A Lenda da Gávea, a par de Amazônia, é um dos mais prestigiados videojogos Brasileiros. Quando saiu, em 1987, originalmente programado para o TK90X e TK95, a comunidade desse país imediatamente se apaixonou pelo jogo. Nem podia ser doutra forma, pois a história tem como suporte a Pedra da Gávea, uma montanha monolítica localizada na Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, Brasil.
Esta montanha tem 842 metros de altitude, o que é impressionante, dado estar junto ao mar. Mas mais impressionante é a sua forma, fazendo lembrar uma cara. Isso resulta de um processo inteiramente natural de erosão o que, se formos a ver bem, não é assim tão incomum (no Vale Sagrado, no Peru, vimos outra com forma semelhante). No entanto, pelo local onde a Pedra da Gávea se encontra (um importante centro habitacional), facilmente entrou no imaginário do povo Brasileiro, inspirando as mais variadas teorias, mas sempre tendo o mistério e o misticismo como base.
Não iremos hoje fazer uma análise completa do jogo, isso ficará para outra altura em que estejamos mais criativos (um jogo como este merece que estejamos inspirados). Mas relativamente a Amazônia poderemos dizer que é bastante menos complexo, com menos quebra-cabeças, sendo portanto mais fácil de chegar ao fim (também não existem elementos aleatórios, como a onça). No entanto, tem outras vantagens, nomeadamente um modo de comando muito mais funcional (o parser usado é o GAC, não um criado de raiz como em Amazônia).
Os quebra-cabeças são também muito intuitivos, mas mesmo sendo a história substancialmente mais curta, ainda é preciso penar para se conseguir chegar ao fim e conseguir descobrir aquilo que se esconde na Pedra da Gávea. Além disso, tem um atractivo extra: as belíssimas imagens desenhadas por Luiz Fernandes de Moraes, o autor do jogo, que dão um colorido diferente a este desafio.
Relativamente a esta edição comemorativa dos 35 anos de A Lenda da Gávea, lançada pela Bitnamic Software (Teknamic Software em Portugal), embora o desenrolar da história seja igual, tudo o resto tem diferenças substanciais, o que se nota logo que é carregado o menu inicial. Assim, ao invés de irmos directamente para a aventura, é apresentado um menu com cinco opções.
A primeira delas apresenta a História de A Lenda da Gávea, fazendo o enquadramento para os exploradores que ousem aventurar-se por aqui. Ficamos assim a perceber porque determinadas coisas acontecem ao longo da narrativa e, em especial, aquilo que vão descobrir quando terminarem a aventura. Se tiverem competência para tal, claro.
A segunda opção é um registo bastante intimista do próprio autor da aventura, que nos desvenda um pouco Sobre o processo criativo que levou à concepção do jogo. Ficamos assim a conhecer um pouco mais da vida de Luiz Fernandes de Moraes, alpinista nato, algo que é muito raro acontecer em jogos do ZX Spectrum.
Segue-se a parte do beta tester da aventura, o bem conhecido Robson Rangel (que num registo pessoal, comigo saudavelmente compete em inúmeros jogos para ver quem obtém a melhor pontuação). Apresenta assim algumas Dicas bastante úteis, fundamental para não cairmos nas muitas armadilhas que o jogo apresenta.
E claro, também os Créditos são devidamente apresentados. Ficamos então a saber que a música, inexistente na versão original, é obra de Pedro Pimenta, e que o próprio Filipe Veiga deu algum apoio ao nível da programação. Não é assim de estranhar que tenhamos este menu inicial com estas belíssimas opções que fomos descrevendo, assim como graficamente a própria aventura se encontra agora com melhor aspecto (a nova letra a isso ajuda). Todo o pacote modernizado, constituindo uma lufada de ar fresco para este excelente jogo de 1987, que merece ser redescoberto.
Mas ainda existe uma última opção. Esta é Jogar, que é aquilo que irão fazer sem parar, pelo menos até resolverem o mistério da Pedra da Gávea... Para isso aguardem por amanhã, pois iremos dar mais notícias sobre como poderão obter esta aventura.
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