Nome: Space 1999: The Invasion
Editora: NA
Autor: Luís Peres
Ano de lançamento: 1990 / 2023
Género: Aventura de texto
Teclas: NA
Joystick: NA
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1
Link para descarga: Em breve
Ainda antes de falar deste jogo desconhecido da comunidade, vou desvendar um pouco a sua génese (e perdoem-me por desta vez falar na primeira pessoa).
Assim, tudo começou quando o Luís Peres solicitou num fórum do Facebook, há bastante tempo, ajuda para recuperar o material que estava numa antiga cassete do ZX Spectrum e que supostamente teria um jogo da sua autoria, o Espaço 1999. Uns anos depois, quase que por acaso, vi a mensagem e prontifiquei-me a entrar em contactos com o Luís, que ainda por cima era uma pessoa bem conhecida na comunidade dos videojogos, fruto da sua participação em Gambys e relações com o núcleo de Portimão (Marco & Tito), mas também um ilustre ilustrador (passe a expressão), com trabalhos simplesmente magníficos, a fazerem as delícias de toda a criançada.
Recebi a cassete no correio e vou ser sincero, esta encontrava-se num estado lastimoso, inclusive estando a fita "mastigada" em alguns pontos. Passei horas a alisar a fita da cassete à mão (não era possível usar-se luvas para este trabalho), correndo o risco de partir a fita ou apagar a gravação. Mas não havia alternativa, pois era impossível fazer-se uma leitura da cassete nas condições em que esta chegou, com várias partes da gravação mudas (felizmente não apagadas). Perdido por um, perdido por mil, como diz o ditado...
Depois da fita toda alisada, veio o segundo processo moroso: conseguir uma leitura suficientemente boa para se conseguir recuperar os dados. Felizmente que leitores de cassetes é o que não falta aqui por casa e lá consegui ter uma leitura minimamente funcional através de um leitor mítico e muito fiável, o Timex 2020. Permitiu-me assim recuperar aquilo que se encontrava no lado A.
Vem então o primeiro momento de desilusão: não era um jogo completo, apenas um bloco de dados. Ao falar com o Luís, percebi então que o jogo tinha sido desenvolvido no GAC e com esse programa experimentei a abrir o bloco de dados. Maravilha, funcionou, e consegui ter acesso a Space 1999: The Invasion.
Segundo momento de desilusão: começo a jogar e percebo que o jogo fica encravado num certo ponto, pois o comando "down" não funciona em certo local. Ao analisarmos os dados, percebemos então que não estávamos perante a versão final do jogo (infelizmente o ecrã de carregamento e o ecrã final original desapareceram para sempre), mas uma versão muito próxima do que seria a final.
Passo seguinte: ler o manual do GAC, um programa cujo original até tenho aqui por casa. Assim, com a ajuda do Luís, mapeei o jogo, corrigi uma série de erros, tornando-o jogável e completável. Por sua vez, o Luís refez o ecrã de carregamento e mais algumas melhorias, e podemos assim apresentar o jogo à comunidade, mais de 30 anos depois de ter sido desenvolvido (o Luís era um jovem na altura e este foi o seu penúltimo jogo).
Ainda antes de falar do jogo em si, vou referir o que encontrei no lado B. Uma outra aventura do Luís, The Shatered World, com um aspecto fabuloso, a avaliar pelos ecrãs que consegui ver (cerca de uma dezena), mas num estado muito mais provisório que o Space 1999. Infelizmente a versão final desse jogo, que foi o último que fez na altura, juntamente com cerca de uma dezena de aventuras criadas pelo Luís com o GAC, foram há muito para o lixo. A boa notícia é que Luís está de volta e, quem sabe, irá agora recriar aquilo que se perdeu. Mas isso será contado numa próxima ocasião (aguardem por novidades).
Mas vamos lá ver então do que trata Space 1999: The Invasion. O título diz tudo, remetendo-nos para a famosa série Espaço 1999, que passou na TV Portuguesa em finais dos anos 70, por volta de 83 e, mais tarde, esporadicamente em finais dos anos 80. E tudo começa na base lunar Alpha, sendo assim fiel à série original. Está em curso uma invasão alienígena, cujos monstruosos e letais seres ocuparam boa parte da base. A maior parte da tripulação está ocupada a combater os invasores, cabendo a nós salvar a humanidade.
O jogo é bastante extenso, com cerca de seis dezenas de locais divididos entre os três níveis da base, as cavernas e até a própria superfície lunar (terão que descobrir a forma de lá chegar, o que implica realizar várias acções prévias).
