terão sido apresentados a concurso.

Mas a história de Keops não se encerra em 1987, pois três anos mais tarde, é anunciada na RS232 o lançamento de Keops. Sabemos por intermédio do próprio Alexandre Rodrigues que seria uma versão melhorada do  jogo original. Foram corrigidos alguns erros e gralhas ortográficas, e o jogo foi compilado, tornando-se mais rápido. Para já, esta versão que saiu na RS232, continua por ser encontrada.

Também já tínhamos perdido a esperança de chegar a uma versão jogável de Keops. Na realidade, quase que por acaso, encontrámos em tempos uma versão alfa do jogo, mas que estava perto da versão final de 1987. Continha, no entanto, uma série de bugs e erros que impediam que se chegasse ao fim, e andámos a marinar durante muito tempo no que poderíamos fazer com o jogo. Falámos então com o "bombeiro" de serviço de Planeta Sinclair, o Zé Oliveira, que tantos jogos tem conseguido corrigir, e rapidamente apresentou-nos então uma versão completável, e com todas as funcionalidades que constavam na versão original. O Zé chegou ao ponto de corrigir o ecrã de carregamento, que tinha sido adulterado, ficando tal e qual como o original. Para os puristas, não será exactamente o jogo de 1987, no entanto, ficámos plenamente satisfeitos com o resultado e, quem sabe, talvez um dia consigamos encontrar o jogo tal e qual como saiu pela Softfile, ou, mais provável, a versão da RS232, que teve lançamento oficial aparentemente com maior projecção.

Mas vamos então ver como se porta a versão de 1987, mesmo sabendo que seguramente, por não ter sido compilada, é mais lenta que a versão de 1990. Em primeiro lugar, é obrigatório ler-se a banda desenhada que saiu na Softfile, pois dá as dicas necessárias para se chegar ao final deste jogo. Sem as lermos, mesmo por tentativa e erro, não iremos longe, pois existem algumas nuances que apenas nos apercebemos quando lemos as instruções.

A missão começa quando aterramos a nossa nave no deserto, junto à Grande Pirâmide de Quéops (curiosidade: a pirâmide é mesmo grande, maior mesmo que a de Gizé). Descemos da nave e começamos a explorar as redondezas. Em primeiro lugar devemos ir até à sala da múmia, pois ela tem um objecto (mapa), que devemos recolher. Depois de o termos na nossa posse, continuamos a exploração, ainda fora das Grande Pirâmide, e a certa altura encontramos um beduíno, relativamente amigável, desde que não o ataquemos. Há que convencê-lo a ler o mapa, mas isso não se afigura fácil.

Entramos depois na pirâmide e aqui convém então ter presente as instruções que nos foram dadas através da banda desenhada. Teremos que matar seis pássaros e seguir o sétimo, para então tentar apanhar duas chaves. Não nos precisamos de preocupar com o sétimo pássaro, pois esse irá naturalmente sucumbir sem a nossa intervenção. Uma das chaves que apanhámos deverá então ser depositada numa certa sala. Eis que se abre então uma passagem secreta que nos permite avançar, mas cuidado, se não tivermos a segunda chave em nosso poder e um outro objecto, não iremos conseguir avançar. Se tudo correr bem, iremos então conseguir apanhar o Livro dos Mortos e regressar à nave.

Olhando para o que acima dissemos, parece muito fácil. Na realidade, ao início não conseguíamos avançar muito, morrendo invariavelmente às mãos de algum inimigo, normalmente do fantasma, o mais poderoso deles todos. Mas depois de tentarmos chegar ao fim inúmeras vezes, além de já conhecermos o mapa de trás para a frente (convém ir-se desenhando o mapa), e de percebermos quando tínhamos que atacar ou fugir dos inimigos que íamos encontrando pela frente, rapidamente conseguíamos chegar ao fim. É a prova de que a perseverança compensa.

Graficamente Keops está interessante. Sabemos que as aventuras de texto apenas são do agrado de um nicho pequeno de pessoas. No entanto, neste caso estamos perante muito mais que uma simples aventura de texto. É como se fosse um misto de aventura gráfica, com aventura do género D&D. E isso aumenta a franja de público que poderá vir a gostar deste jogo. Realmente é uma pena apenas ter saído em 1990, numa altura em que o ZX Spectrum já definhava (antes do seu ressurgimento em força), pois teria decerto alcançado algum sucesso, ainda mais sendo em inglês e chegando até uma franja maior de público. 

Assim, em boa hora se conseguiu recuperar Keops. Teria sido uma pena ter-se perdido para sempre este jogo. Para já ainda não se encontra disponível à comunidade, apenas damos a garantia que está devidamente preservado (tal como alguns outros que ainda temos e que aguardam o momento certo para serem disponibilizados). 

De notar ainda que a nota que aqui damos refere-se à versão de 1987, seguramente que a versão de 1990 teria direito a uma nota superior, até porque será seguramente mais rápida (uma das lacunas desta versão).

3 comentários:

  1. Oh, pensei que era desta que iam partilhar o jogo!
    Esperemos que o momento certo esteja para breve.

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    1. Quando tivermos autorização, iremos fazer :)

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  2. Este jogo lembra-me a um dos primeiros que juguei na minha infancia: "El enigma de Aceps" (Amstrad). Éramos vários amigos a volta do computador a tentar descifrar o enigma... Maravilha! :)

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