Existem também perto de duas dezenas de objectos e praticamente todos têm a sua utilidade. Não existindo o comando "drop", o nosso conselho é que recolham tudo o que encontrarem, pois não existe limite de peso para aquilo que carregam. A finalidade de cada objecto é bastante intuitiva, pelo que rapidamente se aperceberão onde (ou como) os usarem. Menos fácil será perceber como poderemos usar os elementos da tripulação em nosso favor. Alguns deles são fulcrais para podermos avançar em alguns pontos da aventura, seja para desbloquear uma porta que parece estar bloqueada por um objecto metálico, seja para eliminar determinado alien mais teimoso.
Fulcral é também mapear-se a base. Nem todos os locais têm uma imagem associada (por razões de memória), em especial os corredores, pelo que facilmente nos podemos perder ou entrar em algum local no qual somos imediatamente mortos.
O principal problema do jogo foi a falta de memória. Com tanto local e gráfico, com tanta acção para se realizar, a capacidade disponível que é libertada pelo GAC rapidamente foi preenchida. Seguramente haveria alguns pontos de melhoria, nomeadamente ao nível da descrição dos locais ou dos próprios comandos, no entanto, já não seria possível introduzir mais textos ou gráficos. Além disso, a aventura não termina por aqui, como terão oportunidade de ver se chegarem ao fim. Mas até lá, muitas horas vão necessitar para deslindar todos os quebra-cabeças imaginados pelo Luís Peres.
Quanto à classificação final, esta não existe, à semelhança do que fazemos em jogos nos quais estamos directamente envolvidos. Limitamo-nos a dizer que o jogo é bastante bom.
Vamos agora torcer para que 2024 seja um ano memorável em termos de aventuras criadas com o GAC. Até lá, aguardem uns dias até o jogo ficar disponível, mas não deixem de o experimentar e comentar as vossas impressões sobre Space 1999. Pode ser que calhem mais prendas no sapatinho até às 12 badaladas de 31 de Dezembro...
It looks stunning.
ResponderEliminarsoon... And many more to come the next few weeks... :)
EliminarFantástico!
ResponderEliminarObrigado. E isto é apenas uma pequena amostra do que ai vem :)
EliminarBrutal!
ResponderEliminardia 22 / 23 sai
EliminarGostei da história.... 😀
ResponderEliminarIncrível como ainda se fazem descobertas destas hoje em dia!
ResponderEliminarAs imagens do jogo deixam bem claro que o ambiente da série está presente.
Parece-me mesmo muito interessante.
Ora, uma boa idea e bem executada resulta em material de qualidade. Não teria havido algum 'publisher' com interesse nisto? Bem, se calhar tocava nos direitos da série e isso seria um problema.
problema.
Na altura não houve interesse, mas haveria sempre o problema dos direitos de autor. No entanto, nos próximos a coisa será diferente. Muitas novidades até final do ano. E depois também... ;)
EliminarFabuloso ! Obrigado ao Luis Peres por imaginar e fazer esse jogo e por você por gastar tempo e esforço em nos brindar com uma perola que estava perdida !
ResponderEliminaré sempre um prazer :)
Eliminarobrigado por isto, adoro o espaço 1999
ResponderEliminarFoi um prazer fazer mais esta preservação. Mas verdade seja dita, nunca tive uma que me desse tanto trabalho. Valeu muito a pena :)
EliminarExiste alguma lista com os comandos que se podem usar no jogo?
ResponderEliminarAli em cima no texto pode ler-se:
ResponderEliminar"Depois da fita toda alisada, veio o segundo processo moroso: conseguir uma leitura suficientemente boa para se conseguir recuperar os dados. Felizmente que leitores de cassetes é o que não falta aqui por casa e lá consegui ter uma leitura minimamente funcional através de um leitor mítico e muito fiável, o Timex 2020. Permitiu-me assim recuperar aquilo que se encontrava no lado A. "
Nunca pensaram fazer um artigo, de acordo com a vossa experiência, dos melhores e piores leitores/gravadores de k7 para o Zx spectrum/Timex computer?
Era capaz de ser muito interessante e poderia servir de guia para os modelos que ainda se vão encontrando cá por terras lusas em 2ª mão.
é uma ideia realmente engraçada. No entanto só tenho acesso a cerca de uma dezena. Por vezes o segredo é ir mudando de leitor de cassetes, pois aquilo que não dá com um, pode dar com outro. E provavelmente, o mesmo modelo até poderá dar resultados diferentes. Tem a ver com a posição da cabeça de leitura.
EliminarA vantagem do leitor da Timex é que é muito sólido e compacto, mesmo após milhares de passagens com cassetes, a cabeça não se desloca um milímetro. Também tenho um cuidado especial com esse gravador e não afino o azimute, por exemplo, pois isso vai sempre deteriorando os mecanismos (já tive que voltar a soldar as cabeças em um ou dois casos, devido a muito desgaste).